Nossas Artes

O PESCADOR IMBATÍVEL E SEU INESQUECÍVEL AMOR DE FILHO (NELSON PEIXOTO)

O CORAÇÃO DE MÃE NÃO PARA DE AMAR COMO DEUS QUE É MÃE E TAMBÉM PAI DE TODOS.

VAMOS CELEBRAR SEMPRE O DIA DAS MÃES E JAMAIS ABANDONÁ-LAS

No Amazonas, Brasil, há um povoado antigo que virou cidade com o nome de Silves, depois de muitas reviravoltas políticas e revoltas sangrentas entre colonizadores portugueses e os indígenas da região. Situa-se entre lagos fartos e de muita beleza. Os portugueses deram o nome de Silves como quem bate o pé na terra e diz que, aqui e acolá, o território pertence a Portugal. Nota-se que muitos nomes das cidades da Amazônia são igualmente nomes das cidades correspondentes em Portugal.

Foto de Gisele B. Alfaia
Pois bem, acontece que meu amigo Mimico tem certamente sangue caboclo com genes lusitanos. Homem forte de tanto trabalhar na pesca, contava-me suas aventuras em busca do pirarucu, cruzando os lagos que na enchente se conectavam e abundavam-se de peixes de variadas espécies, todas apreciadas por sua bondosa mãe.
Havia muito amor daquele filho, tanto que em todos os dias ocupava-se da pesca, dedicando-se à sua adorável mãe. Contestava a data do 2⁰ domingo de maio de cada ano. E já fazia 82 anos que assim vivia com a sua doce mãe presente em muitos outros na saudade. Do pai nem se lembrava, porque este morrera quando tinha 2 anos. Sua mãe fez-se “pai” do menino, que cresceu e se trasformou no cuidador da família como pescador indomável, repetindo a mesma profissão do pai.
Naquela família havia fartura, mas sempre vinha um pesadelo da carestia e pensava: “se ninguém cuidar, vai faltar peixe… os indígenas sabiam o que fazer para manter a fartura para sempre…hoje está mais difícil viver da pesca para comer e vender sem desbastecer os lagos”.

Foto de Gisele B. Alfaia
Este amigo, já com seus 84 anos, contou-me que, com ajuda de sua sobrinha e de sua irmã mais velha, a mãe foi cuidada por ele na velhice, sabendo dividir o seu tempo entre a pesca e o cuidado dela.
Era o único filho, entre quatro mulheres, que fazia de tudo no trabalho da pesca para sustentá-las. Não teve tempo para casar, mantendo-se celibatário, simplesmente para dedicar-se à família.
Ao longo de sua vida, ficou doente apenas uma vez, acometido de um furúnculo gigante na coxa, precisando ser internado por 30 dias num hospital de Itacoatira, Am. Antes de ser hospitalizado, vivia com um tal pudor, reservado em sua intimidade, que sofreu muito quando passou a ser cuidado pelas enfermeiras. Essa tortura durante o banho e os curativos transformaram-se em confiança, prova de humildade e de entrega para ser cuidado. Cuidou da mãe biológica, da mãe natureza e agora deixa-se cuidar e ser amado pelos que o conhecem.
O entardecer da vida deste filho herói pescador está sendo compartilhado com um agricultor, que deu entrada na mesma casa e que foi colocado na cama ao lado dele, onde aprenderá a sonhar, embora tardiamente, com as plantações de macaxeira, abacaxis e legumes. Do parceiro do lado, o agricultor, a imaginação se soltaria com captura dos piracurus e tartarugas no lago de Silves, em tempos de grande fartura.
Esta dupla bem amazonense parecia nos mostrar que, no passado, essas duas ocupações eram as únicas, evocando a história do extrativismo em forma da pesca e da caça, que somaram-se com a entrada da cultura nordestina de lavrador e plantador de feijão de praia. Água e terra que ambos domavam e cuidavam para produzir e abastecer as feiras do povo da cidade.
Pescadores e agricultores são “protetores da obra de Deus, não por uma questão de querer ou não querer, mas como parte essencial de uma existência humana” (Laudato si’, n. 217 – Papa Francisco I).
Nesta semana do mês das mães, a saudade do Papa Francisco e a eleição do Papa Leão XIV chegam em forma de gratidão e ainda de frustração, porque não conseguimos ver o cessar das guerras e o cuidado da Casa Comum mover os maiores responsáveis do fim do mundo, que está em pleno voo de destruição, se não nos convertermos e sermos guardiões da beleza da Criação.
BEM-VINDO, PAPA LEÃO XIV, SEGUIDOR DOS PESCADORES E DISCÍPULOS DE JESUS!
Luiz Cassio

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