Sexta feira da 28ª Semana do Tempo Comum. Dia de festa para a comunidade católica. Neste dia 17 de outubro, a liturgia celebra a Memória de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir da Igreja (70-107 d.C.). Inácio era descendente de uma família pagã, não romana, convertendo-se ao cristianismo em idade avançada, graças à pregação de São João Evangelista, que havia passado por aquelas terras. Antioquia, (atual Síria), era a terceira maior metrópole do mundo antigo, depois de Roma e Alexandria do Egito. Inácio tornou-se Bispo de Alexandria, por volta do ano 69, como sucessor de Santo Evódio, mas, sobretudo, do apóstolo Pedro, que havia fundado a Igreja naquela cidade. Santo Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia, da qual o próprio São Pedro foi o primeiro bispo. Sua morte ocorreu por volta de 107 d.C., no Coliseu de Roma, após ser martirizado pelas feras. “Nada é mais excelente do que a paz, que desarma todo inimigo”, afirmava Santo Inácio de Antioquia.

Uma sexta feira que nos faz atravessar o 290º dia do ano. Assim sendo, faltam apenas 75 dias para chegarmos ao limiar do novo ano. Na data de hoje também se comemora o Dia da Agricultura. Uma das atividades mais antigas da humanidade: a “arte” de cultivar a terra, retirando dela os alimentos essenciais necessários à nossa subsistência. Pensar neste dia é pensar naqueles que fazem parte da “Agricultura Familiar”, pessoas que, com o seu trabalho de cada dia, fazem chegar à nossa mesa, o alimento de que necessitamos. Lembrando que 70% de tudo aquilo que chega às nossas mesas, vem da agricultura familiar. Ela é essencial para o alimento, a sustentabilidade e a cultura do país, nutrindo a população, fortalecendo as comunidades e preservando os conhecimentos tradicionais, como demonstração de resiliência e esperança.

A estação primaveril segue ditando as regras do meio ambiente. Pouca chuva ainda, é verdade. Em meio ao forte calor, alguns insanos por aqui, seguem tocando fogo em tudo. A fumaça predomina não somente no campo visual, mas também no ar que respiramos. A cultura do fogo é algo assustador por estas bandas, apesar de tanto estrago que este provoca na nossa Mãe Natureza. Nestes meus longos anos de convivência com os Povos Originários, percebi e aprendi que eles não provocam incêndios florestais criminosos. Pelo contrário, são guardiões da floresta. Se usam o fogo, o fazem de forma controlada, baseada em conhecimentos e saberes ancestrais tradicionais, como parte de sua cultura e manejo ambiental. Cuidar da Casa Comum é missão de todos nós, pois, como afirma a liderança indígena Txai Suruí: “Não adianta nada a gente salvar as árvores se a gente não salva quem está salvando as árvores”. Fica dica.

Seguindo na nossa reflexão diária, do texto que a liturgia nos possibilita refletir, mais uma vez temos a oportunidade de trazer para o horizonte de nossa vivência prática, uma perícope do evangelista São Lucas. Diante de uma imensa multidão que acompanhava Jesus, Ele fala diretamente aos seus discípulos, através de uma forte afirmação de alerta: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”. (Lc 12,1) Certamente, Jesus faz esta advertência, olhando diretamente nos olhos dos fariseus, escribas e mestres da Lei, que ali estavam também presentes. A hipocrisia deles era tão forte que eles viviam uma fé de exterioridade, aparentando uma coisa, mas sendo outra: falsidade, mentira, ter duas caras. Jesus não quer que seus discípulos sejam contaminados por tais atitudes que, naquele momento, fermentavam entre aquelas lideranças religiosas.

Jesus ensinando os seus discípulos, fazendo uso de uma metodologia profética teológica: O recado sendo dado aos discípulos, para que eles não se deixassem contaminar em sua missão, pelas mesmas atitudes hipócritas dos fariseus: “tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados”. (Lc 12,3) Em sua mensagem, Jesus pede aos seus discípulos, que eles sejam autênticos, isto é, que a vida e ação deles testemunhem o compromisso deles com o projeto do Pai, anunciado pelo Mestre Galileu.

A missão de todos aqueles e aquelas que fazem a sua adesão por Jesus deve ser realizada sem medo, baseando apenas na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social e religioso, que não mostram a sua verdadeira face. O testemunho fiel dos seguidores de Jesus precisa ser autêntico e no compromisso que pede o Evangelho. Os poderosos de ontem e de hoje, podem até matar o corpo dos discípulos, das discípulas, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discipulado está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá o mesmo Jesus a seu favor diante de Deus. “O que interessa não é apenas fazer profissão de Fé, mas perseverar na prática da Fé até ao fim”. (Santo Inácio de Antioquia)