Quarta feira da Vigésima Semana do Tempo Comum. Um dia de festa para a comunidade religiosa Cisterciense. Neste dia 20 de agosto, a Igreja celebra a memória de São Bernardo, abade e doutor da Igreja (1090-1153) Nascido em Fontaines, França, Bernardo foi uma das personalidades de grande destaque para a igreja católica, sendo construtor e influenciador da fé cristã em sua época. É considerado o segundo fundador do Mosteiro da Ordem de Cister, abade do Mosteiro de Claraval e consagrado Doutor da Igreja, pelo papa Pio VIII. Foi bastante influente em seu tempo, sendo conselheiro de muitos reis, nobres e papas. Também foi autor de importantes textos religiosos, muito utilizados ainda hoje nas orações católicas, como “Tratado de Amor de Deus” e “O Cântico dos Cânticos”. É lembrando neste dia em referência a data de sua morte, aos 63 anos.
“Amo porque amo; amo para poder amar!” Era assim que São Bernardo vivia a sua fé no seu cotidiano. É Assim que devemos projetar a nossa vida, buscando cada dia viver a verdade do amor incondicional de Deus por nós. Algumas dicas são importantes, se quisermos perseverar neste propósito, de amar na medida certa, ou amar sem medidas, como é Deus em relação a nós. Saber ouvir e saber calar! Saber ouvir a voz de nosso coração e saber calar na hora certa, para ouvir o clamor que vem dos corações aflitos. Saber calar na hora certa é o valor maior e supremo do silêncio, quando permitimos que o nosso coração escute nossas vozes interiores. Saber calar com a sabedoria do filósofo e matemático da Grécia Antiga Pitágoras que nos aconselha: “Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te!”
20 de agosto, de uma quarta feira, em que os amantes da boa poesia, têm o que comemorar. No dia de hoje, nascia na cidade de Goiás, Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889-1985). Este nome, talvez não seja conhecido de alguns, mas se eu disser, Cora Coralina, aí sim, muitos se lembrarão desta poetisa que adotou este pseudônimo. Poetisa e contista das boas, Cora influenciou o pensamento das pessoas de minha geração, que tive o privilégio de realizar os meus estudos, sendo alfabetizado por educadoras, que levavam Cora para dentro das salas de aulas, com os seus lindos poemas, que cativava o nosso coração. Ela que é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Escrevia os seus versos desde a adolescência, todavia, só teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965, quando já tinha quase 76 anos de idade. Uma de suas frases que muito me marcou e serve como impulso na caminhada: “A verdadeira coragem é ir atrás de seu sonho, mesmo quando todos dizem que ele é impossível.”
“Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis”. (Mt 19,26; Mc 10,27). Não porque sejamos merecedores, mas porque Deus é bom! Diferentemente de nossa sociedade, que julga as pessoas pelos seus méritos, fazendo uso de uma pedagogia meritocrática, que consiste em valorizar o sucesso e a ascensão das pessoas, baseando-se no mérito individual, considerando as habilidades, conhecimentos e desempenho de cada pessoa. Esta lógica perversa da meritocracia leva em consideração que as pessoas devem ser recompensadas e promovidas com base em suas realizações e competências, em vez de fatores como sua origem social, sua fonte de riqueza e o degrau que ocupam na escala da sociedade desigual em que vivemos. Dentre as pessoas defensoras da meritocracia, é comum ouvir-se a frase: “é pobre porque quer!”
No Reino de Deus anunciado por Jesus, não cabe a lógica da meritocracia. Deus olha com carinho e cuida de cada um de nós, não porque assim o merecemos, mas porque Ele, na infinitude da gratuidade de seu amor, e sua misericórdia, abre o seu coração e nos coloca dentro dele de forma aconchegante e segura. Não satisfeito em ser o Deus criador de tudo e de todos, faz questão de estar presente no meio de nós, na pessoa de seu Filho, Verbo que se encarnou no meio da humanidade, nos revelando a face de um Deus amoroso e misericordioso, possibilitando-nos fazer parte desta divindade. Esta amorosidade de Deus transcende as convicções religiosas e nos permite perceber e conviver com a humanidade de Deus, presente na vida de Jesus de Nazaré. Como afirma o teólogo Leonardo Boff, “Jesus de Nazaré: Deus entre nós. Tão humano assim só podia ser Deus”.
No Reino de Deus (Reino dos Céus), anunciado por Jesus, não existem marginalizados. Todos temos o mesmo direito de participar da bondade e misericórdia divinas, que superam tudo aquilo que os homens consideram como justiça. No Reino não há lugar para a soberba, inveja, ciúmes, desigualdades. Aqueles que julgam possuir mais méritos do que os outros, devem aprender que o Reino é dom gratuito de Deus, oferecido pela graça e não por merecimento pelas coisas que vamos realizando. Entrar ou fazer parte do Reino, não advém pelas nossas conquistas, ou por méritos próprios pessoais, que nos fazem superiores aos demais. “Fomos salvos pela graça, por meio da fé; e isso não vem de nós, mas é dom de Deus. Isso não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho”. (Ef 2,8-9) É esta forma de viver, cheios da graça de Deus que nos foi dada mediante o testemunho de Jesus de Nazaré. “Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom? (Mt 20,15)
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