Sexta feira da Quarta Semana da Páscoa. A primeira quinzena do mês de maio está fechando em clima de outono. O vento mais forte, se encarregando de despir as árvores de suas folhagens, enquanto lá no céu, a Lua, na sua fase Cheia, provoca noites radiantes, com seus raios luminosos sobre as águas do Araguaia. Devagar, o calor do verão vai ficando para trás, para a alegria dos amantes de uma noite bem dormida como eu.

Sigo ainda me recuperando da cirurgia de catarata que fiz no olho esquerdo. A vista segue embaralhada, afinal, hoje se completam sete dias da sua realização. Como o desejo de rabiscar é mais forte, pois faz parte de meu ser, enquanto ser, ele insiste em querer se fazer presente na minha rotina, que até sonhei praticando este ofício. Já não sei ser, sem meus rabiscos diários, com os quais me achego aos amigos e amigas mais distantes. Sem eles, eu não sou.

O Tempo Litúrgico é pascal. Seguimos refletindo com o Evangelho Joanino. João é dos evangelistas aquele que mais utiliza das palavras de Jesus para definir a si mesmo e sua atividade messiânica, no meio do discipulado. Hoje estamos diante de mais uma destas definições do Mestre, concluindo assim o texto que a liturgia nos reservou para este dia: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. (Jo 14,6) Uma síntese cristológica magnífica.

“Eu Sou Aquele que Sou” (Ex 3,14). Podemos associar esta afirmação de Jesus com o texto do Êxodo acima, em que Deus manifesta-se à Moisés, para que este, assim o apresentasse aos seus liderados. Deus é! Deus sempre foi! Jesus é e sempre será, um com e como Deus! A sintonia perfeita entre Pai e Filho, se fazendo onisciência na presença humana de todos nós. Ele é Aquele que nos leva à Deus. Jesus é o caminho mais curto que nos faz chegar à presença divina, do Deus onipotente e bom Senhor, abrindo espaços de esperança e vida fraterna.

A tríade, Caminho, Verdade e Vida, se fazendo em sintonia com a Trindade Santa: Pai, Filho e Espírito Santo. Quando conhecemos mais de perto este Jesus, irmanamos-nos em família, cuja sintonia maior está no Pai que tudo comanda, não como um Deus nas alturas, mas como um Ser encarnado na realidade humana, na pessoa do Filho, que se fez um de nós, como Deus conosco. Se assim o conhecermos, não o modelamos aos nossos caprichos e anseios de fé, mas nos jogamos dentro de seu projeto de amor incondicional e gratuito, afinal como Jesus mesmo disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. (Jo 6,2) Faremos Nele, nossa morada.

O sentido da vida, dos que crêem e seguem a Jesus, está na fidelidade à sua Palavra e no testemunho do Ressuscitado, realizado nas ações cotidianas, marcadas pela amorosidade, solidariedade e compaixão. Escolher Jesus como possível caminho de seguimento é escolher o caminho da vida. Quem conhece a Jesus, conhece também o caminho para o Pai, porque é Ele o caminho. É tudo o que precisamos para construir entre nós uma vida mais humana e fraterna, porque o Pai está em Jesus para salvação de todos nós.

Luiz Cassio

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