Quarta feira da Vigésima Nona Semana do Tempo Comum. Estamos caminhando apressadamente para o final de mais um mês na nossa história. A primavera segue prejudicada por aqui, uma vez que as chuvas que caíram até agora, não foram suficientes para um reflorescer em plenitude. Entretanto, teimosa que é, a estação das flores se manifesta na vida renovada de sua folhagem esverdeada e nas suas múltiplas flores, encantando os nossos olhares, aromatizando as nossas vidas. Deus é bom em tudo na sua dádiva de amorosidade e na sua gratuidade generosa, nos agraciando com Mãe Natureza.

“Se soubesse que o mundo se acabaria amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore”, assim pensava o pastor batista e ativista estadunidense Martín Luther King (1929-1968). Quem planta uma árvore colhe vida! Neste espírito maluco que tomou conta da humanidade, que sacrifica as árvores, precisamos de mais corações que se abrem em florescimento, em sintonia com a natureza. Ela é a fonte principal da nossa subsistência. Sem ela, nos tornamos todos cumplices da nossa própria destruição e fracasso. Com a nossa ajuda, “O planeta entrou no passivo ambiental”, alerta-nos o indígena Ailton Krenak.

O dia 25 de outubro é uma data que precisa ser sempre lembrada por todos nós. Hoje é o Dia Internacional Contra a Exploração da Mulher. Data esta que foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), oportunizando a nossa reflexão acerca das desigualdades e discriminações de gênero, que ainda persistem em nossa sociedade. Os problemas relacionados com esse fato são gritantes, no que diz respeito à igualdade de gênero e a luta contra toda discriminação. Muito há que avançar, possibilitando às mulheres viverem em condições de igualdade aos homens. Como expressaram elas, na última marcha mundial: “O feminismo nunca matou ninguém. O machismo mata todos os dias”.

Deus é gratuidade! Deus é dádiva de si mesmo! Deus se dá a todos na ternura e na amorosidade de sempre! Foi assim na caminhada com o povo semita no Antigo Testamento. É assim com Jesus que veio nos trazer um Deus mais próximo de nós, se fazendo Ele mesmo, um de nós. “Deus é tudo em todos”. (1Cor 15,28) Somos filhos e filhas da divindade máxima da nossa fé e formamos a grande família dos filhos e filhas deste Deus que acolhe e dá oportunidade a todos, de com Ele caminhar. Somos as escolhas de Deus: “Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça”. (Jo 15,16)

Na gratuidade de Deus, muito nos foi dado. Por este motivo há uma grande responsabilização sobre tudo aquilo que Deus nos dá. Como o texto do Evangelho de hoje nos alerta: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” (Lc 12,48) Os dons e as graças recebidas de Deus não são para ser escondidas, guardadas a sete chaves, mas devem ser colocadas à serviço das causas do Reino. Desta forma, a nossa responsabilidade se torna grande e preocupante, pois haveremos de prestar contas de todas elas. Ai daqueles que esconderam seus talentos e não os colocaram a serviço do bem viver!

O contexto do texto de hoje nos mostra Jesus realizando com os seus discípulos à sua grande viagem rumo à Jerusalém. Enquanto isso, aproveita-se para orientar os seus acerca da Parusia, ou seja, a Segunda Vinda de Jesus. Recordando que Parusia, em grego significa “presença” ou “vinda”. Aqui ela está sendo empregada num sentido escatológico para expressar o retorno do Cristo Ressuscitado no final dos tempos. Apesar da cobrança acerca dos talentos distribuídos, é um contexto de alegria, pois anuncia a vinda e a presença do Senhor consumando a história.

“Vigiai, diz Jesus, vigiai, pois, no dia em que não esperais, o vosso Senhor há de vir”. (Mt 24,42-44) Não sabemos nem o dia e nem a hora que Ele há de vir, por este motino, é necessário ficar sempre atentos e alertas. Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, e a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Uma espera ativa e operante, que não nos surpreenda. Se as dádivas de Deus foram realizadas na gratuidade, devemos também nós, sermos gratuidade nas relações, fazendo uso dos dons que Deus nos premiou, respondendo sempre a pergunta: que dons reconheço em mim vindos de Deus? O que tenho feito com eles, na gratuidade do Reino e nas relações? Sou agradecido por tudo àquilo que Deus me proveu nesta vida? Estou pronto a prestar contas de tudo o que Deus me concedeu? Tenhamos sempre em mente: “A quem muito foi dado, muito será pedido!” (Lc 12 48)