26 de dezembro. O clima é de Natal. A ressaca do outro “natal” ainda está no ar. O Menino-Deus nasceu mais uma vez no meio de nós, muito embora não tenha renascido para aqueles que continuam na mesmice, seguindo a vida como dantes: indiferença, pouco-caso, acomodação. O Jesus revolucionário de Nazaré, não chegou e nem renasceu nestes corações, povoados de mesquinharias.

No entanto, Deus continua apostando suas fichas na humanidade e conta com cada um e cada uma de nós. Foi assim também com o personagem que celebramos neste dia. No dia de hoje, a Igreja traz a memória da Festa de Santo Estêvão. Considerado o primeiro mártir da história do cristianismo e, por este motivo é chamado de protomártir.

Estevão era um apaixonado pela fé que possuía. Por este motivo, era conhecido por ser um homem “cheio do Espírito Santo”. Sua prática de fé, chamava a atenção dos judeus e hebreus que eram ardorosos perseguidores dos primeiros cristãos. Um de seus conselhos ficou bastante conhecido: “Sejais, finalmente, fortes; que não vos ensoberbeça a prosperidade nem te desanime na adversidade”.

Estamos a passos largos em direção a mais um final do ano civil, muito embora já estejamos caminhando firmemente dentro do Ano Litúrgico B. Liturgicamente, este ano, tem a especificidade de nos lembrar da importância da fé e da confiança total em Deus. Neste sentido, o evangelista Marcos nos ajuda aprofundar nossa relação pessoal com Jesus, aproximando-nos D’Ele com o coração aberto e sincero.

Marcos é o Evangelho ao qual nos debruçaremos ao longo deste ano litúrgico. Mas, por enquanto, seguimos com Mateus, que nos traz no dia de hoje uma longa conversa de Jesus com os seus apóstolos, preparando-os para os enfrentamentos na missão: “Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas”. (Mt 10,17)

Os principais adversários de Jesus foram as lideranças religiosas que estavam dentro do Templo de Jerusalém. Os maiores adversários da Igreja, são aqueles que estão dentro da própria Igreja. Exatamente desta forma que está acontecendo com o Papa Francisco. Padres, bispos e cardeais que não lêem o que Francisco escreve, e nem ouvem o que ele diz. “Os piores inimigos da Igreja estão dentro dela”, dizia o Papa Pio X.

O caminho do cristão é o caminho da cruz. Há que testemunhar a fé que se tem com a própria vida. Fé sem testemunho e sem compromisso com as verdades do Evangelho, é mero devocionismo. O seguidor, a seguidora de Jesus passará pelos mesmos enfrentamentos que Ele teve, se quisermos caminhar coerentemente com a nossa fé. Fé do testemunho verdadeiro.

O texto do Evangelho de hoje quer nos dizer que os seguidores, as seguidoras de Jesus terão o mesmo destino d’Ele: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Sim, porque essa missão atingirá os interesses de muitos e, por este motivo, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das próprias famílias. “Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 10,22), garante-nos Jesus.