Categories: Reflexões Bíblicas

Ventre de Mãe (Chico Machado)

Sábado da Vigésima Sétima Semana do Tempo Comum. Outubro nos trouxe mais um final de semana. No mês missionário, somos desafiados a ser e fazer missão, em sintonia com a sinodalidade em comunhão, participação e missão, com os nossos representantes em assembleia, coroando o pontificado do nosso Francisco de Roma.

Dia 14 de outubro. No dia de hoje, nos voltamos para a década de cinquenta. Nesta data, em 1952, estava sendo criada, na cidade do Rio de janeiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. Dez anos antes do Concílio Vaticano II (1962-1965). São 71 anos de estrada, de profetismo e resistência, afinal, um de seus criadores foi nada menos que Dom Hélder Câmara, “O Santo Rebelde”.

A terceira maior Conferência do mundo, assim reconhida pela Santa Sé. Seu histórico de luta e defesa dos Direitos Humanos, marcou gerações como a minha, que viu na CNBB a voz profética, sobretudo contra a tragédia que foi a Ditadura Militar no Brasil, nas pessoas de Dom Ivo/Aloísio Lorscheider, Dom Luciano.

CNBB como a voz da Igreja martirial que, a exemplo das comunidades primitivas, profética e da espiritualidade da libertação, como nosso bispo Pedro se referia. Aliás, uma de suas frases a trago comigo como projeto de vida na resistência e teimosia: “militar para mim é verbo”.

Vós de quem não tem voz! Vez de quem não tem vez! Lugar de fala como direito, como fez uma determinada mulher anônima, diante de Jesus, que falava às multidões. Inadmissível para a sociedade daquela época que tinha na mulher um ser inferior, se dirigir ao seu líder, mesmo no intuito de elogiar a sua procedência: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. (Lc 11, 27)

Mesmo sabendo filho de quem era, Jesus não se apegou a esta condição privilegiada, reconhecendo como felizardos, ao contrário, todos aqueles e aquelas “que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. (Lc 11,28) Na lógica da simplicidade e humildade de Jesus, acolher a palavra de Deus é o dom maior que o simples fato de ser mãe d’Ele.

Jesus não se apegou à condição de ser quem era: “Sendo Ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens”. (Filip 2,6-7) Jesus, a humildade em pessoa . Embora tivesse a mesma condição de Deus, Ele se apresentou entre nós como simples ser humano. Abriu mão de qualquer privilégio, tornando-se apenas uma pessoa que obedece a Deus e serve aos demais.

Em “tempos sinodais”, de uma Igreja em Saída, precisamos nos revestir deste ser “cristológico Jesuano”, sendo servidores de todos. Desapegados das regalias, privilégios tão comuns dentro da instituição eclesial, dos caminhos percorridos pelos carreiristas clericais, tão distantes da proposta de Jesus.

Luiz Cassio

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