Segunda feira da Vigésima Sexta Semana do Tempo Comum. Estamos dando passos dentro do mês de outubro, que é conhecido como o mês missionário. A grande padroeira das missões é Santa Teresinha do Menino Jesus, que no dia de ontem celebramos o seu dia. A Igreja é missionária por excelência, como afirma o Decreto Conciliar Ad Gentes do Concílio Vaticano II (1962-1965), sobre a atividade missionária da Igreja: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo” (AG,6). Mesmo passando grande parte de sua vida enclausurada num Carmelo, Santa Terezinha viveu sua identidade missionária, dedicando-se a rezar pelas vocações.

No mês especial das missões, lembramos hoje dos Santos Anjos da Guarda, companheiros de nossa caminhada nesta vida. Numa sociedade plugada nas tecnologias, com predominância das redes digitais, soa estranho falar de anjos. Todavia, a origem destes remonta ao século V, quando os países europeus passaram a comemorar os anjos da guarda. A criação da data foi autorizada pelo Papa Clemente X e somente depois foi divulgada publicamente pelo papa Paulo V, em 1670. Na data de hoje, são lembrados os anjos protetores de cada pessoa, conforme acredita o Catolicismo. Segundo a Igreja Católica, anjo da guarda é aquele que tem a função de proteger as pessoas desde o seu nascimento. Acreditando ou não, é sempre bom ter um anjo que nos proteja nas intempéries da vida.

“Eu sou aquilo que Deus pensa de mim”, dizia Santa Terezinha do Menino Jesus. Deus tem um plano para cada um de nós, para vivê-lo integrado à comunidade. Nenhum de nós vive para si mesmo, pois é na vida comunitária que nos realizamos e damos a nossa contribuição na construção do Reino. Trabalhar na missão é ser evangelizador, defendendo as causas do Reino. Viver a fé integralmente é testemunhar a presença do Filho de Deus no meio de nós. Ele que não veio para julgar ninguém, mas manifestar a misericórdia de Deus. A amorosidade do Pai que conhece nossas fraquezas e nossas limitações. Em Jesus, Ele demonstra misericórdia quando perdoa nossos pecados e nos ajuda a voltar a viver em Sua presença.

“Só se caminha em companhia. Só se vive humanamente, cristãmente em amizade”, dizia-nos, nosso bispo Pedro. Era assim que ele vivia a sua vida missionária, nas terras mato-grossenses, defendendo as causas dos pequenos e marginalizados. É assim que somos desafiados a viver a vida cristã, assumindo o compromisso em defesa da vida para todos. Toda a vida, a vida toda! Ser missionários sem a pretensão de buscar privilégios, prestígios, poder e regalias, mas os últimos lugares, como Santa Terezinha nos dizia: “Ocupemos o último lugar. Ninguém brigara convosco por causa dele”.

No Reino não há lugar para aqueles que buscam poder, como fica explícito no texto que hoje o evangelho nos oportuniza refletir, com a pergunta dos discípulos a Jesus: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” (Mt 18,1). Ele não responde de imediato, mas faz alusão às crianças: “se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”. (Mt 18,2) Para fazer parte do Reino não basta querer, é necessário passar por um processo de conversão: mudança radical de vida; mudança de atitude; mudança de pensamento. Mudança que começa dentro de nós, mas que se exterioriza nas ações que fazemos, através de nossa prática coerente de fé: “a fé sem obras é morta”. (Tg 2,26)

Jesus e as crianças. Ele quebra todos os paradigmas quando se aproxima delas e as referenciam como destinatárias primeiras do Reino. Considerando que no tempo de Jesus, o contexto social e a tradição religiosa, as mulheres e as crianças eram amaldiçoadas, pois eram consideradas pessoas impuras. Diante deste contexto perverso e, fiel a sua experiência do Deus da Vida, Jesus acolhe, toca, abraça, as inclui e as faz partícipes, em vez de rejeitar, agredir, excluir. O Reino de Deus pertence a elas. Por outro lado, os discípulos, ainda estão presos à ideia de uma sociedade onde existem diferenças de grandeza. Estão mais preocupados em manter a ordem, em seguir as normas e leis de suas tradições religiosas. Jesus está a nos falar hoje que o Reino é Vida! Que as crianças também são capazes de viver a proposta d’Ele, que veio ao mundo como criança, para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).