Segunda feira da Vigésima Semana do Tempo Comum. A Igreja Católica celebra no dia de hoje a Memória do Papa São Pio X (1835-1914). De formação pastoral, foi ele o primeiro Papa, na História Contemporânea, que veio da classe camponesa. O 257º papa na História da Igreja. Exerceu o seu pontificado entre os anos de 1903 a 1914, morrendo um mês antes de iniciar a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Canonizado pelo Papa Pio XII, em 1954, cujo Calendário Litúrgico estabeleceu a sua celebração de sua Solenit no dia 21 de agosto.

O Papa que não falava da pobreza, mas a vivia intensa e radicalmente. “Nasci pobre, vivi na pobreza e quero morrer pobre”, esta foi uma de suas frases que ficou bastante conhecida, já que publicara em um de seus testamentos. Pio X foi o Papa que sempre defendeu os fracos e oprimidos, como os indígenas que eram explorados nas plantações de borracha no Peru. Não ficava preso às estruturas burocráticas do Vaticano, mas visitava todas as semanas as vielas, esquinas e praças da cidade do Vaticano para conviver com os mais pobres, anunciando-lhes a predileção de Jesus por eles.

Hoje também comemoramos o Dia Nacional da Habitação. Nesta data, foi criado em 1964 o Banco Nacional da Habitação (BNH). Tal iniciativa veio no sentido de facilitar o acesso da população, sobretudo a de baixa renda, à casa própria, além de reduzir o déficit habitacional no País. Uma política pública visando atender prioritariamente as famílias em situação de risco e vulnerabilidade social, as comandadas por mulheres e as integradas por pessoas com deficiência, idosos, crianças e adolescentes. Graças a uma pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro, em 2019, foi apontado um déficit de 5,8 milhões de moradias no país. Sabe-se que este número é muito maior.

Uma segunda feira que estou a caminho de casa. Depois de participar da reunião do sindicato, neste final de semana em Cuiabá, venci os primeiros 500 km. Outros 700 me aguardam, para aportar-me no Araguaia, meu Araguaia. A noite, me porei a desempenhar tal tarefa. A partir das 22:00 horas, terei muito chão pela frente.

Enquanto isso, vou rezando como posso. O evangelista Mateus está na ordem do dia. No dia de hoje, refletimos sobre aquela situação de alguém que chega para Jesus e lhe indaga: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” (Mt 19,16) Jesus lhe dá as coordenadas, mas tal pessoa fica muito triste, pois entre a orientações de Jesus, estava a partilha dos bens e este era muito rico.

A partilha está entre as condições necessárias para se fazer a adesão à Jesus de Nazaré. Partilha como dom total de si mesmo. Para fazer parte do Reino de Deus (ou vida eterna) é preciso mais do que observar leis, normas ou regras. O Reino é dom de Deus às pessoas, e nele tudo deve ser partilhado entre todos e todas. Isso implica em repartir as riquezas em vista de uma sociedade de igualdade, abolindo o sistema de classes. É por esta razão que os ricos ficam entristecidos porque sabem que dificilmente entrarão na lógica do Reino. A lógica do ter se sobrepondo a amorosidade do ser.

“Felizes os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5,3) O Evangelho de hoje nos mostra que não basta querer fazer parte do time de Jesus. Mais do que cumprir normas, regras, preceitos e dogmas, é necessário fazer da vida doação total ao Projeto do Reino. Partilhar os bens e serviços, para que todos e todas tenham vida e a tenham na sua amplitude (Jo 10,10) Como bem disse o Papa São Pio X: “A fé sem a verdade não é a verdadeira fé.” Verdade dos bens partilhados: “Quando se recusa a partilhar alguma coisa corre-se o risco de perder tudo.” (Desmond Tutu)