Sexta feira da Segunda Semana do Tempo Comum. Este dia nos abre as portas do horizonte de mais um final de semana. Janeiro vai passando muito rápido! O tempo vai passando e a primavera de nossas vidas vai perdendo o brilho das flores, mas incorporando o nosso ser de experiência, sabedoria e serenidade, que é própria da idade. Viver é a arte de amar no limite das nossas forças, e valorizar cada instante como se fosse o último. Olhando sempre no horizonte, mas com os pés assentados no chão da história, para que os passos sejam firmes e conexos no esperançamento da realidade.

Realidade que nos traz algo muito importante a ser comemorado no dia de hoje. Neste dia, no ano de 1933, o Planeta Terra era premiado com a presença de um grande ser humano. Nascia na cidade de Saltinho (SP), Angélico Sândalo Bernardino. Dom Angélico foi nomeado bispo-auxiliar de São Paulo pelo Papa Paulo VI, em 12 de dezembro de 1974, cuja ordenação episcopal aconteceu no dia 25 de janeiro de 1975, pelas mãos do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Teve uma atuação marcante em favor das populações menos favorecidas, e sendo bispo responsável pela Pastoral Operária. Foi Vigário Episcopal das Regiões Episcopais em São Miguel Paulista, antes de se tornar diocese. Foi Presidente do Regional Sul 1 da CNBB (1983-1987). Foi também responsável pela Cáritas no regional Sul-1 da CNBB e diretor do Jornal O São Paulo.

Bispo dos bons, homem de Deus! Tive a oportunidade de conhecê-lo mais de perto, quando cheguei para trabalhar na Região Episcopal de São Miguel Paulista (SP), nos meus primeiros anos de sacerdócio, trabalhando com as comunidades na periferia da Zona Leste. 91 anos de vida de quem se fez pura entrega pelas causas do Reino. Muito nos ensinou com o seu exemplo de vida doada, numa radicalidade evangélica, inspirando-nos a sempre lutar pelas causas dos pequenos. Sorriso largo e pronto com uma palavra de esperança nos lábios. Parabéns Dom Angélico Sândalo Bernardino!

Vocação ou chamado? Em algumas pessoas que conhecemos na História da Igreja, estas duas palavras se fundem numa mesma e única dimensão. Na verdade, “Vocação” e “Chamado”, são uma só e a mesma coisa. Segundo a etimologia destas duas palavras, ambas provêm do verbo grego “kaleo” que significa “chamar ou convocar”. Todavia, dentro do contexto bíblico, vocação e chamado, possuem características distintas, mas que se complementam. Todos os que creem são, de alguma maneira, chamados. Entretanto, dentre os chamados, há uma vocação específica, pois Deus escolhe, a dedo, no tempo e no espaço, pessoas especiais para os trabalhos, dentro da Igreja e fora dela, sempre levando em conta os dons e talentos que cada um de nós possui.

A vocação cristã é o chamado de Deus feito a cada um de nós para vivermos felizes como seguidores e seguidoras de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. É uma das opções que se tem na vida, de quem encontra em Jesus o sentido para a vida, colocando-o no centro de todo o nosso agir humano. Desta forma, Ser cristão, ser cristã, é um chamado para estar ligado à pessoa de Jesus, e direcionar a vida à luz dos valores do Evangelho. Quem assim age e pensa, precisa saber que não terá vida fácil e nem isenta de desafios e obstáculos, mas diante deles, terá a força necessária da presença do Ressuscitado, para continuar lutando. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31)

O texto que a liturgia de hoje nos traz, diz respeito ao chamado que Jesus faz a seus discípulos. Dentre a multidão e os muitos seguidores, Jesus escolhe doze para compor o primeiro grupo daqueles que formariam a primeira comunidade cristã. “Chamou os que bem quis”. (Mc 3, 13) Um pequeno grupo que será o começo de tudo o que Deus sonhou com o seu Projeto do Reino. A missão desse pequeno grupo compreende três atitudes básicas: comprometer-se com Jesus, ou seja, estar com Ele; anunciar (pregar) falar e viver o Reino; libertar as pessoas de tudo aquilo que as escraviza e as aliena (expulsar os demônios). Comprometer-se com Jesus é levar adiante a sua proposta, sendo presença do Deus libertador na sociedade.

Ouvir e aceitar o chamado faz parte da resposta de todos aqueles e aquelas que fomos chamados. A decisão é livre e pessoal! Em aceitando o convite, entramos assim para o grupo de Jesus, acarretando numa imensa responsabilidade sobre as nossas vidas. Todos e todas somos chamados para viver a nossa vocação neste mundo. Erra quem pensa que somente os padres, as freiras e os bispos são os únicos chamados. Viver a vocação no dia-a-dia é muito mais do que participar da missa aos domingos, adorar o santíssimo, confessar e comungar, não fazer mal a ninguém… É ser um com Jesus onde quer que estivermos, levando adiante a sua proposta. Mais do que ter fé em Jesus, somos desafiados a ter a mesma fé d’Ele, pelos caminhos da vida. Comungar este Jesus é um perigo! Você já parou para pensar no seu chamado e na vocação que recebeu com este chamado?