Sexta feira da 24ª Semana do Tempo Comum. Setembro sextando, a caminho das flores. Os pequizeiros daqui que o digam, espalhando pelo chão suas flores brancas, exalando um perfume indescritível. A natureza com os seus mistérios: depois de perder sua roupagem em forma de folhas, dão-nos de presente o encantamento de suas flores. A delicadeza e a simplicidade das flores são a presença viva de Deus, manifestando-se “teofanicamente” em nossas vidas. Cuidar deste mistério que se faz natureza, nos remete aquilo que foi dito pelo Papa Francisco em sua Laudato Si: “Conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa” (LS, n. 217).
19 de setembro. Dia de festa para os educadores de plantão. Nesta feliz data, alguém está acendendo uma velinha lá em cima. No dia de hoje, no ano de 1921, nascia na cidade de Recife, nosso maior educador: Paulo Freire. Um dos mais notáveis pensadores na história da pedagogia mundial, reconhecido pela comunidade internacional. Este é o nome brasileiro de maior peso quando se fala em educação. Seu legado para a pedagogia e prática educacional mundial, lhe rendeu incontáveis honrarias, prêmios, e referências no meio acadêmico. Os da minha geração, na trajetória educacional, fomos influenciados pela “Pedagogia do Oprimido”, determinando novos rumos para alfabetização brasileira. Uma das frases que ouvi em uma de suas palestras marcou para sempre o meu pensamento educacional: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo!”
No dia em que comemoramos o aniversário deste grande pedagogo, nos damos conta da pedagogia feminina de Jesus, que o texto do evangelista São Lucas, nos oportuniza refletir nesta sexta feira. Jesus arregimentando a força, a coragem e a dedicação das mulheres, tendo também elas como parte integrante de seu grupo no discipulado. Isto, numa sociedade onde o machismo patriarcal da época, determinava o comportamento excludente das pessoas, relegando as mulheres a seres abjetos, desprezíveis, e sem nenhuma valorização social. Este pensamento não estava presente apenas na sociedade civil, mas também no campo religioso, já que elas tinham uma condição religiosa inferior, sendo frequentemente vistas como propriedade, com pouca autonomia pública e restritas ao ambiente doméstico, onde sua principal função era a maternidade. Quando elas se encontravam em ambientes públicos, passavam despercebidas e as regras do decoro proibiam um homem de se encontrar sozinho com uma mulher.
O texto de hoje, praticamente é uma continuidade do final do capitulo anterior, quando Jesus ali diz a uma mulher: “Sua fé salvou você. Vá em paz!” (Lc 7,50) Várias pessoas acompanhavam Jesus no seu ministério público. Outras seguiam-no mais diretamente. Ele constitui o grupo dos doze discípulos, mas conta também com algumas mulheres dedicadas que o seguiam, prestando seus serviços, cumprindo aquilo que Mateus registra de Jesus em seu Evangelho: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. (Mt 20,28) Ao trazê-las para junto de si e de seu grupo, Jesus revolucionou a visão e comportamento daquela sociedade, elevando as mulheres à condição de igualdade, integrando-as na sociedade e reconhecendo a sua dignidade e autonomia, através de suas ações e ensinamentos, como a inclusão de mulheres entre os discípulos e a validação do testemunho feminino.
A pedagogia feminina de Jesus traz a mulher para o centro das atenções e de suas reflexões sobre o Reino de Deus: Elas chegarão primeiro no Reino de Deus. (Cf. Mt 21,31) Jesus assim, retoma o valor do ser feminino e mostra que, para Deus, todos somos igualmente importantes, mulheres e homens. Com este seu jeito de agir, Jesus devolve a dignidade da mulher, e a conduz ao centro e desarma os costumes que produzem morte ao invés de vida. Diferente do pensamento da sociedade e dos religiosos, Jesus, na sua missão pública, vai formando uma comunidade nova, a partir daqueles que são marginalizados pela sociedade do seu tempo, como eram as mulheres. Elas também são parte integrante do grupo dos discípulos do Mestre Galileu.
Uma verdadeira lição de vida para aqueles que promovem a desigualdade e o sexismo, o preconceito ou a discriminação, baseada no sexo ou no género de uma pessoa, fundamentado na crença de que um género é inerentemente superior ao outro. Movido pela pedagogia feminina de valorização das mulheres, Jesus subverte, inclusive, o modo de pensar de seus discípulos, que eram influenciados pela cultura judaica da época. Ele só não fez mudar o pensamento de nossa Igreja, que ainda não se converteu, e continua relegando as mulheres a seres inferiores em nossas comunidades, e no poder de decisão, centralizado na hierarquia, dominada pelo pensamento dos homens (varões). Isto porque são elas, as mulheres, que em sua grande maioria, carregam o peso das nossas comunidades. Sem elas, dificilmente a nossa Igreja teria chegado desta forma, até os dias atuais, como pilares de fé, sabedoria e serviço. Sem elas, não seriamos quem somos. Sem elas, não sei o que seria da Igreja. Talvez por isso, o Papa Francisco tenha dito: “Agradeço a todas as mulheres que, todos os dias, procuram construir uma sociedade mais humana e acolhedora”.
Sexta feira da 24ª Semana do Tempo Comum. Setembro sextando, a caminho das flores. Os pequizeiros daqui que o digam, espalhando pelo chão suas flores brancas, exalando um perfume indescritível. A natureza com os seus mistérios: depois de perder sua roupagem em forma de folhas, dão-nos de presente o encantamento de suas flores. A delicadeza e a simplicidade das flores são a presença viva de Deus, manifestando-se “teofanicamente” em nossas vidas. Cuidar deste mistério que se faz natureza, nos remete aquilo que foi dito pelo Papa Francisco em sua Laudato Si: “Conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa” (LS, n. 217).
19 de setembro. Dia de festa para os educadores de plantão. Nesta feliz data, alguém está acendendo uma velinha lá em cima. No dia de hoje, no ano de 1921, nascia na cidade de Recife, nosso maior educador: Paulo Freire. Um dos mais notáveis pensadores na história da pedagogia mundial, reconhecido pela comunidade internacional. Este é o nome brasileiro de maior peso quando se fala em educação. Seu legado para a pedagogia e prática educacional mundial, lhe rendeu incontáveis honrarias, prêmios, e referências no meio acadêmico. Os da minha geração, na trajetória educacional, fomos influenciados pela “Pedagogia do Oprimido”, determinando novos rumos para alfabetização brasileira. Uma das frases que ouvi em uma de suas palestras marcou para sempre o meu pensamento educacional: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo!”
No dia em que comemoramos o aniversário deste grande pedagogo, nos damos conta da pedagogia feminina de Jesus, que o texto do evangelista São Lucas, nos oportuniza refletir nesta sexta feira. Jesus arregimentando a força, a coragem e a dedicação das mulheres, tendo também elas como parte integrante de seu grupo no discipulado. Isto, numa sociedade onde o machismo patriarcal da época, determinava o comportamento excludente das pessoas, relegando as mulheres a seres abjetos, desprezíveis, e sem nenhuma valorização social. Este pensamento não estava presente apenas na sociedade civil, mas também no campo religioso, já que elas tinham uma condição religiosa inferior, sendo frequentemente vistas como propriedade, com pouca autonomia pública e restritas ao ambiente doméstico, onde sua principal função era a maternidade. Quando elas se encontravam em ambientes públicos, passavam despercebidas e as regras do decoro proibiam um homem de se encontrar sozinho com uma mulher.
O texto de hoje, praticamente é uma continuidade do final do capitulo anterior, quando Jesus ali diz a uma mulher: “Sua fé salvou você. Vá em paz!” (Lc 7,50) Várias pessoas acompanhavam Jesus no seu ministério público. Outras seguiam-no mais diretamente. Ele constitui o grupo dos doze discípulos, mas conta também com algumas mulheres dedicadas que o seguiam, prestando seus serviços, cumprindo aquilo que Mateus registra de Jesus em seu Evangelho: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. (Mt 20,28) Ao trazê-las para junto de si e de seu grupo, Jesus revolucionou a visão e comportamento daquela sociedade, elevando as mulheres à condição de igualdade, integrando-as na sociedade e reconhecendo a sua dignidade e autonomia, através de suas ações e ensinamentos, como a inclusão de mulheres entre os discípulos e a validação do testemunho feminino.
A pedagogia feminina de Jesus traz a mulher para o centro das atenções e de suas reflexões sobre o Reino de Deus: Elas chegarão primeiro no Reino de Deus. (Cf. Mt 21,31) Jesus assim, retoma o valor do ser feminino e mostra que, para Deus, todos somos igualmente importantes, mulheres e homens. Com este seu jeito de agir, Jesus devolve a dignidade da mulher, e a conduz ao centro e desarma os costumes que produzem morte ao invés de vida. Diferente do pensamento da sociedade e dos religiosos, Jesus, na sua missão pública, vai formando uma comunidade nova, a partir daqueles que são marginalizados pela sociedade do seu tempo, como eram as mulheres. Elas também são parte integrante do grupo dos discípulos do Mestre Galileu.
Uma verdadeira lição de vida para aqueles que promovem a desigualdade e o sexismo, o preconceito ou a discriminação, baseada no sexo ou no género de uma pessoa, fundamentado na crença de que um género é inerentemente superior ao outro. Movido pela pedagogia feminina de valorização das mulheres, Jesus subverte, inclusive, o modo de pensar de seus discípulos, que eram influenciados pela cultura judaica da época. Ele só não fez mudar o pensamento de nossa Igreja, que ainda não se converteu, e continua relegando as mulheres a seres inferiores em nossas comunidades, e no poder de decisão, centralizado na hierarquia, dominada pelo pensamento dos homens (varões). Isto porque são elas, as mulheres, que em sua grande maioria, carregam o peso das nossas comunidades. Sem elas, dificilmente a nossa Igreja teria chegado desta forma, até os dias atuais, como pilares de fé, sabedoria e serviço. Sem elas, não seriamos quem somos. Sem elas, não sei o que seria da Igreja. Talvez por isso, o Papa Francisco tenha dito: “Agradeço a todas as mulheres que, todos os dias, procuram construir uma sociedade mais humana e acolhedora”.
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