Domingo da Solenidade da Ascensão do Senhor. Esta é uma solenidade que acontece 40 dias após a Solenidade da Páscoa. Este dia caiu na quinta feira, dia 09. Entretanto, por ser uma festa importante e, para facilitar a participação de toda a comunidade, a liturgia fixou a Ascensão do Senhor para o 7º Domingo da Páscoa. Nesta solenidade, a Igreja nos convida a termos os olhos voltados para o céu, nossa “Pátria definitiva”, conforme nos relata São Paulo: “Vós que ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está”. (Col 3,1) E não se trata de desprezar as realidades terrestres, mas descobrir a vida nova revelada em Jesus Cristo.

“Ascensão” não é o mesmo que “Assunção”. A palavra “Ascensão” se refere exclusivamente a Jesus de Nazaré, o Cristo Ressuscitado, pois significa sua “subida”: Ele ascendeu ao Céu, subiu ao Céu, por Si mesmo, pelo Seu próprio poder como o Filho Deus Encarnado. Já a palavra “Assunção” quer dizer de Maria. Ela “foi Assunta”, “foi assumida”, “foi tomada”, “foi levada” por Deus. Ela também foi levada ao Céu, mas não por seu próprio poder, e sim pelo poder exclusivo de Deus. Assim sendo, a Igreja assumiu a Assunção como um Dogma. Coube ao Papa Pio XII, proclamá-la “Assunta”, no dia 1º de novembro de 1950.

O mês de maio é dedicado a Maria. O segundo domingo dele, é dedicado as nossas mães. Coincidentemente, celebramos hoje duas festas. Ser mãe, é ser coautora da Criação de Deus, pois a mulher traz em seu ventre, o poder divinal de Deus, de germinar a semente da vida. O mistério da vida acontece no útero de cada mulher, que foi escolhida pelo Deus da Criação, contribuindo assim para a humanidade criativa de Deus. Em cada coração de mãe, há a presença do espirito criador transcendental de Deus, engravidando a humanidade da mesma ternura e afeto do próprio Ser feminino de Deus. O divino de Deus se fazendo humano no ventre materno, elevando a criação ao coração do ser transcendental de Deus.

O dia é da Ascensão do Senhor. O dia é de Maria, a Mãe de Jesus e nossa. O dia é também de todas as mães. O dia é do Ser feminino de Deus. Um Deus que nos amou primeiro, e toma a iniciativa de nos criar em sua amorosidade, antes mesmo de sermos uma sementinha no ventre de nossa mãe: “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei…” (Jer 1,5) A ternura do amor de Deus, nos alcançou na pessoa de Seu Filho amado, que veio caminhar pelas estradas de nossas vidas, se fazendo num conosco em todas as nossas dimensões humanas.

Com a Ascensão de Jesus, significa que a sua presença física terrena não está mais no meio dos discípulos. Depois de quarenta dias, aparecendo a eles como Ressuscitado, motivando-os e devolvendo-lhes a esperança, Ele volta à casa do Pai, depois de cumprir até o fim a missão que o Pai lhe havia confiado. Agora Ele volta para o Pai, após ter ensinado aos discípulos e discípulas, a percorrer o caminho que o levará de volta para Deus, com Ele mesmo se fazendo o caminho: “ninguém vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14,6). Fica claro para o discipulado, e também para cada um de nós, que Jesus é o verdadeiro caminho para a vida. Através da Sua Encarnação, Deus, autor e doador da vida, se manifesta inteiramente na pessoa e ação de Jesus. Desta forma, os que seguimos os passos de Jesus, não caminharemos para o fracasso, mas para a vida. A vida de Deus que está presente no Filho e que se faz o nosso intercessor junto do Pai. Em vez de buscar apenas a salvação em ritos, observâncias legais e estruturas, a vida cristã se orienta pelo testemunho, na esperança de um mundo radicalmente novo. Este só se realiza através da vinda de Jesus, como Salvador e Senhor que renova todas as coisas.

O Senhor volta para o Pai e, ao mesmo tempo, está conosco, ao nosso lado. Isso só é possível porque Deus é onipotente, ou seja, está em toda parte, em todo lugar. Principalmente porque, Ele infinitamente nos ama. Quem ama deseja ficar ao lado do ser amado. Jesus está presente em nossa realidade terrestre, no meio de nós quando o testemunhamos, quando somos coerentes e fiéis aos seus ensinamentos e praticamos a justiça, o amor, a misericórdia e o perdão. A Solenidade da Ascensão nos ensina, como diz São Paulo: “somos cidadãos do céu”. (Fil 3,20) Vivemos neste mundo, sem ser do mundo. Caminhando entre as coisas que passam, abraçando as que não passam. Jesus não desiste de nós. Sua Ascensão não é uma despedida, mas um novo modo de sua presença em nós. Ele agora continua agindo através daqueles que Nele acreditam e que se dispõem a continuar o seu amor no mundo, testemunhando-o por todas as gerações vindouras. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15)