Quinta feira da Segunda Semana da Páscoa. Seguimos na nossa caminhada rumo ao encontro com o Espírito Santo de Deus (Pentecostes). Amanheceu mais um dia e, com ele, recebemos a graça de estarmos vivos. Cada dia que chega para nós deve ser visto nesta perspectiva: Ele apostando em nós, de que faremos a diferença neste dia que desponta. Ser gratos a Ele pelo dom da vida que temos, é o primeiro sinal de reconhecimento ao Deus que tanto nos ama e continua acreditando em nós. Mais do que pedir, saibamos agradecer pelo dom de nosso existir. Estar vivo é uma dádiva de Deus. Sua gratuidade se faz vida em nossas vidas.

Ele está em nós. O Deus da criação é nossa fonte de inspiração. Em Jesus, Ele é presença transcendente, vindo até nós, se fazendo imanente e nos dando a chance de experimentar a divindade de Deus em pessoa em nós. “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30). Pai e Filho se fazendo presente no mistério da encarnação. O Verbo Encarnado é a Palavra de Deus; é a luz que ilumina a consciência de todos nós. Deus é amorosidade e fidelidade sempre. Em Jesus, Ele nos introduz no mistério de sua divindade, onde podemos partilhar a vida e a felicidade de Deus. A chegada do Filho, que veio morar em nossa casa, é a presença viva de Deus com Ele, fazendo de nós uma nova humanidade.

Uma quinta feira que nos faz olhar com muito cuidado para a nossa saúde de maneira geral. Hoje é o Dia Mundial da Conscientização da Doença de Parkinson. Uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. Segundo a medicina, é causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor, substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) nos diz que o número de pessoas abaixo dos 60 anos, diagnosticadas com Mal de Parkinson, vem aumentando gradativamente. Estima que 1% da população acima dos 65 anos conviverá com algum grau de doenças relacionadas com o Mal de Parkinson.

Nosso bispo Pedro teve a infelicidade de viver os seus últimos dias, convivendo com esta doença. Tremores nas mãos e pernas, rigidez dos músculos, lentidão nos movimentos, desequilíbrio, tendência à queda e descoordenação, são alguns dos principais sintomas, de quem sofre com esta doença. Ainda bem que Pedro conviveu com o Parkinson sem os sintomas mais graves, com a lucidez profética de sempre, tendo inclusive certa esportividade, que lhe era peculiar, pois dizia para todos nós que “quem mandava nele, era o Dr. Parkinson”. Lembrando que, cada dia é uma batalha para os portadores de Parkinson, mas, como Pedro, eles enfrentam esses desafios com coragem, determinação e muita dignidade.

Nesta quinta feira, a liturgia católica nos apresenta a conclusão do capítulo terceiro do Evangelho de João (Jo 3,31-36). Uma verdadeira catequese deste evangelista, apresentando-nos Jesus como aquele único que nos revela as “coisas” do Pai. Revelação que vem “do alto” e não “da terra”. Vem daquele que está acima de todos. São ensinamentos que nos provocam a verificar a nossa relação com Jesus e o modo como escutamos a sua Palavra. Ele vem de Deus. Vem do “Alto”. Sua pertença é divina e superior a qualquer um de nós humanos. Mesmo o maior de todos os profetas, como João Baptista: “entre os nascidos de mulher ninguém é maior do que João”. (Lc 7,28); não vem do Alto como Ele, mas da terra. É um ser terreno e limitado como qualquer um de nós. De nada adianta a nossa arrogância, prepotência de achar que somos maiores que os demais. Tais atitudes destoam por completo da proposta de Deus para nós com a sua força que vem do alto.

Jesus é a grande revelação de Deus. Ele veio de junto do Pai, e só Ele nos revela a face do verdadeiro Deus que nos ama e dá vida a humanidade. Como seguidores e seguidoras de Jesus, devemos ter a humildade suficiente para perceber que sem Ele, nada somos: “sem mim vocês não podem fazer nada”. (Jo 15,5). Somos suas testemunhas e carregamos em nós a presença divina de Deus. Quem não aceita este testemunho verdadeiro de Jesus, acaba servindo a outros deuses que levam à morte. Deus é Pai e muito nos ama! Jesus é o nosso irmão maior na caminhada. Ter em nós a certeza desse amor é a atitude fundamental na vida de todo aquele que crê. Na graça de Deus, tudo nos é dado. Resta-nos aceitar a fazer parte desta grande família dos filhos e filhas de Deus, irmanados neste amor que vem do alto.