Categories: Reflexões Bíblicas

A PONTE DO CAMALEÃO SOBRE O RIO MINDU, NOS PÕE A PENSAR. por Nelson Peixoto.

NELSON PEIXOTO. É Diretor de Liturgia da UNESER.

As águas do Mindu cruzam ruas e avenidas, vindas de longe , carregando odores, flores e folhas. Outrora limpo, hoje, sujo, mal olhado e desprezado.
Quase todos os dias vou até a ponte, caminhando, para mais uma vez, olhar a corredeira lenta e saudar um amigo camaleão cristal e arrepiado.
Se passar criança com o pai e a mãe, chamo atenção para o bicho, comendo folhas, pegando sol ou se preparando para dormir. Com certeza, tem nas margens uma família que é dele.
Eu dei o nome para esse ponto de encontro: Ponte do Camaleão. Pode ser iguana, disse-me um refugiado venezuelano que mora na Vila Amazônia.
Fiz da ponte , um lugar para saudar as pessoas. É passagem obrigatória de trabalhadores e trabalhadoras de comércio, de clínicas, restaurantes e condomínios do Bairro do Vieiralves. Fácil acesso do ir e vir ao Plazza Shopping, onde muitos do bairro vão fazer compras sem precisar de transporte.
Alguns transeuntes da ponte estão se tornando conhecidos por mim, com os quais converso e mostro o igarapé (rio).
Passagem transitada por tanta gente que me faz refletir a necessidade das pontes que precisamos construir para ligar os corações, antes de impor os pensamentos para o discurso único e totalitário, impositivo e ideologizado pela busca cega da segurança ou movido pelo ressentimento.
Pontes que apontem e abram trilhas para seguir com justiça social, igualdade de oportunidades, práticas de tolerância e compaixão.
Jogar nas águas os detritos da alma, nas formas de indiferença, preconceitos, desprezos, mentiras e prepotências.
O mergulho nessas águas recordam o Rio Jordão e os clamores de João Batista. “Preparai novos caminhos para o Senhor”.
Buscar a limpidez das águas, ir à fonte originária, despoluir da prática cristã as desavenças do domínio da razão sobre a fé e do EU centrado no desejo de vencer sobre os outros, a todo custo.
Sobre a ponte passamos de mãos unidas, ligando as margens que,  apesar de diferentes, da esquerda e da direita, são banhadas pelo mesmo rio. Por cima , vem a chuva que nos lava, por baixo , correm as águas, levando as mágoas.
O amigo camaleão testemunha o abraço que acontece ligando as diferenças por um mundo de Paz e Fratenidade.

E um amigo, padre Martin Laumann, escreve no seu comentário diário sobre o Evangelho de Jesus:
“Vida da gente, coração da gente, cabeça da gente é como água de rio;  nunca é a mesma nem igual.”
Mas podemos ser UNIDOS no amor de Jesus e nos abraçar.

coneki

Recent Posts

A morte como sinal de esperança (Chico Machado)

31º Domingo do Tempo Comum. Dia de celebrar os “Fieis Defuntos” e, por este motivo,…

19 horas ago

SALINEIRO DO SOL BRILHANTE FOI DESEMPREGADO PELAS MÁQUINAS E EXPLORADO ATÉ IR AO SINDICATO (NELSON PEIXOTO)

SALINEIRO DO SOL BRILHANTE FOI DESEMPREGADO PELAS MÁQUINAS E EXPLORADO ATÉ IR AO SINDICATO Havia…

3 dias ago

PROFESSOR EM CASAS DE IDOSOS – ESQUECIDOS E POBRES SEM NOME? (NELSON PEIXOTO)

PROFESSOR EM CASAS DE IDOSOS - ESQUECIDOS E POBRES SEM NOME?   No último dia…

3 dias ago

EXPERIÊNCIAS DA MORTE CHEGAM COMO ONDAS DE CLARÃO QUE DÃO SENTIDO DE FÉ E DE VIDA ETERNA (NELSON PEIXOTO)

EXPERIÊNCIAS DA MORTE CHEGAM COMO ONDAS DE CLARÃO QUE DÃO SENTIDO DE FÉ E DE…

3 dias ago

“PESQUISA APROVA CHACINA NO RIO DE JANEIRO” 31/10/2025 (THOZZI)

A mais recente chacina ocorrida dia 28 no Rio de Janeiro é aprovada ,em pesquisa,…

3 dias ago