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PROFESSOR EM CASAS DE IDOSOS – ESQUECIDOS E POBRES SEM NOME? (NELSON PEIXOTO)

PROFESSOR EM CASAS DE IDOSOS – ESQUECIDOS E POBRES SEM NOME?

No último dia 15 de outubro de 2025, Dia dos Professores, fui dar um giro por onde sempre encontro idosos para conversar e deixar-me ensinar por eles. São professores da vida, da sobrevida sábia e da resistência esperançada, na dor e no descaso que sofreram no percurso da profissão, que nem sempre tornou-se vocação, por falta de condições de trabalho com criatividade e planos de carreira. Entretanto, para dois deles com os quais conversei, disseram-me, que lá onde se encontram e vivem, atualmente em um lar para idosos, é igual a uma comunidade de aprendizagem, a fim de reavivar amizades, sentir carinho, partilhar histórias e confiar no desfecho final feliz de seus dias.

Antes de ir ter com eles, eu estava lendo com esmerada atenção a 1ª Exortação Apostólica do Papa Leão XIV, “Sobre o Amor aos Pobres”, com o título em Latim “Dilexi Te”, traduzido como “EU TE AMEI”. Nesse sentido, o Papa cita a passagem seguinte, do livro do Apocalipse:

Tens pouca força, pouco poder, mas “Eu te amei” ( Ap 3, 9).

Entretanto, nesse sentido, os idosos fragilizados e os pobres são, também, professores, exercendo o que, em latim, se chama “magisterium pauperum”, ou seja, o magistério dos pobres que nos ensinam, antes mesmo de irmos até eles para evangelizar. “O contato com aqueles que carecem de poder e grandeza é um modo fundamental de encontrar o Senhor da história. Nos pobres, Ele ainda tem algo a nos dizer. ” (DT 5)

Além das lições que aprendemos com eles, descobrimos que os idosos e os mais pobres não são apenas objetos da nossa compaixão, mas mestres do Evangelho da Fraternidade. Não se trata de “levar” Deus até eles, mas de encontrá-Lo neles.

Aqui explicitamos, o que seja o “magistério dos pobres”. O QUE NOS ENSINAM E COMO FAZ ISTO?

“Tendo crescido em extrema precariedade, aprendendo a sobreviver nas condições mais adversas, confiando em Deus com a certeza de que ninguém mais os leva a sério, ajudando-se mutuamente nos momentos mais sombrios, os pobres aprenderam muitas coisas que guardam no mistério de seus corações. Aqueles de nós que não tiveram experiências semelhantes, de uma vida vivida no limite, certamente têm muito a aprender daquela fonte de sabedoria que é a experiência dos pobres. Somente relacionando nossas queixas aos seus sofrimentos e privações podemos receber uma repreensão que nos convida a simplificar nossas vidas. (DT 102)

“Quando a Igreja se ajoelha ao lado de um leproso, de um idoso, de uma criança desnutrida ou de um moribundo anônimo, realiza a sua vocação mais profunda: amar o Senhor onde Ele está mais desfigurado.” (DT 52)

Com esta inspiração no pensamento e no coração, eu fui até a uma certa Casa de Idosos. Deparei-me, com surpresa alegre e questionadora, com um deles que me declarou ter sido um professor aposentado da Escola Pública. No primeiro momento, duvidei, hesitando a acreditar e pensando: como teria sido seu magistério? Por que acabara ali, longe da família biológica?

Nossa conversa prosseguiu. Deu-me detalhes de uma das Escolas em que trabalhou e me disse quem fora seu primeiro gestor, fundador da primeira escola no Bairro do Zumbi dos Palmares em Manaus, AM. Ficou tão feliz por eu ter conhecido o seu diretor, tanto assim que resolvi fazer uma ligação para ele. Aproveitou para gravar os parabéns e agradecer, prometendo visitá-lo.

O outro professor que eu já tinha conhecido naquela casa, encontrava-se tão debilitado, que não conseguia mais falar, precisando de ajuda, até para andar. Quando ainda podia falar e lembrar-se de sua vida, contou-me de seus segredos, sua saudade de rofessore de suas esperanças. Sobre ele já tinha escrito, contando, há alguns meses, com o título: UMA “BRISA” QUE NO CALOR DE MANAUS VIROU UM AMIGO FIEL

Para entrar, verdadeiramente, no mistério da dedicação dos professores e no magistério dos pobres que sabem viver com o necessário, poderemos aprender o desapego, tanto daqueles que se fazem pobres por escolha, como daqueles empobrecidos, devido à negação de seus direitos. “Estes são, por revelação de Jesus, Ele mesmo, que se faz presente em sua carne faminta, sedenta, doente, idosa e prisioneira.” (DT 110)

www.vatican.va
Exortação Apostólica Dilexi Te do Santo Padre Leão XIV sobre o amor para com os pobres (4 de outubro de 2025)
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DILEXI TE DO SANTO PADRE LEÃO XIV SOBRE O AMOR PARA COM OS POBRES [ Multimedia ] _____________________

Nelson Peixoto, em 18 de Outubro de 2025 – UMA HOMENAGEM AOS PROFESSORES ESQUECIDOS!

Luiz Cassio

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