Sexta feira da Sétima Semana da Páscoa. Sextando pela primeira vez neste mês das festas juninas. A Festa de Pentecostes já aponta no nosso campo visual. Ainda dentro da Semana do Meio Ambiente (1 a 8), temos a oportunidade de repensar a nossa relação com a Casa Comum, mudando hábitos, costumes e atitudes, se quisermos viver dias mais felizes daqui por diante. A Mãe Terra grita e clama por socorro, já que a nossa destruição sistemática segue, visando apenas os lucros do capital de ricos latifundiários do agronegócio, pecuaristas, madeireiros e garimpeiros, destruindo assim o ecossistema. Basta estar um dia em uma das aldeias dos nossos indígenas por aqui, para se ter a ideia do que isto representa aqui na ponta, ainda mais com a liberação geral da Licença Ambiental. Está cada vez mais claro que a natureza não precisa de nós. Nós é que precisamos dela. Já nos dizia o filósofo Aristóteles: “A natureza não faz nada em vão”.

Do Filósofo Estagirita, passamos a outro grande escritor, romancista, ensaísta, contista e crítico social alemão Thomas Mann (1875-1955) Na data de hoje nascia este senhor, que muito contribuiu com a sua arte de escrever, de forma que atraiu muitos olhares para os seus livros. Ainda me lembro quando li pela primeira vez “A Montanha Mágica”, uma das obras mais conhecidas deste autor, publicada em 1924. Neste seu livro, ele descreve de forma brilhante um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mas o que eu gostaria de trazer presente é uma das frases atribuídas a este autor que muito tem a ver com a nossa caminhada, desbravando esta modernidade que vem vindo: “O tempo tudo clarifica e não há estado de espírito que se mantenha inalterado com o passar das horas”.

Passar das horas que vem chegando mais uma vez com o evangelista São João, que nos coloca diante de um dos diálogos mais interessantes entre Jesus e o discípulo Pedro. A pergunta do Mestre parece simples, mas deixa o arrojado Pedro, numa situação bastante embaraçosa: “Pela terceira vez, perguntou a Pedro: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava”. (Jo 21,17) Todavia, a resposta posterior daquele rude pescador, certamente tenha deixado Jesus cheio de confiança e alegria: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Estamos diante de uma das páginas mais emblemáticas do Novo Testamento, quando Jesus transmite aos seus, toda a sua confiança neles, acreditando que eles seriam capazes de levar adiante a proposta da Boa Nova do Reino.

O capitulo 21 do quarto evangelho é um caso a parte. Segundo os estudiosos bíblicos, este capítulo do Evangelho de João é um acréscimo posterior. Como se trata da parte em que os exegetas chamam de Epílogo Joanino (Jo 21), acredita-se que é um acréscimo posterior ao livro. Aqui sobressai a figura de Pedro. Como vimos, ele é interrogado se ama a Jesus. Pedro responde que sim, com absoluta convicção, tanto que é convidado a pastorear as ovelhas: “Apascenta as minhas ovelhas”. Devemos sempre lembrar que o fruto da missão, depende da presença e da adesão à palavra de Jesus que, assim como convidou os discípulos a jogarem a rede, convida também a nós na missão de hoje a jogar as nossas redes.

Sem a presença do Ressuscitado em nossas vidas, nossa missão cristã está fadada ao fracasso. A eficácia da missão depende da adesão ao projeto de Jesus. Não se faz adesão apenas com palavras ou com intenções, por mais assertivas que estas possam ser. Faz-se adesão no dia a dia, através das ações que vamos desenvolvendo, na construção do Reino, ou da nova sociedade que Deus sonhou para os seus, que está baseada na igualdade fraterna, na justiça para todos e na supremacia do amor incondicional às causas dos pequenos, pobres e marginalizados. Quem se deixa levar pela palavra de Jesus, sabe que não terá vida fácil, mas seguindo as diretrizes de seu coração, abraçará o sonho de Deus afinal, como dizia o filósofo e teólogo francês Blaise Pascal (1629-1662): “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Embora passando por momentos fortes de provação e ter negado Jesus por três vezes, diante das autoridades dos judeus, Pedro soube como seguir os passos de Jesus, tornando-se assim uma das lideranças fortes das primeiras comunidades cristãs. Importante salientar que a ideia de superioridade e domínio no exercício do pastoreio é absolutamente contrária ao ensino e atitude de Jesus, que considera todos os seus discípulos e discípulas como amigos, amigas e irmãos. O verdadeiro pastor é aquele que segue a Jesus, colocando-se a serviço de todos os demais e sendo capaz de amá-los até o fim, dando por eles até a própria vida como fizera Jesus: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida pelos seus amigos”. (Jo 15,13) A nossa missão não nasce da obediência a uma lei, mas do dom livre de quem participa com alegria da tarefa comum, que é testemunhar o amor de Deus que quer dar vida a todos e todas.

Luiz Cassio

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