Reflexões Bíblicas

Quem é este (Chico Machado)

Terça feira da Décima Terceira Semana do Tempo Comum. Julho chegou trazendo uma temperatura mais amena aqui pelas bandas do Araguaia. Nada, se comparado às baixas temperaturas que tomam conta em algumas regiões, deste nosso imenso país. Nada que impeça a nossa temporada de praia que tem o seu início no dia de hoje. Muitos filhos da terra, aproveitam desta época do ano, para visitarem os seus familiares. A cidade muda de configuração, acolhendo aqueles que vem desfrutar também das mais belas praias de água doce, oportunizadas pelo nosso Araguaia. Aos poucos, ele vai desnudando suas límpidas areias. É ver para conferir! Sou suspeito, uma vez que sou um eterno apaixonado por este lugar sagrado.

Rezei nesta manhã às margens do Araguaia. Com o Sol ainda em seu último sono da madrugada, me fiz orante, contemplando o despertar do novo dia. Preguiçosamente, o Astro Rei foi aos poucos brotando do chão da Ilha do Bananal, colorindo de luzes as águas do rio. A magia deste amanhecer, nos faz reconhecer que Deus é divino nas suas criaturas. Entender os mistérios da criação de Deus passa, necessariamente, por sabermos apreciar os pequenos detalhes, pequenos instantes, como podemos sentir em cada amanhecer. Cada dia é único e cada um deles traz em si os mistérios da vida que se renova. Terminei ali aquele momento de mística, recordando daquilo que Paulo escreve em uma de suas cartas: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor”. (Ef 1,3-4)

O louvor da criação é uma resposta do ser criado, ao Deus que se manifesta através de um ato pleno de amorosidade, ou mediante a revelação de um mistério de libertação. Deus está em tudo e em todas as suas criaturas! O ser criado à imagem e semelhança d’Ele, nos fazendo partícipes do projeto salvador do Deus Criador, Pai e Mãe, na plenitude de amorosidade, que é o sujeito e a fonte de toda a ação criadora e salvadora. Tudo o que Deus Pai realiza na pessoa humana e no mundo, Ele o faz mediante o seu Filho Jesus Cristo: escolhe, acolhe, cuida, liberta, reúne tudo em Cristo, entrega a herança prometida. Quem é este Deus? Quem é este seu Filho?

Metade de um ciclo anual está acontecendo no dia de hoje. Sim, porque estamos atravessando o 182º dia do ano, tendo pela frente 183 outros mais. Para os amantes do ciclo lunar, lembramos que a Lua deste dia está na sua fase Nova, o que significa que está 38% visível, partindo para a sua fase Crescendo. Segundo os que mais entendem do assunto, na Lua Nova é recomendado iniciar novos projetos, definir intenções e cuidar de si mesmo. Ou seja, é um momento adequado para a renovação e recomeço. Por mais escura que a noite possa ser, ou o mundo possa parecer, é sempre bom lembrar que haverá uma luz no céu pronta para iluminar nossa jornada, para o enfrentamento dos desafios no nosso horizonte histórico.

“Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt 8,27) Quem é este Jesus, afinal? A pergunta primeira, conclui o texto do Evangelho de Mateus, que a liturgia de hoje, nos possibilita refletir. O texto de hoje está dentro do capitulo 8 deste evangelista. Já não mais com o “Sermão da Montanha” (cap. 5 a 7 de Mateus). Esta perícope traz o relato dos discípulos passando por uma grande tempestade no mar e, curiosamente, Jesus está dormindo tranquilamente num dos cantos do barco, para desespero dos amedrontados discípulos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” (Mt 8,25)

Quem é Jesus para os seus discípulos e discípulas? Quem é este Jesus para nós? Os estudos da Cristologia nos ajudam enormemente a conhecer mais de perto quem é este Jesus. Ela faz a distinção entre o “Jesus Histórico” e o “Jesus da fé”. O “Jesus histórico” busca reconstruir a vida e os ensinamentos de Jesus com base em evidências históricas, enquanto o “Jesus da fé” se refere à figura de Jesus como Cristo, o Messias e Filho de Deus, conforme concebido pela fé cristã. É através do estudo do “Jesus histórico” que entendemos o contexto social, cultural, religioso e político em que Jesus viveu. Já o “Jesus da fé”, proclamado como Messias e Filho de Deus pela fé cristã, está presente nos ensinamentos dos Evangelhos e na tradição da igreja, considerado assim como uma verdade teológica inquestionável por muitos cristãos. A fé em Jesus como Cristo pós-pascal envolve a crença na sua divindade, sua paixão, morte e ressurreição e seu papel na salvação da humanidade.

Momentaneamente, naquele contexto histórico, os discípulos de Jesus estão vivendo um momento de crise. Tanto eles como nós, sabemos que é nos momentos de crise e dificuldades diante do mundo, que podemos ou não demonstrar a nossa confiança na presença de Jesus em nossas vidas. Situações críticas e complexas, são sempre momentos importantes para fazermos as avaliações e medir o grau de consciência e maturidade da nossa fé. Acreditamos, de fato, que Jesus está no meio de nós, e que Ele nos acolhe e cuida com carinho de cada um de nós? Deus não nos abandona nunca! Seu Filho também não, pois onde um está, o outro está presente em unicidade. Por mais que as tempestades da vida possam nos amedrontar, tenhamos a certeza de que sozinhos não vamos estar. Esta é a certeza do salmista ao assim expressar o seu canto: “Tu me mostras o caminho que leva à vida. A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre”. (sl 16,11) Comprometidos com o projeto d’Ele, podemos estar certos de que nunca seremos abandonados.

Luiz Cassio

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