Reflexões Bíblicas

A família teológica: ouvir e praticar (Chico Machado) se

Terça feira da 25ª Semana do Tempo Comum. Entramos na última semana do mês da Bíblia. Lembrando que para este mês, foi proposto pela Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, a Carta aos Romanos, com o lema “A esperança não decepciona”. (Rm 5,5) Quem ainda não teve acesso a esta carta do apóstolo Paulo, tem ainda sete dias para aprofundar a sua reflexão, com os 16 capítulos e um total de 433 versículos. A carta aos Romanos tem a finalidade de apresentar os temas teológicos tratados, e o debate com o judaísmo, cuja preocupação de Paulo, de maneira serena e aprofundada, está em corrigir falsas interpretações a respeito de sua pregação entre os pagãos. Paulo quer mostrar aos judeu-cristãos de Roma e a nós, que nenhuma lei pode salvar, por melhor que seja, nem mesmo a judaica, pois não consegue destruir o pecado. Somente a fé que temos em Jesus é que nos insere no âmbito da graça e nos possibilita construir, no Espírito, a humanidade nova.

23 de setembro. Uma data especial para a comunidade surda. É que na data de hoje, comemoramos o Dia Internacional das Línguas de Sinais. Coube a Assembleia Geral das Nações Unidas, declarar o dia 23 de setembro como o Dia Internacional das Línguas de Sinais. Comemorada pela primeira vez em 2018, esta é uma homenagem ao dia em que a Federação Mundial dos Surdos foi criada em 1951. Esse dia é um marco para a representatividade e a inclusão da comunidade surda. Dados do Censo de 2022 apontam para 14,4 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, sendo que o IBGE indica que mais de 10 milhões de pessoas no Brasil possuem algum grau de surdez ou deficiência auditiva. Já o Relatório Mundial da Audição de 2021 estima que 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com alguma forma de deficiência auditiva. Como nos alertou o psicólogo Bielorrusso Vygotsky (1896-1934) “Não é a surdez que define o destino das pessoas, mas o resultado do olhar da sociedade sobre a surdez”.

Uma terça feira em que somos desafiados a refletir sobre a nossa família. Família é tudo! Somos o que somos e quem somos, graças a uma família que nos acolheu e nos forjou, fazendo de nós aquilo que somos. O laço familiar corre no sangue de nossas veias. Dificilmente alguém alcançaria a sua maturidade, sem ter antes passado por estes laços que entrecruzam a nossa existência. Temos mais dos nossos pais em nós, do que podemos imaginar. A importância da família é tão grande que o seu papel é fundamental como um alicerce para o desenvolvimento humano e o bem-estar das pessoas, fornecendo segurança emocional e social, transmitindo valores, garantindo o desenvolvimento de habilidades, atuando como um núcleo de apoio e cuidado ao longo da vida inteira. O berço familiar é tão importante que a Madre Teresa de Calcutá afirmou acertadamente: “O caminho para curar o mundo começa em sua própria família”. Ou como bem definiu o Papa Francisco: “A família é o lugar do encontro, da partilha, da saída de si mesmo para acolher o outro e estar junto dele. É o primeiro lugar onde se aprende a amar”.

Jesus também teve a sua família. É sobre esta família de Jesus que o texto do Evangelho de Lucas nos chama a refletir no dia de hoje. Aliás, os textos dos evangelhos nos apresentam de forma muito clara a árvore genealógica de Jesus. A genealogia de Jesus é apresentada no Novo Testamento, principalmente nos Evangelhos de Mateus e Lucas, que o ligam a Abraão e ao rei Davi, confirmando-o como o Messias esperado. Mateus, por sua vez, traça a linhagem através de José, o marido de Maria, enquanto Lucas traça a linhagem de Maria (ou através de José como genro de Heli). As duas genealogias são diferentes, mas ambas servem ao propósito teológico de demonstrar que Jesus é o descendente humano legítimo dos patriarcas judeus e o Messias prometido, anunciado pelos profetas.

Mais do que uma amostragem da linhagem sanguínea de Jesus, Lucas apresenta no texto de hoje uma linhagem teológica, já que para Jesus, o que mais importa é a escuta e a prática da Palavra, que criam e definem o verdadeiro sentido de família d’Ele: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”. (Lc 8,21) Se bem entendido, não basta ouvir a Palavra, mas o complemento desta audição se faz com a prática concreta dela no dia a dia. Em outro momento de seu evangelho, Lucas capta para nós uma fala de Jesus acerca de sua família em relação à Palavra: “Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram. Jesus respondeu: Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. (Lc 11,28) Teologicamente, a família de Jesus é formada por aqueles e aquelas que são capazes de dar vida à Palavra de Deus em suas vidas. Com a sua vinda até nós, Jesus inaugura novas relações entre as pessoas, que começam a existir quando colocamos em prática a palavra do Evangelho, dando continuidade a mesma missão d’Ele.

Luiz Cassio

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