Reflexões Bíblicas

Amar ou condenar (Chico Machado)

Quarta feira da Segunda Semana da Páscoa. O clima está mesmo mudado. Estamos vivendo os dias mais quentes da história. A cada dia que passa o calor bate novos recordes. A chuva deu uma trégua, o que faz os dias ficarem insuportáveis. As mudanças climáticas tem tudo a ver com as agressões diuturnas que fazemos sistematicamente ao Meio Ambiente. A Quaresma já passou, mas a urgência de nossa conversão, ainda não. Converter-nos à Ecologia Integral, continua como projeto de vida, para que assim possamos cuidar melhor de nossa Casa Comum. É preciso dar um fim ao nosso “Pecado Ecológico”, se quisermos viver dias mais felizes daqui para frente. O Planeta grita por socorro; estamos escutando?

O mês de abril vai virando a esquina. Daqui a pouco entregará a batuta ao mês cinco, que inicia pensando na classe trabalhadora. Neste 120º dia de nosso Calendário Gregoriano, estamos às vésperas de entrar num dos meses mais significativos de nosso calendário, por nos trazer as datas ligadas à cultura popular, às profissões, à família, à educação: 1º de maio, Dia Mundial do Trabalho; segundo domingo de maio, Dia das Mães; Dia Internacional da Família, em 15 de maio, e o Dia Nacional da Adoção, em 25 de maio. É neste mês também que, graças a minha saudosa mãezinha, este mineiro aqui veio ao mundo. Já se vão 6.8 de quilometragem percorrida, com a graça de Deus. A estrada é longa, mas não estamos sozinhos nela.

O Período Litúrgico Pascal segue adiante, atravessando o mês das nossas progenitoras. Até chegarmos à Pentecostes (8 de junho), teremos muito chão pela frente. Oportunidade para conhecer melhor a revelação do Cristo Ressuscitado, valorizar a vida e encarar a morte de frente, sabendo que ela não é o final de tudo, mas a porta que se abre para a felicidade plena, como bem inicia o texto do Evangelho de João, proposto para esta quarta feira: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3,16) Deus não somente nos cria para a vida em plenitude, mas também envia o seu Filho muito amado, para nos ajudar a alcançar esta felicidade plena: “Eu vim para que todos tenham vida, e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10) Em Jesus, está a plenitude da vida. Nele, o Verbo, a Palavra Encarnada, a esperança se renova, a salvação se faz concreta para os que n’Ele depositam sua confiança.

Deus não tem prazer algum em condenar quem quer que seja: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. (Jo 13,17) Esta é uma das afirmações teológicas mais significativas do projeto libertador de Deus. Quem condena somos nós. Quem condena é a Igreja que, num dado momento da história, “pregou” equivocadamente a “religião do medo”, como forma de assustar os fieis e atrair pessoas para o seu universo eclesial, através da “teologia do medo”, da “prosperidade”, carregadas de infernos, purgatórios, demônios e diabos mil, amedrontando as pessoas, e esquecendo-se do Deus da amorosidade, da ternura, da compaixão e da misericórdia infinita e gratuita.

Deus é amor! Deus é perdão! Deus é misericórdia! Deus é compaixão: “Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele”. (1 Jo 4,16) Estas palavras refletem o que o próprio Senhor nos propõe. Ele nos amou primeiro. A força teológica do amor está presente nas Palavras de Jesus/Deus. Tais palavras refletem o que o próprio Senhor nos propõe: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros” (Jo 13,34)

A visão teológica de João é diferente da narrativa de Mateus e Marcos, que assim se referem a este mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39), (Mc 12,31) Para João, a forma de amar ao outro não é parti do amar a si mesmo, mas amar como Deus nos ama. Todavia, tanto nos evangelhos sinóticos, quanto na perícope joanina de hoje, o dinamismo da vida é o amor que tece relações entre as pessoas, levando todas elas aos encontros, confrontos, conflitos e desafios, que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus. Em síntese, Deus não quer que as pessoas se percam (principalmente dentro das religiões), nem sente prazer em condenar. Ele manifesta todo o seu amor através de Jesus, para salvar e dar a vida a todos e todas. Para tanto, é necessário tomar a decisão pela adesão ao seu projeto de amor. A opção fundamental que nos resta é aceitar ou rejeitar o amor do Pai amoroso, que se revelou em Jesus de Nazaré. Este amor não julga o mundo: salva e liberta. Amar sem condenar.

Luiz Cassio

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