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A paz de Jesus (Chico Machado)

Terça feira da Quinta Semana da Páscoa. Seguimos pisando o chão do 121º dia deste ano bissexto. Outros 245, nos colocarão dentro do ano de 2025. Para frente vamos caminhando, pensando e vivendo um dia por vez. Viver um dia de cada vez, sabendo que é menos um, da nossa história de vida que se foi. Por este motivo, cabe-nos viver na intensidade máxima, já que cada dia é único, e não voltará mais, pois o dia de hoje não é como o de ontem e nem será como o de amanhã. Cada um dos dias traz em si a sua especificidade, possibilitando-nos a chance de dar o melhor de nós, para aquele dia. A vida é passageira, mas não sejamos passageiros da agonia.

A liturgia desta terça feira nos possibilita fazer uma reflexão profunda sobre a Paz. O texto joanino de hoje, faz parte do “Discurso de despedida” de Jesus. A grande temática para o dia de hoje é a Paz. Lembrando que no discurso de despedida de Jesus a seus discípulos Ele menciona a vinda do Espírito Santo, como aquele que vai fazer os discípulos recordarem e entenderem a pessoa e ensinamentos de seu Mestre. É por este motivo que Jesus lhes diz, que o Espírito os guiará à verdade plena. Assim, o Espírito Santo também nos ajuda a encontrar a mensagem de Amor transmitida ao longo de toda a Palavra de Deus. O mesmo Espírito que agiu e falou pelos profetas, segue agindo em nós, através da história.

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo”. (Jo 14,27) Observando que Jesus faz questão de dizer que a paz que Ele deixou não é a mesma que o mundo nos oferece. Logo, podemos concluir que a paz de Jesus é bem diferente, distinta daquela que o mundo nos dá. Todavia, qual a diferença entre a paz de Jesus e a do mundo? Podemos ver que a concepção de paz do mundo brota de um sentimento de paz, como se ela fosse apenas algo que brota dentro de nós. A paz do mundo é efêmera e circunstancial, pois advém de um estado de espírito. Conceber a paz apenas quando os nossos sonhos e desejos são realizados, é pouco demais diante da paz como algo muito maior e que passa pelas relações que construímos entre nós.

“A paz é fruto da justiça”. Este foi o lema que a Campanha da Fraternidade de 2009, que a CNBB escolheu para que refletíssemos a paz dentro de uma circunstancia contextualizada. A segurança é fruto da paz e a paz é fruto da justiça. Todo ato de injustiça e desamor é pecado e fonte de violência. “A violência sempre aparece quando é negado à pessoa aquilo que lhe é de direito, a partir de sua dignidade, ou quando a convivência humana é direcionada para o mal. A violência nega a ordem querida por Deus” (Texto Base da CF 2009, 197). Objeto da esperança é um mundo novo onde reine a justiça e o direito que geram paz e prosperidade para todas as pessoas.

“Não se perturbe nem se intimide o vosso coração”. Esta é uma das frases proferidas por Jesus, motivando os seus a darem continuidade ao projeto de libertação que Ele inaugurara no meio deles, e que cabe a nós levar adiante como seguidores e seguidoras d’Ele. Se não assumirmos os valores que Jesus nos veio trazer, como esperar uma sociedade nova, mais justa, fraterna e solidária? É com a nossa participação que vamos implementando as ideias do Reino que Jesus veio nos trazer e mostrar-nos o caminho para chegar a ele. Como o profeta Isaías já o dissera uns sete séculos antes de Jesus: “O fruto da justiça será a paz. De fato, o trabalho da justiça resultará em tranquilidade e segurança permanentes”. (Is 32,17)

A paz de Jesus é o mesmo “Shalom”. Palavra de origem hebraica que significa literalmente “paz”. Este é um termo bastante utilizado entre os judeus, principalmente, como uma forma de saudação ou despedida. A palavra shalom representa, portanto, o desejo de saúde, harmonia e paz para aqueles e aquelas a quem é dirigido o cumprimento. Em diversas passagens bíblicas é encontrada a palavra shalom com o significado de paz e desejo de bem-estar entre as pessoas ou nações. Por diversas vezes vemos também no texto bíblico, Jesus fazendo a saudação “Shalom Aleichem”, que significa “a paz esteja convosco”.

Coragem, determinação e vontade de fazer acontecer o Reino como pede Jesus aos seus é a missão de todos os que se põem na mesma estrada com Ele. Seguir a Jesus e continuar o seu projeto, vivendo um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas materiais e conosco mesmo. O incentivo que Ele nos dá é para que sejamos capazes de assumir com liberdade e fidelidade a condição humana, sem comodismo, sem indiferença, ou alienação de um falso moralismo. Devemos ser realistas, resistentes e teimosos no ideal de construção do Reino de Deus. O seguidor e seguidora de Jesus devemos ser realistas, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas. Longe de nós a paz ilusória da acomodação e da hipocrisia. “O fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz”. (Tg 3,18)

Luiz Cassio

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