Era julho. 1957… (THOZZI)

Era julho. 1957…
Fazia um frio de cortar!
Férias escolares.
Um tempo em que julho inteiro era de férias!
Um parque de diversões se instalou no largo do Rosário.
Fui pedir 20 cruzeiros à mãe… não tenho, disse!
20 cruzeiros pagavam dois brinquedos: Roda gigante e
Trem fantasma.
Um hot dog e uma crush…
Não tenho…
Contei pro meu confidente, o Nori.
” amanhã é terça feira, tem feira na rua Matusalem Matoso,a gente carrega as sacolas das madames e ganha um dinheiro…”
Muito frio…não contei pra mãe…
Ela saia cedo para o trabalho.
Pulei da cama.
Antes das sete o Nori me chamou.
Ele descalço, sem agasalho, eu tambem…
Ajudamos a montar a barraca de pastéis.
“No final da feira a gente ganha pastel de vento!”
Eu não sabia o que era.
Mas ,pensei, deve ser bom!
Um carrinho, dois carrinhos, não sei quantos…
Mulherada sovina…
Moedas…eu precisava de 20 cruzeiros…
A fome batia feio…
Uma senhora me achou pálido: me deu uma banana.
Dois cruzeiros! Uma nota!
Outra me deu metade do pastel que a filha não quis.
Aliviou me a fome…
Meio copo de garapa: “Um vinho,”pra um sequioso
Outra nota…
Eu quis ir embora.
Nori não deixou:
” nós vamos ajudar o portuga desmontar a barraca, ele vai dar pastel de vento pra gente.”
Fiquei.
Lá pelas catorze ajudamos o portuga desmontar a barraca.
Ele pegou todos os retalhos jogou no óleo fervendo.
Fritou.
Pastel de vento…
Retalhos sem recheio!
Dividiu em dois saquinhos.
Comi um pedaço.
Queimei a língua…
Dei tudo pro Nori…
Provavelmente o almoço dos irmãos…
Cheguei em casa morto de cansaço…
Minha irmã mais velha nervosa à minha procura!
Ah! Contei notas e moedas.
Era um menino rico…
Ansioso pelo sábado…
Mas essa é outra história!
Boa tarde/ noite gente amiga querida, que as bênçãos sejam abundantes e permanentes pra todos nós.