Terça feira da Terceira Semana da Páscoa. Entramos na segunda quinzena do mês de abril. Lembrando que este mês é aquele, que a Igreja Católica dedica a Eucaristia e ao Espirito Santo. A Eucaristia é o centro da vida da Igreja. Ela é o Sacrifício de Cristo que se atualiza (torna-se presente) no altar, na celebração em nossas comunidades. Ela é o Alimento (banquete) do Cordeiro, que se dá como alimento na nossa caminhada de fé. Na Eucaristia fazemos o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, a maior prova de amor de Jesus para conosco. E o Espírito Santo é quem nos dá a força necessária para darmos continuidade à mesma missão de Jesus. Como diria São João Crisóstomo (349-407): “Deu-se todo não reservando nada para si”.

A Celebração Eucarística não é show, nem espetáculo de autopromoção do personalismo egoísta do celebrante. Ela é memória, é o próprio sacrifício do corpo e do sangue de Jesus. É o banquete de Deus, onde Ele reparte o pão e o vinho, representado, relembrando o momento em que Jesus o fez, com seus apóstolos. Sua fundamentação bíblica está no Novo Testamento, em que ali, naquele momento com Jesus, ao celebrar a última ceia, na qual Ele mesmo se oferece a Deus e se comunga o Seu corpo e sangue convertendo substancialmente nas espécies de pão e vinho. Assim, neste rito sacramental comemoramos a paixão e a morte de Jesus, o pão vivo descido do céu.

Eucaristia é a mesa da partilha. Pão partilhado para saciar a fome. Pão em todas as mesas. Vida partilhada no serviço de amor doação total, pelas causas do Reino. Alimentar do pão que é Jesus, nos fazemos alimento aos caídos à beira da estrada. O pão nos aproxima de Jesus e faz de cada um de nós seguidores das mesmas causas d’Ele. Toda vez que comungamos, estamos assumindo o compromisso de levar adiante a proposta do amor que se transforma em vida plena para todos e todas. Por esta razão, não há compatibilidade entre uma sociedade que se fundamenta na injustiça, na desigualdade, fome e na exclusão, com o projeto de amor de Deus que Jesus veio nos trazer. Quando comungamos do pão que é Jesus, devemos lutar contra este tipo de sociedade.

“Eu sou o pão da vida, quem vem a mim não terá fome; assim nos fala o Senhor”. (Jo 6,35) Jesus é a revelação de Deus que põe o mundo em julgamento. Ele é a luz do mundo. Aproximando-nos desta luz, as nossas vidas ficam elucidadas. Os que vivem conforme a vontade de Deus aproxima-se de Jesus e o aceitam. Os que não vivem conforme a vontade de Deus, afastam-se dessa luz, rejeitando Jesus. Deus Pai testemunhou seu amor, entregando seu Filho único para que as pessoas tenham a vida. Diante desta amorosidade, ternura e compaixão, em forma de gestos concretos de doação, as pessoas tem a chance de responderem ao amor do Pai, abrindo-se para o dom maior do amor, pondo-se a serviço da vida dos irmãos, sobretudo daqueles que mais necessitam de cuidados.

Seguimos refletindo o Evangelho de João, que neste capitulo seis, nos traz a grande revelação de Jesus à multidão. “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. (Jo 6,35) Evidente que aquelas pessoas, ao verem Jesus naquelas condições, faziam referência a experiência que os antepassados tiveram com o maná no Deserto, que o livro do Êxodo relata. Ou seja, durante quarenta anos os israelitas tiveram maná para comer, até que chegaram a uma terra habitada, à fronteira de Canaã. (cf. Ex 16,13-36)

Ao pedirem um milagre, como o do maná do deserto, a multidão impõe certas condições para aceitar Jesus. Evidente que o pão do qual Jesus está dizendo à multidão não é o mesmo maná, mas está falando de si mesmo como alimento que sacia para sempre e que a multidão estava com dificuldade de compreender. Jesus se apresenta como aquele que veio de Deus para dar a vida definitiva às pessoas. Todavia, as autoridades religiosas da época não admitem que um homem pobre, vindo de Nazaré, possa ter origem divina e, portanto, possa dar a vida definitiva. Desta maneira, somos convidados a ler este texto de hoje, colocando-nos em clima de julgamento, para nos abrirmos à luz de Deus que, mediante Jesus, ilumina a nossa vida e nos leva a tomar uma decisão: aceitar e continuar a obra de Jesus para termos definitivamente a vida, ou rejeitá-lo e estarmos definitivamente condenados. A decisão é minha. A decisão é sua. A decisão é nossa. Afinal, Ele é o Pão que nos alimenta e que dá vida plena.