Quarta feira da Quinta Semana da Páscoa. Festa de São José, o operário de Nazaré. A liturgia da Igreja Católica consagra a São José o dia 19 de março. Todavia, em virtude de sua função de trabalhador (carpinteiro), no dia 1º de Maio, dia do trabalhador, a Igreja faz memória ao homem que, diante de uma sociedade extremamente machista e patriarcal, com coragem e fé, assume Maria, grávida, como sua mulher e também a paternidade de Jesus de Nazaré. Coube ao Papa Pio XII, em 1955, instituir a festa de “São José Operário”, dando aos trabalhadores um protetor. O humilde José, artesão de Nazaré, educando Jesus, o Filho de Deus, que participou em tudo da condição humana.

Dia de São José, dia de todos os trabalhadores. Dia da Família trabalhadora da periferia de Nazaré. Eu não poderia ter começado o meu dia de hoje, senão rezando diante do túmulo do pastor e profeta dos pobres trabalhadores do Araguaia. Como um autêntico trabalhador do Reino, Pedro, este sim, fez também a sua opção pelos trabalhadores. Na sua intimidade com a família de Nazaré, chamava José de o “Compadre de Nazaré”. Sem apego ao devocionismo fundamentalista, típico em nossa Igreja, Pedro traduziu assim a participação família de Nazaré na vida de Jesus: “No ventre de Maria, Deus se fez homem. Mas na oficina de José, Deus também se fez classe”. Família de operários do Reino.

O Dia do Trabalho ou Dia do Trabalhador é celebrado anualmente em 1º de maio. Um dia especial para os trabalhadores, pois se comemora a luta histórica de todos eles e elas, por melhores condições de trabalho. No Brasil, a data é celebrada desde 1925, quando virou decreto após a Greve Geral em 1917. Entretanto, as maiores mudanças só vieram com a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943. A data de primeiro de maio passou a ser celebrada a partir da década de 1910 pelo movimento dos trabalhadores, que se consolidava e ganhava força no país. Desta forma, o fortalecimento da causa trabalhista no Brasil, fez com que o 1º de maio se transformasse em um dia de luta pela garantia dos direitos trabalhistas. O que seria do mundo sem a força produtiva dos trabalhadores e trabalhadoras?

No dia dos heróis e heroínas de nossa pátria, celebramos São José, sob a ótica de um contexto pascal. O homem Jesus de Nazaré é o Ressuscitado para a gloria de Deus Pai e pela nossa felicidade. O crucificado é um vivente no meio de nós, graças ao poder de Deus de gerar a vida, mesmo a partir das forças da morte. A sintonia perfeita entre Pai e Filho, fez com que também nós experimentássemos a divindade transcendental de Deus, pois o Verbo que se fez carne é o nosso digno representante diante do mistério pascal de Deus. De um casal humilde de Nazaré, veio-nos o Filho, que é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo de mútua comunicação.

Permanecer para pertencer. A liturgia desta quarta feira nos faz refletir sobre uma das metáforas anunciadas por Jesus sobre si mesmo: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor”. (Jo 15,1) Entretanto, o eixo central desta perícope de hoje é a palavra “permanecer”. Ela aparece pelo menos oito vezes, já que Jesus quer dar o enfoque de que se não permanecermos unidos à Ele, de nada somos ou valemos: “Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo 1,5) A exigência principal de Jesus neste contexto é o “permanecer” n’Ele e com Ele. Quem permanece unido a Ele, vive e pode dar muitos frutos. Quem produzir frutos será chamado a produzir ainda mais. Permanecermos com Ele é fazer a escuta atenta das suas palavras e estarmos dispostos a sair de nós mesmos para assumirmos a condição de servos de todos pelo Reino. “Servus Servorum Dei” (Servo dos Servos de Deus).

O sentimento de pertença ao grupo de Jesus está intimamente relacionado com o “permanecer n’Ele. “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós…” (Jo 15,7) para os que creem verdadeiramente, sem Jesus nada se pode fazer. Só Ele é o fundamento da nossa caminhada de fé. Não podemos jamais transformar a nossa experiência de fé numa estrutura institucional de participação na vida de Jesus. Unida a Jesus, cada pessoa é chamada a testemunhar esta relação com Ele, trabalhando pela construção do Reino. O fruto que cada um de nós é chamado a produzir é o amor. Amar e amar intensamente até as últimas consequências. Em clima de Amizade Social, como nos pede a Campanha da Fraternidade deste ano, saibamos que a amizade é dom de Deus e Jesus é o amigo que dá a vida pelos amigos. A missão de todos nós não nasce da obediência a uma lei, mas se concretiza no dom livre de quem participa com alegria da tarefa comum, que é testemunhar o amor de Deus que quer dar vida plena para todos, todos, todos.