Terça feira da Segunda Semana do Advento. No horizonte de nossa fé aponta aquele que vem nos salvar a todos. O tempo é de espera, mas de quem vai ao encontro da família de Nazaré. No ventre sagrado da Mãe está aquele que é, que era e que vêm. “Tu vens! Tu vens! Eu já escuto os teus sinais!”

Uma terça de festa para a Igreja Católica. Celebramos hoje a Estrela da Evangelização dos povos, socorro dos indígenas e pobres. A Virgem de Guadalupe é a “grande missionária” que levou o Evangelho ao Continente Americano. Continente este tão massacrado pela força do opressor colonizador, inclusive com a convivência da Igreja, que se aliara ao europeu que aqui chegou, com os seus cruéis planos de morte e destruição.

Na festa da Senhora de Guadalupe, a liturgia desta quarta feira é bastante significativa e forte. O evangelista Lucas se encarrega de narrar para nós um trecho do início de seu evangelho, contando-nos sobre o encontro de duas mulheres fortes e guerreiras: Isabel e Maria. O Antigo Testamento abrindo as portas do Novo.

De um lado, uma gravidez de alto risco. Uma mulher já avançada em sua idade, traz no ventre o Precursor, aquele que vem preparar os caminhos; de outro, aquela mulher pobre e marginalizada da periferia de Nazaré, que entrou para a história do projeto de Deus, sendo protagonista da salvação de toda a humanidade.

Deus caminhando na contramão, subvertendo a dinâmica da história com a entrega confiante de Maria aos planos do Pai. Uma mulher que saí de si e presta toda a sua dedicação å causa dos mais sofridos. Maria solidária e cuidadora dos que mais necessitam de cuidados: Isabel. A história de Deus, acontecendo no protagonismo feminino, diante de uma sociedade marcadamente machista e patriarcal.

Apesar da presença decisiva da mulher nos planos de Deus e o protagonismo feminino desde os primórdios do cristianismo, a Igreja pouco aprendeu ao longo da história. As mulheres continuam marginalizadas e sem nenhum poder de decisão dentro da Igreja. O pior é quando algumas destas mulheres vivem bajulando padres e bispos, massageando seus egos inflados de vaidade de um clericalismo autoritário e centralizador.

Maria, Isabel e tantas outras mulheres, são as paradigmáticas da vivência de um cristianismo que sai de si mesmo e vai aonde o povo pobre está. Não existe cristianismo sem as guerreiras mulheres, servidoras do Reino. Na festa da Mãe, a Senhora de Guadalupe, aprendamos a ser como as mulheres, quebrando barreiras, descolonizando e desevangelizando as ideias colonialistas que insistem em nos querer dominar!