Terça feira da Vigésima Terceira Semana do Tempo Comum. O mês da Bíblia vai se consolidando. Já estamos caminhando para meados dele. Para as comunidades católicas, setembro é o tempo em que a Igreja no Brasil vivencia um período do ano oportuno para o conhecimento e reflexão da Palavra de Deus. Setembro é o mês da Bíblia. Esta iniciativa é motivada pela Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Este é o tempo oportuno para estudo e maior conhecimento da Palavra de Deus. Neste ano, o livro bíblico escolhido para aprofundamento é a Carta de São Paulo aos Efésios, com a inspiração “Vestir-se da nova humanidade!” (Ef 4,24) Um olho na Bíblia e outro na realidade.

A Bíblia é o livro sagrado de todos os cristãos. Ela é a Palavra de Deus, que foi registrada por escrito para responder inicialmente às grandes perguntas e desafios da humanidade e assim, nos ensinar a viver, como Paulo em uma de suas cartas assim nos assegurou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra”. (2 Tm 3,16-17) É na Palavra de Deus que encontramos o alimento da nossa fé e a força para o testemunho na caminhada.

Inspirada por Deus há nela uma disposição didático-catequética, desenvolvendo um percurso pedagógico formativo. Desta forma, os livros da Bíblia estão organizados por temas assim distribuídos: Pentateuco, os cinco primeiro livros, indo do Gênesis até o Deuteronômio, descrevendo a origem da humanidade, inclusive com as leis da Antiga Aliança, os Dez Mandamentos. Depois vem os livros históricos, de Josué até Ester, narrando a história do povo de Israel. A terceira parte é constituída dos livros de poesia e de sabedoria, indo de Jó ao Cântico dos Cânticos, que são considerados poemas de louvor a Deus. Fechando o Antigo Testamento, temos os livros proféticos, começando por Isaías que vai até o profeta Malaquias, contendo as revelações que Deus deu a vários profetas sobre o futuro de Israel e a vinda do Messias, na pessoa de Jesus.

O Novo Testamento inicia com os Evangelhos Sinóticos de Mateus, Marcos e Lucas. Fechando esta parte, vem o Evangelho de João. Trata-se de biografias e livros históricos, começando em Mateus indo até os Atos dos Apóstolos, contando toda a trajetória da vida e das obras de Jesus, culminando com o início da igreja. Posteriormente, temos as cartas que vai de Romanos até Judas. Receberam também o nome de epístolas, que são aquelas cartas escritas por alguns dos apóstolos às igrejas para ensinar o conteúdo fundamental sobre a vida com Cristo. Fechando as portas do Novo Testamento, temos o Livro do Apocalipse. Nem sempre compreendido, trata-se de um livro profético, escrito por São João, que descreve a revelação de Deus, motivando as comunidades primitivas, num clima de estrema perseguição e morte dos primeiros cristãos. Foi escrito num linguajar cheio de simbologias, para que o texto chegasse às mãos dos destinatários, sem ser censurado e confiscado pelo poder romano.

No texto de hoje vemos um pouco da dinâmica de Jesus ao chamar os seus discípulos. Chama-os para fazer parte de seu grupo, não sem antes passar por um momento de profunda sintonia com o Pai em forma de oração. Chamou os que quis chamar. Gente simples de todo tipo, com todas as suas limitações e imperfeições. Como discípulos d’Ele, preparou, instruiu e os capacitou para se tornarem apóstolos seus, levando adiante a proposta do Reino, como testemunhas do que viram e aprenderam com Ele. Como muitos seguiram a Jesus como discípulos seus, Ele constituiu um pequeno grupo de Doze pessoas e as enviou como apóstolos da caminhada com Ele. Um olho na Bíblia e outro na realidade. Enviados a evangelizar.

De discípulos escolhidos e chamados, Jesus faz deles apóstolos das mesmas causas d’Ele. A palavra “discípulo” é de origem grega “mathetes”, ou “mathitis”, que significa “aprendiz”, “aluno” ou “protegido”. O Discípulo é aquela pessoa que se dispõe a aprender com um determinado mestre. Já a palavra “apóstolo”, que também possui a sua origem grega, indica aquela pessoa que é enviada por alguém como um tipo de mensageiro. Ou seja, o apóstolo é um representante de outra pessoa que age sob a ordem e a autoridade de quem o enviou. No caso especifico dos seguidores de Jesus, os discípulos são enviados como apóstolos para trabalharem por uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para tanto, é necessário libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Como cantou Maria em seu Magnificat: “derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias”. (Lc 1,52-53)