O grupo de idosos alegres sentavam-se para conversar à sombra de um pé de cedro gigante. Já tinha passado o tempo de floração, e as sementes começavam a espocar e a cair no chão. Combinaram que cada um ia plantar sua semente num copo descartável com a primeira terra preta que encontrassem, mesmo se perto do lixo jogado e esquecido nas esquinas das ruas ou nas beiradas dos igarapés. Cada um daria um nome quando a semente mostrasse seu broto. Um disse que se chamaria Cidreira. O outro disse que o dele seria batizado como Cedrinho. E assim, cada um se retirou para cumprir a tarefa. Passadas duas semanas, voltaram a se reunir, trazendo seus brotos das sementes plantadas.
Aconteceu que, o idoso mais cansado dos anos, de tanto viajar pelos rios, como mascate ou regatão, tropeçou numa pedra e caiu na poça de lama, derrubando seu copo com o broto de cedro que, coincidentemente, se chamava de Caidinho. Ele caiu de nádegas e não conseguiu se levantar, gritando de dor. Os passantes prestaram socorro e o levaram para o Pronto Socorro.
Após o raio X, foi confirmada fratura na bacia. Uma tristeza sem fim abateu a todos que o acompanhavam. Fim do projeto da plantação de cedro e da confecção de banquinhos! E agora? A solução já era uma prática dos libaneses, chamados de turcos que migraram para o Brasil, chegando não poucos, na Amazônia, a partir de 1885 (Jornal do Comércio, 16 de fevereiro de 2024). Não trabalharam como seringueiro, mas como mascates.
Meses mais tarde, um deles despertou-se para a realidade da idade que todos tinham. Seria impossível estar vivo para reeditar os tempos novos sem violência e discriminação. Outro idoso, que era muito católico e sabedor da Bíblia, lembrou-se do Cedro do Líbano que seu avô contava, um libanês morador da vizinhança da Igreja de N. Sra. dos Remédios. Este romanceava que o Cedro do Líbano tinha um significado de grandiosidade e de bênçãos divinas, mas sem esquecer das guerras do passado do seu país de origem. Ele nem sabia que o Israel atual comete o genocídio dos Palestinos, já tinha bombardeado o Líbano, em 2024.
Você sabia que a Praça da Igreja dos Remédios tornara-se um pequeno Líbano, local de intensa atividade comercial, tendo como parceiros os sírios, ambos dedicados ao comércio, iniciando suas carreiras como mascates? À medida que iam acumulando alguma poupança, passavam a vender produtos mais valorizados e a aprimorar seu negócio, até conseguir abrir sua própria casa comercial, assim validando a saida de Beirute, afastando-se das guerras civis, sejam por motivos religiosos ou políticos. O Brasil foi o sonho que deu certo!
A Praça dos Remédios, habitada e cuidada por migrantes libaneses do passado, hoje, se tornou depósito humano de migrantes latino-americanos, advindos da pobreza no mundo e dos conflitos políticos, inclusive por questões religiosas. A maior xenofobia é contra os venezuelanos.
A igreja de Nossa Senhora dos Remédios, com o apoio da sociedade civil e a Pastoral dos Migrantes, tornou-se uma UTI de Cuidados, com alimentação e cursos de capacitação, que cumpre o Evangelho, na construção do Reino de Justiça para todos, de acordo com a Doutrina Social da Igreja.
Com muita alegria, constatamos que os idosos descendentes de sírios e libaneses, estão entre aqueles que investem na atenção aos excluídos alojados nos bancos e no chão, para assegurar seus direitos básicos, sonhando em reeditar o prazer de ir à Missa, de visitar, passear e fazer compras na Praça, que anos atrás era o paraíso vivenciado por todos, assim como o recanto jurídico dos estudantes da antiga Faculdade de Direito, que se situava ao lado da igreja.
Como clama o salmo 92:12-15: “O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na Casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes, para anunciarem que o SENHOR é reto; ele é a minha rocha, e nele não há injustiça”.
Nelson Peixoto, em 20 de setembro de 2025.
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