Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum. O último domingo deste mês de julho. Já estamos chegando ao final do primeiro mês deste segundo semestre. Aqui pelas bandas do Araguaia, a temporada de praia, também chegando ao seu final. Muitos turistas já puseram o pé na estrada. Uma leva deles foi embora nesta manhã. Os filhos que moram fora, e estavam visitando seus familiares, também se despediram de nós, voltando aos estudos na cidade grande. De agora em diante é a vez dos moradores curtirem as belas praias de nosso Araguaia. Esta é a dinâmica de todos os anos aqui para nós ribeirinhos. É um privilégio de poucos, morar neste cenário, como expressa Pedro em um de seus poemas: “Velhos de Esperança — tantas Luas cheias — eu o Araguaia já nos conhecemos, rios de um só rio ajeitando o curso entre Deus e o Povo”. (Junto ao Vosso Canto – Pedro Casaldáliga)
Um domingo pra lá de especial para as nossas celebrações litúrgicas. A temática proposta trata-se da relação de Jesus com Deus em seus momentos de sintonia oracional com o Pai. Lucas nos mostra Jesus contando a seus discípulos a sua experiência orante com Deus, indicando aos seus seguidores como eles devem falar com Deus. Convida-os a verem Deus como um Pai amoroso e cheio de bondade, sempre disponível para escutar os seus filhos. Diante deste contexto, várias perguntas surgem para nos orientar nesta nossa relação oracional com Deus: como nos relacionamos com Ele? Reservamos momentos na nossa vida para estar a sós com Deus, em oração? Sentimos necessidade de falar com Deus sobre a nossa vida, as nossas inquietações, dúvidas, alegrias e tristezas? Estamos interessados em escutar o que Deus tem para nos dizer? Como se processa o nosso diálogo orante com Deus?
Um aspecto importante a ser salientado é que Jesus rezava sempre. Mesmo com a sua atividade pública cheia de ações, Ele encontrava tempo para falar com Deus, seja na montanha, na planície, a beira mar, nas embarcações. Mesmo estando Ele em sintonia permanente com o Pai, entendia que precisava destes momentos orantes. Esta atitude reservada de Jesus despertava nos discípulos certa inquietude, tanto que eles pedem ao Mestre, que também os ensinem a rezar: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. (Lc 11,1). É bom lembrar que, naquele tempo, era comum e fazia parte do costume, os mestres ensinarem seus seguidores a rezar, a exemplo de João Batista, transmitindo através da oração, o resumo da própria mensagem que transmitiam.
Rezar faz parte da vivência da fé cristã. Rezar em comunidade, com os irmãos da caminhada e também reservar momentos para um diálogo, franco, aberto e necessário com Deus. Nestes momentos orantes, falamos com Deus das nossas angústias e alegrias, mas também abrimos o nosso coração para ouvir o que Deus tem a nos dizer. Se não for desta forma, a nossa oração se transforma em algo mecânico, em que, muitas vezes, nem paramos para pensar nas palavras que pronunciamos nas nossas orações. Mais do que rezar com as palavras que saem da nossa boca, devemos permitir que o nosso coração se sensibilize, e possa ele mesmo, dizer com a força que advém de nosso interior. Numa sociedade, em que as nossas preocupações estão relacionadas àquilo que vemos nas telas dos celulares, estes momentos orantes tornam-se cada vez mais difíceis de acontecer.
“Quem sabe bem rezar, sabe também viver bem”, dizia Santo Agostinho. Como se tratavam de pessoas humildes e simples e, sabendo das dificuldades dos discípulos, Jesus ensina-lhes a Oração do Pai Nosso. Esta, talvez seja a oração mais completa e que sintetiza de forma teológica e prática a nossa relação com Deus. Para início de conversa, nela chamamos a Deus de Pai Nosso. Não o pai meu, individualista, denotando o nosso interesse pessoal, mas o Deus que é Pai e Mãe de todos indistintamente, inclusive daqueles que não professam a mesma fé que eu ou qualquer tipo de fé. Se o Pai é Nosso, o pão também é nosso, abrangendo todos aqueles e aquelas que necessitam deste pão para viverem com dignidade. Desta forma, diante de uma sociedade desigual, estratificada, em que uns se colocam como maiores e melhores que os outros, esta oração do Pai Nosso, perde completamente o sentido.
Não nos esqueçamos de que o Evangelho sempre insiste na oração perseverante e confiante. A oração precisa ser de quem confia plenamente em Deus e abre o seu coração para vivenciar a vontade deste Deus em sua vida. Neste sentido, Jesus faz questão de apresentar a oração do Pai Nosso, que apresenta o espírito e o conteúdo fundamental sintético de toda oração cristã. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus (Abba – Papai), apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai seja reconhecido por todos (nome); que sua justiça e amor se manifestem (Reino); que, na vida de cada dia, Ele nos dê a força da vida plena (pão de hoje e de amanhã); que Ele nos perdoe como nós somos capazes de perdoar, compartilhando o perdão; que Ele não nos deixe abandonar o caminho da luta e da entrega pelas causas do Reino e nos livre das tentações de cada dia que são muitas.
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