Categories: Reflexões Bíblicas

A generosidade na gratidão (Chico Machado)

Quarta feira da 32ª Semana do Tempo Comum. Estamos caminhando para fechar a primeira quinzena do mês de novembro. O dia 13 de novembro é um dia especial para a nossa convivência humana. Na data de hoje, celebramos o Dia Mundial da Gentileza. Esta comemoração surge para repensarmos o nosso ser neste mundo, onde possamos valorizar a bondade e a gentileza. O objetivo primeiro desta comemoração é relembrar os valores básicos entre as pessoas, tais como o respeito, a bondade, as boas maneiras, a cortesia, a civilidade, enfim, a educação para com todas as pessoas que encontrarmos no nosso itinerário cotidiano. Lembrando que “Gentileza gera gentileza!” É através da gentileza que expressamos quem somos em nosso interior.

“A vida inteira precisamos de graça e gentileza”, dizia a seu tempo o Filósofo Ateniense Platão. Nada como começar o dia agradecendo a Deus pelo simples fato de estarmos vivos. Pelo ar que respiramos, pelas pessoas que encontramos. A dádiva maior da vida que nos foi dada pelo Criador, que nos fez a sua imagem e semelhança. A gentileza e a gratidão, fazem parte da essência do ser humano, muito embora alguns de nós as escondem, por detrás de suas autossuficiências. Ser quem somos, já é uma grande graça que nos foi dada pelo nosso Ser Supremo, que nos criou. A cada dia que amanhece é uma nova chance que nos é dada para recomeçar de forma diferente. Somos nós que fazemos as nossas escolhas. Que a sua escolha seja pela generosidade na gratidão.

Nesta manhã de pouco sol, propensa a chuva, fiz unidade com as centenas de seres da natureza, que vieram degustar livremente das mangas, jacas e jabuticabas de meu quintal. Vieram da reserva que fica bem aos fundos do cantinho que escolhi para viver, as margens do Araguaia. Rezei agradecido a Deus por cada um daqueles meus anfitriões, que aqui encontram espaço para compartilhar das belezuras que a natureza produz. Sendo também um Francisco, em situações como estas, deixo-me invadir pelo carisma franciscano que veio de Assis. Como os “meus amigos” sabem que aqui eles têm transito livre, não se sentem incomodados com a minha presença, e se achegam confiantemente. Sou eternamente grato a Deus pela confiança deles.

Gratidão que também está presente na cena que o Evangelho de Lucas nos traz para o dia de hoje. Jesus passando pela Samaria e pela Galileia. Samaria era o caminho natural entre a Galileia e a Judeia, mas devido ao preconceito, os judeus costumavam evitar a região, mesmo tendo que percorrer um caminho mais longo atravessando Decápolis. Já a Galileia foi onde Jesus cresceu (Nazaré, Cafarnaum, Mar da Galileia). Era conhecida como “Galileia dos gentios”, pela proximidade com outras culturas. Lucas descreve Jesus passando exatamente na fronteira religiosa de Israel. De um lado a Galileia, de outro Samaria. Naquele contexto, dez leprosos se aproximam de Jesus, implorando pela cura. Deixando de lado o preconceito, em relação aos que tinham aquele tipo de doença, Jesus oferece a purificação a todos e os envia a mostrarem-se ao sacerdote.

Ambos os dez leprosos foram curados, entretanto, no meio do caminho, ao perceber sua cura, apenas um dos dez voltou-se dando glória a Deus e, com o rosto em terra, lança-se aos pés de Jesus agradecendo-lhe pela cura. Este homem era exatamente um samaritano. Lembrando que os samaritanos eram um povo considerado impuro pelos judeus. A frase lapidar dita por Jesus resume todo aquele contexto: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”. (Lc 17,19) A fé daquele samaritano, excluído e marginalizado, o fez ser sensível e generoso na sua gratidão. Voltou e soube ser grato pelo dom da vida retomado, com a saúde devolvida. A generosidade do samaritano se fez na gratidão. Quantos de nós sabemos ser assim, diante de tantas benesses que Deus nos proporciona ao longo da vida?

É a fé amadurecida no sofrimento. A fé de quem não se entrega diante dos desafios que a vida lhes reserva. Fé que se faz madura na caminhada de quem sempre acredita que algo novo vai surgir, e a vida vai florir! Como Santo Agostinho mesmo costumava dizer para os seus: “Ter fé é acreditar naquilo que você não vê; a recompensa por essa fé é ver aquilo em que você acredita”. A fé do samaritano é uma fé madura. Ela nasce da esperança, cresce na obediência à palavra de Jesus e se manifesta na gratidão. Aquele homem não somente recebe a cura de Jesus, mas é salvo. Sua vida chega à plenitude, ao reconhecer que em Jesus o amor de Deus leva as pessoas a viverem na alegria da gratidão. A vida que Deus dá em Jesus de Nazaré é gratuita e é graça, dom total de Deus. Bom mesmo é saber que não é a alegria que nos torna gratos, é a gratidão que nos deixa alegres.

Luiz Cassio

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