Sexta feira da Trigésima Quarta Semana do Tempo Comum. Dezembro chegou sextando! Novembro cumpriu a sua missão de nos fazer chegar até o último mês do ano. Um mês que nos abre um horizonte de esperança, pois para os que cremos, comemoraremos com alegria o aniversário d’Ele, o Filho de Deus que veio morar no meio de nós. O Menino Jesus é o esperançar de Deus que entrou na realidade humana, através de uma criança nascida na periferia no meio dos bichos. O Verbo encarnado é simultaneamente o princípio da criação e o fim último para o qual tende a pessoa humana, integrada ao cosmos.

Tempo de festejar, mas também de fazer um balanço geral de como está a nossa vida e o nosso comprometimento com as causas da vida. Rever a caminhada à luz dos valores cristãos, éticos e morais, fundamentados no Evangelho, nossa fonte maior de inspiração. A vida pede passagem e o nosso objetivo maior é viver e lutar para que todos tenham vida e vida em plenitude (Jo 10,10) Não basta estar neste mundo. É preciso estar e se fazer pela vida. O aqui e agora exige que tenhamos atitudes que favoreçam a nossa e a vida do outro. Eu não sou ninguém sem o outro que caminha na mesma direção do horizonte das mesmas perspectivas..

Caminhar é fácil, difícil é escolher o caminho por onde andar. A vida se faz na caminhada, como bem decifrou este enigma, o poeta modernista espanhol Antonio Machado (1875-1939): “caminante, no hay camino, se hace camino al andar”. O caminho se faz na caminhada, quando se enfrenta os obstáculos e desafios de cabeça erguida, os pés fincados no chão da vida da realidade, forjando o horizonte que se quer conquistar. A vida se faz na caminhada, um passo a frente do outro, fazendo a história acontecer, de um mundo que queremos ser. Na caminhada que faremos, qual será o legado que deixaremos, quando aqui findarmos a nossa missão? O que as pessoas dirão de nós, quando findarmos esta etapa por aqui?

O tempo litúrgico continua com os ensinamentos de Jesus. Ele ainda está no Templo, dialogando com os seus, mostrando-lhes o horizonte que se descortina. Ainda com o seu discurso escatológico. Este discurso, também conhecido como pequeno Apocalipse, abrange os capítulos 21 a 24 de Lucas: Destruição do Templo de Jerusalém (21,5-6),a Vinda do Filho do Homem (21,27) e o Final dos Tempos (21,26). Em todos estes contextos, Jesus adverte a seus discípulos para se prepararem contra os espertalhões que dirão que são Ele e/ ou que falam em seu nome. Também como fora dito anteriormente, Jesus os prepara para as perseguições e violências movidas pelo inimigo do Evangelho, mas em tudo isso, o discípulo, a discípula, deve caminhar em frente dando o seu testemunho cristão, levando adiante o Plano de Deus.

O fim dos tempos não é o mesmo que o fim do mundo, como alguns até possam imaginar. Jesus não tem a intenção de assustar os discípulos, insuflando o medo. A palavra de ordem da vez de Jesus é: “Coragem!” Tudo o que Ele mais quer neste dialogo com os seus, é que eles se revistam desta coragem para não se abaterem diante das coisas que irão acontecer no final dos tempos. “Quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto”. (Lc 21,31) O discipulo, a discipula, não podem ser movidos pelo medo, mas pela coragem e vontade de vencer. A covardia e o medo de lutar faz perder a capacidade de vencer.

O Reino de Deus está perto e está longe! Já e ainda não! “O Reino de Deus está dentro de vós”. (Lc 17,21) Está perto, quando acreditamos que, com o nosso testemunho e as nossas ações pela vida, acontecem no dia a dia de nossa caminhada. Está longe, quando nos deixamos vencer pelo pessimismo das ideias derrotistas do negativismo. O Reino já é uma realidade palpável entre nós, pois o dom maior da vida a temos presente em nós. O milagre do sopro da vida se faz em nós que aqui estamos, e fomos desenhados e forjados pelo gesto de mais puro amor, fecundando-nos no útero aconchgante de nossa mãe.

A nossa tarefa urgente é acreditar e com fidelidade, testemunhar sem esmorecer, dando continuidade à ação de Jesus neste mundo tão desumano. Estarmos preparados para o pior, mas acreditando que faremos o melhor de nós para que isto não aconteça. Não ficarmos esperando que as mudanças aconteçam de cima para baixo, ou fora de nós, mas seguindo o pensamento do indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), sejamos nós mesmos a mudança que queremos ver no mundo. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo, por ele prometido, impede que nos instalemos na situação de comodismo e indiferença, evitando assim que desanimemos, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável.