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O Defensor (Chico Machado)

Segunda feira da Sexta Semana da Páscoa. Estamos caminhando a passos largos rumo à Pentecostes. Trinta e sete dias já se passaram e apenas treze outros mais nos aportaremos em Pentecostes. Estamos vivenciando a festa litúrgica mais importante para a comunidade católica, a Páscoa, em que celebramos a Ressurreição de Jesus. O tempo pascal compreende os 50 dias entre o Domingo da Ressurreição até o Domingo de Pentecostes. Ali estaremos diante do “Defensor”: Espírito da promessa (Gl 3,14; Ef 1,13), Espírito de adopção (Rm 8,15: Gl 4,6), Espírito de Cristo (Rm 8,9), Espírito do Senhor (2 Cor 3,17). Espírito de Deus (Rm 8,9).

Enquanto lá não chegamos, vamos experimentando as intemperes de nossa história. Como não nos sensibilizarmos com a tragédia que se abateu sobre as populações do Sul do país? Centenas de famílias desabrigadas e que perderam tudo que haviam construído até aqui. Triste cenário, que choca os nossos olhos. A água brotando de todos os cantos e inundando tudo o que vê pela frente. Ainda bem que o nosso povo é generoso solidário, encampando várias campanhas de arrecadação de roupas e alimentos, para socorrer os desabrigados. De todos os cantos do país, surgem os corações solidários, as almas bondosas que, mesmo no sacrifício, são capazes de dar algo de si.

Até mesmo o mal falado, odiado e temido Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), já distribuiu cerca de 12 mil marmitas às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul e a voluntários que atuam nas cidades atingidas. Lembrando que as refeições são produzidas pela cozinha solidária do movimento, localizada na cidade de Encantado/RS. Por outro lado, não estamos sabendo ainda de nenhuma notícia de que o “Agro Pop e Tech”, com toda a sua farta riqueza, esteja sendo solidário as famílias desabrigadas. De saber que grande parte das mudanças climáticas, são decorrentes do desmatamento suicida dos vários biomas brasileiros, transformados em canteiros de soja a perder de vista.

Neste clima pascal, a caminho de Pentecostes, somos permanentemente convidados a buscar a nossa conversão. Mudar de pensamento, de atitude, assumindo o compromisso de gestos concretos, na luta pela vida. Só a luta a vida muda! E não estamos sozinhos nesta empreitada. Conosco vão todos aqueles e aquelas que fizeram a sua adesão ao Projeto Messiânico de Jesus, na defesa das Causas da vida. E o que é melhor, temos junto a nós o grande “Defensor” que, no dia hoje, Jesus está prometendo enviar aos seus discípulos: “Quando vier o Defensor que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim”. (Jo 15,26) O Espírito Santo fortalecerá a nossa caminhada e iluminará os nossos passos rumo às lutas que tivermos pela frente.

É bom que saibamos que a vida se faz na luta. Estar com Jesus é estar preparado para os embates na perseguição. Aliás, a perseguição é a primeira experiência de quem faz parte do grupo de Jesus. Assim como Ele, os discípulos também foram perseguidos pelos judeus, pela classe politica e religiosa no nascedouro do cristianismo. Ainda bem que Jesus não enganou nenhum deles, mas os advertiu para essas situações. O judaísmo se opôs a Jesus, assim como os que não suportam a verdade, oporão também aos cristãos, porque não são do mundo, porque são da turma de Jesus. Desta forma, o ódio do mundo e a perseguição dos seguidores de Jesus são inevitáveis. O grande desafio dos que seguem os mesmos passos de Jesus, é resistir à perseguição dos maldosos e daqueles que não toleram a verdade.

A vida cristã se constitui de tentações e de testemunho; tempo de luta e tempo de colaboração com o Espírito no testemunho do Senhor Ressuscitado. Assim como Jesus foi incompreendido e não aceito, os seus seguidores também o serão. Jesus foi perseguido, torturado e morto. Também os discípulos dele o foram. Entretanto, somos chamados a dar testemunho d’Ele, em sentido pleno, como o texto do Evangelho de João hoje nos provoca. Estar e caminhar com Jesus é estar preparado para a incompreensão e perseguição, por parte daqueles que vivem no obscurantismo. Dar testemunho d’Ele é ser marginalizado e até eliminado pelas forças da morte. Foi assim com Jesus e também com as primeiras comunidades cristãs. A história dos “Mártires da Caminhada” está aí para nos mostrar o quanto são odiados aqueles que se colocam do lado de Jesus, na pessoa dos irmãos que sofrem. O confronto é inevitável, porque o “mundo” não aceita o Deus de Jesus, que denuncia a perversidade da sociedade injusta e liberta o povo oprimido. Será que estamos dispostos a testemunhar Jesus com a nossa vida, até as últimas consequências? Que o “Defensor” nos una num só propósito!

Luiz Cassio

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