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Ver e crer: Ressurreição (Chico Machado)

Quarta feira da Terceira Semana da Páscoa. Jesus está vivo e caminha conosco em nossa história. O Cristo Ressuscitado é o mesmo Jesus de Nazaré que passou pela experiência trágica da cruz, morrendo como um subversivo que se contrapôs ao sistema vigente na Palestina. Após passar pela via crucis, Deus interveio e devolveu-lhe a vida, para que todos os que nele crerem, também poderão passar pela experiência da Ressurreição. O Verbo Encarnado veio ser presença de Deus em nossas vidas, na realidade histórica humana. Deus Pai testemunhou seu imenso amor, entregando seu Filho unigênito, para que tenhamos a vida. Resta-nos abrirmos para o dom do amor maior, pondo-nos a serviço da vida dos nossos irmãos.

Tudo por amor e nada sem Ele. “A medida do amor é o amor sem medida”, já nos alertara Santo Agostinho. O projeto de Deus se fundamenta na essência do amor. Sem o amor, nada aconteceria. O sonho de Deus é o sonho do amor que leva a vida. Vida que não existe sem o amor. Ao nos projetar no seio do kósmos, Deus nos engravidou com o seu amor. Jesus, não somente anuncia este amor, como o incorpora em si, dando a sua vida para que se cumprisse a promessa de Deus desde os nossos antepassados: “conforme prometera aos nossos pais em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. (Lc 1,55) Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história.

Ao dar-nos o seu Corpo na Eucaristia, Jesus comunica-nos a sua vida de ressuscitado e alimenta a nossa fé na caminhada. A Eucaristia é a garantia de ressurreição. Ele abriu-nos o caminho da vida eterna porque se entregou à morte por nosso amor. Na oferta de Si mesmo, venceu a morte. Na Eucaristia, Jesus renova o dom de Si mesmo. Receber a Eucaristia é receber Aquele que se ofereceu por nós até à morte e, portanto, receber a força para percorrer o mesmo caminho dele.

“Eu sou o pão da vida”. (Jo 6,35). Jesus é o Pão eucarístico que sacia a fome dos que creem. Podemos dizer que o capítulo seis de São João é um “discurso eucarístico”. Ao declarar-se o pão da vida, Ele se apresenta como o revelador da verdade, o mestre divino que veio para alimentar a humanidade. N’Ele há a personificação da revelação, ou revelação personificada. Utiliza-se o simbolismo do pão e do maná para descrever a sua própria revelação e o significado da origem de sua pessoa. Assim, Jesus está presente na Eucaristia de modo único e incomparável, como nos revela um dos documentos da Igreja sobre a Eucaristia: “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo; está presente nela de modo sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho” (Catecismo da Igreja Católica, 1374).

O pão da vida que é Eucaristia. A Eucaristia é dom total de Cristo, o centro da nossa vida pessoal e comunitária. Jesus dá a si totalmente a nós. Ao dar-nos o seu Corpo eucarístico, Ele nos comunica a sua vida de ressuscitado, alimentando a nossa fé, a nossa vida, os nossos sonhos de viver em plenitude. A Eucaristia é o Senhor Ressuscitado que se dá a nós. Dando a sua vida, Ele nos abriu o caminho da vida em plenitude (eterna) porque se entregou à morte por amor a todos nós. Ao ofertar a Si mesmo, Ele venceu a morte. Desta forma, na Eucaristia, Jesus renova o dom de Si mesmo, como o evangelista Lucas assim descreve: “A seguir, Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, o partiu e distribuiu a eles, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim.” (Lc 22,19)

Jesus se apresenta como aquele que veio de Deus para dar a vida definitiva a todos nós. O pão da vida quer ser vida em nossas vidas. N’Ele e com Ele, nos tornamos pão que alimenta. Participar da mesa da partilha da Eucaristia é receber Aquele que se ofereceu por nós até à morte e, portanto, receber a força para percorrer o mesmo caminho d’Ele. Comungar é tornar-se um perigo. Por isso catamos em nossas comunidades: “Receber a comunhão com este povo sofrido, é fazer a aliança com a causa do oprimido”. Ver e acreditar para caminhar. Ver e acreditar para ressuscitar, assumindo as causas da vida. Não existe salvação sem Ressurreição. É ver para crer, confiantes de que Ele aqui está. Diante das dificuldades, perseguições e ameaças, é o Pão que nos dá força para seguirmos andando em frente.

Luiz Cassio

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