Terça feira da Terceira Semana do Advento. Estamos respirando os ares do 353 ° dia deste calendário gregoriano que é o nosso, sendo que uma dúzia deles mais, nos colocam dentro daquele que está vindo ao nosso encontro: 2024. Mas a nossa esperança maior vem bem antes, pois se trata do esperançar alegre e amoroso de Deus: Jesus-Menino-Messias.

Os tempos são difíceis. As dificuldades proliferam. Os desafios também. A gente, às vezes, pensa em desanimar, mas uma luz lá de cima, acende a nossa luz interior, conduzindo os nossos passos rumo às realizações que buscamos. Sonhando o sonho impossível no esperançar de Deus, que torna possível todas as coisas, desde que a vida em abundância, esteja em primeiro plano.

Rezei nesta manhã com o coração cheio de esperança e alegria. Tudo indica que os exames até agora realizados, me credencia a voltar para os meus indígenas, caminhando com eles um pouco mais. Eu não sei ser sem eles. Empatia, compromisso, fidelidade, cumplicidade. É toda uma caminhada construída juntos. A minha história de vida não seria a mesma sem eles. Como eu sou grato a Deus por eles existirem dentro de mim!

O legado do nosso bispo Pedro segue acontecendo dentro de mim e nas realizações que vão acontecendo, sobretudo em relação aos Povos Indígenas. Em busca da “Terra Sem Males”, como Pedro sempre viveu e lutou. Mais ainda em tempos de “Marcos Temporais”, essa aberração legislativa que os congressistas brasileiros querem enfiar goela abaixo dos povos originários.

Embora vivenciando estes dias neste contexto urbano, o coração e mente foram buscar ao longe e rezei com Pedro e a sua poesia em forma de diálogo com a ancestralidade que ele denominou de Oração da Causa Indígena: “Pai-Mãe da Terra e da Vida, Deus Tupã de nossos pais e mães, venerado nas selvas e nos rios, no silêncio da lua e no grito do sol: Pelos altares e pelas vidas destruídas em teu nome, profanado”. Este é o “Guardião das Causas Indígenas”, como os Xavante, assim o definem.

A liturgia de hoje nos faz sonhar o sonho esperançoso de um casal já bastante avançado na idade: Izabel e Zacarias. Ela estéril. Ele racionalista, cheio de dúvidas metódicas. Ela não realizara o sonho da maternidade, o que lhe causava o desprezo e o preconceito. Naquele contexto de época, este fato tornava a vida do casal objeto de humilhação pública. Como Izabel e Zacarias se tornam os representantes das comunidades dos pobres, Deus se volta para eles e faz nascer no meio deles João, o último profeta da antiga Aliança.

De idosos “imprestáveis”, tornam-se protagonistas da Nova Aliança. Deus, com os seus projetos do impossível, sonhando e esperançando na vida de quem se abre às novas perspectivas. Através de quem ninguém dá nada por eles, se fazem rejuvenescidos em horizontes mil. Deles, nascerá o profeta. João abrirá o caminho para a chegada do Messias, que iniciará a história da libertação dos pobres. Do nada, Deus faz tudo!

Não se desespere! Não perca a esperança! Nunca deixe de sonhar! Sonhar juntos por um mundo melhor. Sonhar na esperança de que Deus vai nos acompanhar, proteger e salvar. Sonhar o sonho impossível, sabendo que na esperança de Deus o possível se fará. É questão de acreditar. Quem ama vive a sonhar, construindo jardins, onde a flor prosperará. Sonhar esperançado com Roubem Alves que poeticamente assim dizia: “Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles “.