Segunda feira da Oitava da Páscoa. Durante os próximos oito dias do Tempo Pascal, também conhecido como Oitava de Páscoa, celebraremos solenemente a Ressurreição de Jesus. Este é o período litúrgico em que vivenciamos e festejamos este acontecimento tão importante para a nossa fé cristã. A Oitava da Páscoa quer ser este momento em que damos maior importância do sacrifício de Jesus e de renovar a nossa fé em Deus. A solenidade se prolonga, por oito dias para desejar “Feliz Páscoa”, pois é como se cada dia dessa semana fosse o Domingo de Páscoa. Após essa Oitava de Páscoa, a Igreja continua vivendo o Tempo Pascal até o domingo de Pentecostes que acontece cinquenta dias após a celebração da ressurreição de Jesus que neste ano será celebrado dia 19 de maio.

O tempo é de alegria e não de tristeza. A semana começando e nós renovando a esperança de caminhar na perspectiva do Reino. A segunda, preguiçosamente, vai dando as coordenadas de nossas vidas, ainda fortalecidos com a esperança pascal do Cristo Ressuscitado, vivo presente no meio de nós. O Deus da vida aqui está na pessoa do Filho Ressuscitado no meio de nós. Vencer a tristeza e revesti-nos da alegria que brota da vida n’Ele. Ele é um conosco e nós somos todos com Ele na procura do Reino. O amor venceu a morte e o ódio de quem traz em suas entranhas, as forças obscuras da morte. Na Ressurreição de Jesus, acontece a vitória da Vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, do Bem sobre o mal, da Verdade sobre a mentira, da Luz sobre as trevas. A última palavra é a de Deus e é Vida e não morte.

Não nascemos para morrer. Nascemos para ressuscitar com Ele em Deus, autor da vida plena para todos. A porta nos foi aberta por Jesus, que quer-nos todos com Ele. É do amor gratuito e incondicional de Deus para conosco, que nasce a Vida plena, a Vida em abundância, a Vida verdadeira. “Se vocês foram ressuscitados com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus”. (Col 3,1), Não se trata de desprezar as realidades terrestres deste mundo, mas significa descobrir a vida nova revelada em Jesus Cristo e abraçar as causas que Ele defendeu e lutou.

“Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”. (Sl 117,24)
Somos todos e todas convidados a olhar para o túmulo vazio de Jesus e “acreditar”. Jesus já não chama os seus seguidores de discípulos, mas de irmãos. Irmão e irmã de Jesus são aqueles e aquelas que procuram conhecê-lo bem, que entendem a sua proposta e estão dispostos e dispostas a segui-lo e sabem que a forma como Ele viveu e amou, não podia terminar no túmulo, no fracasso, no nada. Por este motivo, devemos estar sempre preparados para acolher a Boa Notícia da Ressurreição sem medo de sermos felizes.

“Alegrai-vos!” e “Não tenhais medo”. Estas foram as primeiras palavras ditas por Jesus às corajosas mulheres que não se deixaram vencer pelo temor, e foram até o túmulo d’Ele. As primeiras horas daquele primeiro dia da semana marca uma transformação profunda e radical na compreensão a respeito do homem Jesus e do Deus da vida. Ficou claro e evidente que o projeto vivido por Jesus não é caminho para a morte, mas caminho aprovado por Deus, que, através da morte, leva para a vida plena. Daquele momento em diante, o encontro pessoal com Jesus ressuscitado se realiza na entrega confiante, passando assim a anunciar o coração da fé cristã: Jesus morreu e ressuscitou. O desafio agora é dar continuidade à mesma missão d’Ele, em todos os tempos e lugares, como Ele mesmo fizera na Galileia. Só essa fé confiante e ativa transformará o medo da morte na alegria da vida. Quem se deixa vencer pelo medo, perde a alegria de viver.

A sociedade corrompida do tempo de Jesus continuou acreditando no sistema de morte e arquitetando a mentira. Diante do obvio da vida que triunfou sobre a morte, as autoridades subornam seus soldados, através da mentira, num último suspiro na tentativa de neutralizar o surgimento da plenitude da vida em Jesus ressuscitado. A mentira é a arma mais poderosa daqueles que tramam a morte dos pequenos e inocentes. “Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até o dia de hoje”. (Mt 28,15)
Todavia, devemos trazer em nós sempre a convicção de que a Ressurreição de Jesus é a resposta de Deus aos que pretenderam, de forma injusta e criminosa, calar a voz e as ações de Jesus. Deus não permitiu que o mal vencesse; que a violência, a injustiça, a maldade e a morte tivessem a última palavra. A última palavra é vida! Vida que Deus quer plena! Que sejamos vida no amor maior do Cristo Ressuscitado, inspirando-nos naquilo que dissera o cantor jamaicano Bob Marley (1945-1981): “Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida”.