Nossas Artes

” Os hungarezes” – Thozzi

Hoje sonhei…
Voltei no passado…
Poderia”titular”minha crônica: ” Os hungarezes”
1957,dezembro, início de férias…nós, os meninos da Aquilino Vidal, sentados na nossa esquina predileta.
Duas ou três casas depois,talvez a mais bonita casa da rua: Para um caminhão baú.
Homens uniformizados descarregam móveis.
Móveis novos.
Assim que o caminhão parte,param dois carros.
Carros grandes.
Como todos os carros daqueles tempos.
Nunca esqueci: Studbaker!
Do primeiro carro descem dois homens: terno,gravata e chapéu…
Falam baixo.
Língua estranha…
Um homem alto elegante.
Uma mulher alta.
Não sei dizer se bonita.
Mas era tão loira que ofuscava o sol/ dezembro!
Aí saltam três crianças:
Duas meninas e um menino.
As meninas de vestido.
Loiras ,não, muito loiras!
O menino usava bone,terno!
Lori não aguentou.Foi lá.
Já chegou perguntando:
As meninas correram para trás da mãe…
Um homem gritou com ele.
Voltou ao grupo das dúvidas!
Entraram.
Todos os dias seguintes um carro levava o homem elegante: Studbaker!
A curiosidade crescia.
Às vezes víamos as crianças na sacada. Só.
A sacada está lá até hoje.
Passo em frente.
Relembro.
Nori escarafunchou:
” São hungarezes. Refugiados. ”
Como você sabe?
” Seu Herminio,da padaria Marli, falou!”
Morei ali mais uma vida.
Nunca os vi de perto.
Iam os três para a escola.
No Studbaker.
Loiros de ofuscar…
Uma vez os vi na missa.
Os dois guarda costas no banco de trás.
O celebrante era um redentorista alemão.
Foi até o banco. Falou com eles .
Não entendi bulufas…
Acho que era alemão.
Talvez latim…
Não…era hungarez…
Foram embora no Studbaker Champion! Deixaram um presente para o padre:
Era uma garrafa de vinho.
Patricius Tokaji…
Nunca esqueci:hungarezes são louros de ofuscar o sol, as mulheres, com certeza, os homens usam chapéu!

José Ribeiro (Paraíba)

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