Quarta feira da Vigésima Quarta Semana do Tempo Comum. Estamos fechando a segunda dezena do mês de setembro. Se para a Igreja Católica, este é o mês dedicado à Bíblia, para a sociedade civil mundial, este é o mês do “Setembro Amarelo”, de “Prevenção ao Suicídio”. Uma campanha que acontece a nível mundial. O lema para a campanha deste ano de 2023 é ”se precisar, peça ajuda!” Não estamos sozinhos neste mundo. A vida é o dom mais precioso que Deus nos deu. O dia de hoje está indo embora, mas o amanhã será diferente. Quando alguém chega ao ponto de atentar contra a própria vida, prova mais uma vez que fracassamos enquanto sociedade. Como nos alerta Augusto Cury: “Nunca despreze as pessoas deprimidas. A depressão é o último estágio da dor humana”.

Nossa fé caminhante, precisa ser fortalecida e amadurecida. Uma das formas de fortalecer a fé é tomar contato, de forma consciente e objetiva, com a Palavra de Deus. A Bíblia é um dos lugares privilegiados do encontro com Deus. Ler, meditar e rezar, tendo a Palavra de Deus como fonte maior de inspiração. Saber ouvir a palavra que nos comunica o sonho de Deus para nós, como está descrito num dos livros sapienciais: “Meu filho, escute e receba os meus conselhos, e eles multiplicarão os anos de sua vida”. (Prov 4,10) Não existe meio-termo: ou seguimos o caminho da sabedoria, que leva para a justiça e a vida, ou caímos na estupidez e insensatez, que produzem a injustiça e a morte. Saber ouvir a palavra de Deus é o passo mais importante de uma vida de fé.

A onisciência de Deus sabe tudo! Onisciência que é uma das palavras utilizadas para explicar o ensino bíblico, de que Deus conhece plenamente e perfeitamente todas as coisas. Onisciência que tem a sua origem latina, formada pela combinação de dois termos: “omni”, “todo” ou “completo”, e “scientia”, que significa “conhecimento”. Desta forma, ser onisciente é saber de tudo. Deus sabe do nosso destino, sabe das nossas fraquezas e também das nossas forças. Portanto, escutar Deus que fala através de sua Palavra Divina, é a chave para a realização humana, numa vida longa e próspera. Vida em Deus, para Deus, acolhendo os filhos seus.

Palavra de Deus que nos comunica no dia de hoje as ações de Jesus durante o seu messianismo na Palestina. Estamos refletindo o capítulo sete do evangelista São Lucas. Se antes, neste mesmo capítulo, Jesus se depara com um oficial romano à quem muito é elogiado por causa da sua fé, passando pela ressurreição de um jovem filho único de uma viúva; hoje o Mestre Galileu critica a incoerência daquela sociedade de seu tempo. “Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem? São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes!’ (Lc 7,31-32)

As autoridades religiosas que se comportam de maneira infantil: acusam João Batista ser louco, porque é severo demais; acusam Jesus de boa-vida, porque é muito condescendente. Uma sociedade que dá mostras de não saber o que quer para si. Criticam João Batista, acusando-o de muito radical, que construiu a sua ação profética a partir do deserto, como lugar teológico. Criticam Jesus, porque se mistura com a genitália: pagãos, pecadores, prostitutas, cobradores de impostos. Gente da ralé. Uma sociedade que não entendeu nada da missão libertadora de Jesus: “Eu não fui enviado, senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. (Mt 15,24) .

A fé se estrutura e solidifica no caminho que fazemos com Jesus. O caminho de Jesus é espinhoso, pois transita entre aqueles que mais necessitam de cuidados, acolhida, compaixão e misericórdia. Assim, o caminho de Jesus é a pedagogia que nos ensina a fazer a história dos pobres que anseiam por um mundo mais justo, mais humano e mais fraterno. Com efeito, Jesus traz o seu projeto para uma ordem nova, a libertação que leva as pessoas à uma relação de partilha e fraternidade, substituindo as relações anteriores de exploração e dominação. Daí o motivo por que o caminho de Jesus e todos os acontecimentos desta vida são importantes para revelar as dimensões de uma vida nova e educar as pessoas para um novo modo de ser e agir. Que tenhamos a sabedoria da poetisa goiana Cora Coralina (1889-1985), que dizia: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”. Que tenhamos muitos frutos a colher, em tempos de primavera! Longe de nós uma fé acomodada e indiferente.