Quarta feira da Vigésima Semana do Tempo Comum. Festa de Santa Rosa de Lima (1586-1617). Uma grande mulher do final do século XVI e início do século XVII. Pertenceu a Ordem Terceira Dominicana e sua inspiração foi Santa Catarina de Sena. Filha de uma numerosa família bastante pobre adotou o lema “Pobre entre os pobres”. Santa Rosa foi a primeira mulher a ser canonizada no Novo Mundo, no ano de 1671, pelo Papa Clemente X. Ela é Padroeira do Peru, da América Latina, das Índias e das Filipinas. É também a santa protetora dos floricultores e jardineiros.

“A verdadeira penitência é uma contínua luta para tornar-se o que devemos ser, não o que gostaríamos de ser”. Esta foi uma das frases que Santa Rosa de Lima levou bastante a sério, no seu projeto de vida, ao se propor fazer o seguimento de Jesus de Nazaré. Este é também o convite que recebemos, ao nos colocarmos na caminhada com Jesus, se quisermos fazer parte de seu discipulado. Ser o que se é até as últimas consequências. Não nos moldarmos de acordo com as conveniências e circunstâncias que vamos vivendo ao longo da vida. O selo originário de nosso ser está impresso em nossa personalidade, desde que fomos criados na amorosidade do Pai. O sopro divino da criação impregna todo o nosso ser, por mais que não tenhamos a nítida noção do que isto representa.

23 de agosto é um dia emblemático para os que lutam pela justiça. Hoje é o “Dia Internacional de Combate a Injustiça”. Injustiça que é toda ação e/ou comportamento que se opõe à justiça. Ação esta que viola os direitos das pessoas. Dificilmente encontraremos uma pessoa que não tenha sofrido pelo menos um ato desta natureza ao longo da sua vida. Uma boa forma de homenagear o dia do combate à injustiça é revisar as nossas próprias atitudes e aceitar o desafio de mudá-las, mesmo que isto represente perdas de quaisquer naturezas. Quem se põe na luta pela justiça é alguém que está sempre indignado contra a injustiça. Lutar pela justiça para estarmos bem conosco mesmo, como diria o filósofo Platão: “Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado”.

Felizmente, já estou de volta ao meu Araguaia. Poucos dias fora, mas o suficiente para sentir vontade de voltar. São Félix é como um dos versos da canção mineira: “Não precisa ter, um pontinho preto no mapa, mas quando a gente se afasta, coração pede pra voltar”. Apesar do cansaço da viagem, o coração está muito feliz por ter defendido, na reunião em que participei as causas das escolas indígenas nas aldeias. Isto, diante de um contexto de desmonte sistemático das políticas públicas da educação aqui no Estado de Mato Grosso. Nos dias em que estive na capital, vivi intensamente um dos versos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935): “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

Apesar de ter “faltado à aula” dos rabiscos de ontem, aqui estou de volta, rabiscando a frente do velho companheiro computador, dando de cara com o evangelista da vez. Gosto de Mateus por causa de sua forma didático-pedagógica ao escrever o seu texto. De todos os evangelistas, ele é aquele que apresenta a didática mais clara e objetiva. Desde o seu início, entre o Prólogo (Mt 1-2) e a narrativa da morte e ressurreição de Jesus (26,3-28,20), ele organiza o assunto em cinco “caderninhos”, cada um contendo uma parte narrativa, seguida de um discurso. Em cada uma das narrativas que vai desenvolvendo, ele vai explicando, sendo que a palavra de Jesus é sempre apresentada como resultado de uma ação e, toda ação é sempre voltada para o ensinamento, anúncio, proclamação.

Voltamos hoje ao capitulo 13, o mesmo que nos oferece os sete discursos de Jesus no formato de parábolas. No texto de hoje, Mateus nos apresenta o 5º e o 6º discurso. Nestes discursos sobre o Reino, Jesus sempre começa dizendo: “O Reino do Céu é semelhante…” Para tornar-se mais compreensível para o povo e, sobretudo para os discípulos, Jesus compara o Reino a “um tesouro escondido no campo”; (Mt 13,44) e “como um comprador que procura pérolas preciosas”. (Mt 13,45) No dizer de Jesus, o Reino deve ser algo que faça parte de nossa busca permanente. E, para encontrar este Reino, é necessária uma decisão total de nossa parte. A Justiça do Reino deve ser o nosso objeto de maior desejo. O contrário absoluto do Evangelho do Reino de Deus é a indiferença. Jesus ainda nos dá um sábio conselho: “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta”. (Mt 7,7-8)