Quinta feira da Décima Sexta Semana do Tempo Comum. Com o meu coração mais aliviado, amanheci neste dia confiando na presença do Senhor em nossas vidas. Por mais que tentamos fazer a nossa vontade, os planos de Deus são bem outros para nós. Com este pensamento, coloquei-me as margens do Araguaia e, ao contemplar o amanhecer, veio-me também à mente um dos versículos do Evangelho de Mateus: “Vinde a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso”. (Mt 11,28) Isso me fez lembrar que, com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino de Deus no meio de nós. Dificuldades, teremos! A perda de pessoas importantes nas nossas vidas, também! Mas não podemos desanimar nunca, mas deixar que a esperança floresça dentro de nós, para seguir adiante com as nossas lutas na caminhada.
Como vimos fazendo ao longo destes dias, refletindo com o Evangelho de Mateus, nesta quinta feira não é diferente. O texto de hoje proposto é a continuidade do capitulo 13 deste Evangelho. Importante salientar que este capítulo, é chamado de “Capitulo das Parábolas”. Ele apresenta várias parábolas contadas por Jesus, com destaque para a Parábola do Semeador (que vimos ontem), e a explicação subsequente. O propósito de Jesus é desvendar os mistérios do Reino, de forma simples e objetiva. Por este motivo, Ele faz uso da linguagem parabólica, que é uma das formas das pessoas entenderem melhor a sua mensagem. Assim sendo, o capitulo 13 inclui outras parábolas, como a do Joio, o Tesouro Escondido, a Pérola de Grande Valor e a Rede de Pesca, todas elas ilustrando aspectos do Reino dos Céus, no intuito de fazer as pessoas tomarem posse deste mistério.
O Evangelho de Mateus faz parte dos Evangelhos Sinóticos, ao lado de Lucas e Marcos. Estes três evangelistas, compartilham muitas semelhanças no conteúdo narrado e na estrutura descritiva, apresentando uma visão conjunta da vida, ensinamentos e dos fatos relacionados a Jesus. A palavra “sinótico” tem a sua origem no termo grego “Synoptikos”, e quer dizer “ver juntos”, ou “visão conjunta”. Esta característica presente nestes três evangelhos permite que sejam estudados em conjunto, fazendo um comparativo entre as suas narrativas, identificando concordâncias e diferenças. O mais importante é saber que Mateus, Marcos e Lucas, apresentam a mesma narrativa da vida de Jesus, com muitos eventos (sinais-milagres) e ensinamentos em comum, diferentemente do Evangelho de João, que apresenta uma narrativa mais independente, com muitos eventos e ensinamentos exclusivos, além de um aprofundamento mais teológico e reflexivo.
Mas, voltando ao primeiro Evangelho, Mateus apresenta Jesus como o Messias que veio realizar tudo aquilo que diziam d’Ele no Primeiro Testamento. A realização destas promessas em Jesus, o Messias, ultrapassa todas as expectativas puramente terrenas e materiais dos contemporâneos de Jesus, que esperavam apenas um rei nacionalista (triunfalista) para libertá-los da dominação romana. Neste sentido, houve uma frustração geral para aqueles que aguardavam a vinda do Messias. É por este motivo que, frustrados em suas expectativas, eles o rejeitam e o entregam à morte. Entretanto, aqueles e aquelas que abriram os seus corações e aderiram à proposta do Reino, anunciado por Jesus, tornaram-se, a partir de então, os portadores da Boa Notícia (Boa Nova), com a missão de leva-la a todas as pessoas, a fim de que todos e todas pertençam ao Reino do Céu.
Mateus também apresenta Jesus com o título de “Emanuel”, que significa: “Deus está conosco” (Mt 1,23). Esta apresentação vai se tornando mais clara ao longo de todo o texto deste evangelista. A grande revelação de Mateus, no entanto, é a de que Deus está presente em Jesus, comunicando a palavra e ação que libertam as pessoas e as reúnem como novo povo de Deus. É assim que conclui o texto que a liturgia propõe para hoje: “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”. (Mt 13,16-17) O mistério do Reino se faz presente no meio de nós! Ser portador e portadora deste Reino é fazer a adesão sincera, consciente e objetiva ao projeto de Jesus, fazendo de nossa vida uma entrega total pela construção deste Reino no meio de nós. Os mistérios do Reino só serão conhecidos por aqueles e aquelas que acolhem Jesus como Messias. Aderir a Jesus como o Messias, mesmo nas dificuldades, desafios e nos fracassos cotidianos, faz-nos compreender as contínuas dificuldades que sofre a implantação do Reino do Céu no meio de nós. De desafio em desafio, mantendo viva a esperança, pois, como Mateus mesmo conclui em seu Evangelho, as últimas palavras de Jesus são uma promessa de permanência d’Ele no meio de nós: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20)
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