O trigo e o joio (Chico Machado)

Terça feira da Décima Sétima SemanTempo Comum. Dia de festa para os Redentoristas. No dia de hoje a Igreja Celebra a Festa de Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787), fundador da Congregação do Santíssimo Redentor. Ele que nasceu na Itália (Marianella), no ano de 1696. Filho de família nobre, recebendo uma formação esmerada, no campo acadêmico e também fundamentos religiosos. Mesmo sendo de família rica, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor (1749), objetivando, exclusivamente, à preocupação com os mais pobres, os abandonados, sob a forma de missões e retiros. Veio para cuidar dos “cabreiros”, que viviam marginalizados e excluídos, sem vez e sem voz na sociedade de seu tempo.

Afonso viveu a paixão pelo Redentor. Dedicou a sua vida às causas dos mais pobres e abandonados. Um carisma que respondeu aos apelos dos pobres naquele contexto histórico. Este propósito inicial de Afonso precisaria ser relido, no intuito de atender a demanda que a Igreja pede no cenário atual, indo ao encontro do apelo do Papa Francisco de uma “Igreja em Saída”. Salvo engano, a ideia que passa é a de que boa parte dos religiosos de hoje, não consegue vislumbrar esta mesma perspectiva de Afonso, de uma Igreja identificada com a caminhada dos empobrecidos, com o envolvimento na luta pela superação das desigualdades sociais. Ainda que Afonso recomendasse: “Só não pare de andar, assim você vai chegar”.

Afonso marcou a minha vida. Nos 12 anos que passei pelo seminário, começando em Aparecida e encerrando na Teologia, no ITESP/SP, recebi uma formação que vou levar comigo por toda a vida. Sou do tempo em que a formação era um verdadeiro primor, possibilitando o nosso crescimento pessoal, humano, cristão e intelectual. Saíamos preparados para o exercício da vida religiosa, no engajamento politico/social. Tive a sorte também de nascer num momento histórico de ebulição das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das Conferências Episcopais latino americana (Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida), que marcaram o nosso jeito de ser Igreja, trazendo para perto de nós as decisões proféticas do Concílio Vaticano II (1962-1965).

Estamos iniciando o mês que a Igreja dedica às vocações. Antes, porem o 1º de agosto é um dia especial para nossa primeira infância, etapa fundamental na vida do ser humano para que ele possa realizar todo o seu potencial ao longo da existência. Hoje é comemorado o Dia Mundial da Amamentação. Esta data foi criada no ano de 1992 pela Aliança Mundial de Ação pró-amamentação (World Alliance for Breastfeeding Action – WABA). O objetivo principal de lembrar este dia é o de promover o aleitamento materno sadio e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para as crianças em todo o mundo. Esta data está dentro da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que ocorre em cerca de 120 países, entre os dias 1º a 07 de agosto.

No mês seco de agosto, seguimos a nossa caminhada de reflexão com a comunidade de Mateus. Este evangelista nos faz conhecer o Deus que está presente em Jesus, comunicando a palavra e ação que libertam as pessoas e as reúnem como novo povo de Deus. Mateus, por excelência é aquele que vê a comunidade cristã como semente do novo povo de Deus, povo que é o lugar onde se manifestam a presença, ação e palavra de Jesus. Este mesmo Jesus que no dia de hoje está fazendo com os seus discípulos uma explanação sobre a parábola do joio. Lembrando que Jesus não fazia este tipo de explicação para a multidão, mas apenas para os seus seguidores e seguidoras mais próximos.

Na literatura mateana, ele apresenta Jesus com o título de Emanuel, que significa: “Deus está conosco” (Mt 1,23). Jesus com a sua Kénosis, que é o ato de se esvaziar de si mesmo, sem perder a própria essência e identidade, para se fazer abertura ao outro e se encontrar no outro, está anunciando o Reino de Deus, que Mateus chama de Reino dos Céus. A explicação da parábola é alegoria que apresenta a dinâmica do Reino na história. Jesus instaurou o Reino dentro da história, e esta é feita pela ação dialética constante de bons e maus. A vinda do Reino, porém, entra em luta contra o espírito do mal, e conduz os justos à vitória final. A história é uma tensão contínua voltada para a manifestação plena e gloriosa do Reino. Mas não devemos ficar preocupados se vamos ou não vencer esta batalha. Sigamos o conselho do Papa Francisco: “Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio. O semeador, quando vê surgir o joio no meio do trigo, não tem reações lastimosas ou alarmistas”. (Evangelii Gaudium 24)

Luiz Cassio

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