Conto a história de dois idosos pelos quais me apaixonei no meio de tantos outros, que procuro servir com o olhar de acolhimento com vontade de estar próximo a cada um deles, de ouvir o que suas cabeças brancas pensam e os seus corações sentem de saudades de tempos inesquecíveis. É tempo de Páscoa, de vida transformada em esperança e em confiança. Dia da Divina Misericórdia no 2ª domingo depois da Páscoa.
Com o primeiro idoso, identifico poesia no seu nome e na sua identidade porque se chama “Floriano”. O nome indica uma pessoa carinhosa, especialmente com crianças e velhos. Por esse motivo, junto uma identidade em comum na vida dos dois, em que o segundo é chamado José Mariano.
Então, o Floriano morava no Beco do Macedo, em Manaus, Am. Lembra-se do Sr. Pedro Gabriel, um instrutor de marcenaria e carpintaria com quem recebeu aulas. O Floriano trabalhou como mecânico de carros na meia-idade, até lembrando dos caminhões antigos, que tinham como partida o movimento ininterrupto de manivelas.
Pedro Gabriel, o instrutor do Flor, tornou-se padre do altar e da oficina. O Floriano lembra com carinho, quando, depois das aulas de artefatos de madeira, o Pedro ia para a beira do campo assistir aos jogos da rapaziada. E o Flor era goleador na quadra “Larrocão”, apelido do padre italiano César La Rocca que, em 1970, antes de outros que chegaram em 1974, quando começou a Missão Pistóia. Este padre foi quem construiu a primeira Igreja, um centro paroquial de madeira e uma quadra de esporte.
Prosseguiu o Flor: “Eu também conheci o Pe. Pedro Gabriel, muito antes, quando era “anjo” na vida dos jovens pelos quais sonhava e se aplicava para que se tornassem cidadãos de bem. Assim aconteceu comigo, que me lembrava do tempo em que o Beco do Macedo tinha uma população humilde e trabalhadora, com atividades da fé que se ocupava para erradicar a pobreza, oportunizando profissionalização e atividades de formação e de liderança para o movimento social.
Os padres e leigos da Missão Pistoia, também se ocupavam de trabalhar na Colônia Antônio Aleixo, que era um lugar que deixou de ser “depósito de leprosos” quando passou a ser atendido por freiras franciscanas. As mesmas que também iniciaram um ambulatório que hoje é a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (FUHAM), um hospital de referência em Manaus, Amazonas, para o tratamento de hanseníase. A FUHAM trata doenças da pele e das infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Agora justifico porque uno a história do Floriano com a do Mariano, que nasceu lá pelas bandas do Lago do Puraquequara, Am, mas que veio com seus pais cuidar e morar no antigo Educandário Gustavo Capanema.
Os pais do menino Mariano recebiam no Educandário Gustavo Capanema de forma compulsória os filhos dos hansenianos, que, naquele tempo, eram chamados de leprosos e eram proibidos de ficar com os filhos para evitar o contágio de uma doença que sofria muito preconceito. Tempo triste em que muitas crianças chegavam do interior e para lá passavam a viver longe dos pais, enquanto estes iam para o “leprosário” de Paricatuba e que depois foi transferido para a Colônia Antônio Aleixo.
Aqui lembro de um livro intitulado “Nossas Vidas, Nossas Escolhas”, do Leonardo Bivar.
Mariano, 80 anos, nascido à margem do lago do Puraquequara, atual bairro Antônio Aleixo, veio com seu pai morar no Educandário Gustavo Capanema, de onde bem pequeno contemplava, do alto do barranco, o Rio Negro, em suas águas e lágrimas das crianças separadas dos pais, muitas trazidas em pequenas canoas navegando na truculência das águas barrentas do Rio Amazonas.
Lembra-se das brincadeiras e dos mergulhos no rio com seus amiguinhos que cresciam até acontecer anos mais tarde a transformação do Educandário de filhos de hansenianos em Escola de Educação Infantil como intuito de atender toda a comunidade vizinha, sem discriminação ou separação dos filhos. Sabemos que a pesquisa científica sobre a doença e a luta antimanicomial justificavam a desativação da Colônia Antônio Aleixo.
Atualmente é um bairro com serviços de saúde primária e moradias para os ex-moradores da antiga Colônia e para quem mais precisasse de atenção à saúde através do SUS.
Floriano e Mariano, companheiros de vida e de história, ambos viveram o vigor evangélico e humanitário da Missão Pistoia desde 1974, que celebra 50 de presença no Amazonas e no Maranhão. Nossa homenagem ao pioneirismo de Pe. Humberto Guidotti, Pe. Lourenço e Enf. Nádia Vettori, que muito fizeram pelos moradores do Beco do Macedo, do Cacau Pirera, da Colônia Antônio Aleixo e muito mais, como escreve o amigo e professor José Ribamar Bessa sobre o coordenador da Missão Pistoia:
“Guidotti enfrentou a pororoca do arbítrio. Fiel à teologia da libertação e à opção preferencial pelos pobres, coordenou em Manaus o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da CNBB, organizou o Grito dos Excluídos, lutou ao lado de ribeirinhos e camponeses na Comissão Pastoral da Terra (CPT), apoiou a luta dos sem-teto em ocupações que deram origem a diversos bairros, atendeu portadores de hanseníase no Movimento de Reabilitação dos Hanseanianos (Morhan). Ali onde houvesse alguém sofrendo, ele estava a seu lado. Via Cristo em cada pobre, em cada excluído”.
Fonte: D24am. Leia mais em https://d24am.com/politica/faltou-alguem-em-pistoia-o-moleque-de-toscana/
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