Sábado da 27ª Semana do Tempo Comum. Véspera da Solenidade da Bem-aventurada Virgem Maria da Conceição Aparecida. Os festejos da nossa Padroeira (“Madroeira”) do Brasil que seguem por este Brasil afora. A Mãe de Jesus e nossa, nos protegendo nas intempéries da vida, mostrando-nos o caminho que conduz ao seguimento fiel da proposta de Deus. Maria é aquela que soube confiar na ação de Deus em sua vida, se fazendo a discípula fiel de seu Filho, percorrendo o caminho da libertação que Deus veio inaugurar com a encarnação do Verbo na realidade histórica da humanidade. Acreditou e deu o seu sim consciente, e confiante de que aquele era o melhor caminho a seguir, tornando-se assim a colaboradora direta para que o projeto de Deus desse certo. “Maria, Mãe dos caminhantes, ensina-nos a caminhar!”

Um sábado em que comemoramos uma data especial. No dia 11 de outubro é o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física. A finalidade deste dia é promover a sensibilização de toda a sociedade, sobre as ações que devem ser realizadas para garantir a qualidade de vida e a promoção dos direitos das pessoas com deficiência física. Se antes, nós os chamávamos com expressões pejorativas, tais como “inválido”, “aleijado”, “defeituoso” ou “portador de deficiência” ou “portador de necessidades especiais”, estas foram substituídas por “pessoa com deficiência”, por ser um termo mais respeitoso, colocando a pessoa humana em primeiro lugar, reconhecendo que a deficiência é apenas uma das características que a compõem. Diante deste contexto, a maior de todas as deficiências não está no corpo do deficiente físico, mas, na alma da pessoa preconceituosa, que não consegue pensar e agir de forma diferente em relação a estes.

Outubro vai se delineando em meio a proposta da Igreja de nos tornarmos todos e todas missionários/as, já que pelo batismo que recebemos, somos missionários e missionárias com Jesus. Ele que segue ensinando os seus, com a sua prática pedagógica libertadora, com o anúncio do Reino de Deus. Aliás, seguimos com o capitulo 11 de São Lucas. Jesus com a sua “Didaquê”, palavra grega que significa “ensino”, “doutrina” ou “instrução”. Este capítulo é um caso a parte. Nele estão contidos os principais ensinamentos de Jesus a seus discípulos: a Oração do Pai Nosso, a parábola do amigo importuno e a parábola do homem com a lâmpada, a expulsão de um demônio mudo, a acusação de que Jesus agia com o poder de Belzebu e o debate com os fariseus, culminando em ensinamentos sobre a sinceridade, a escuridão e a guarda do conhecimento. Ontem vimos, por exemplo, a acusação de que Jesus estava agindo a serviço de Belzebu, o príncipe do demônios. Lembrando que quem estava por detrás de toda aquela inquirição eram os fariseus, buscando alguma forma ou motivo para acusar e condenar Jesus.

Hoje, o texto é bastante curto, apenas dois versículos, em que uma mulher anônima do meio da multidão, diz algumas palavras a Jesus, enaltecendo o seu ser messiânico: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. (Lc 11,27) Aquela mulher simples do meio do povo, fazendo o uso da linguagem das “Bem-Aventuranças”, que tanto Jesus utilizou em várias partes das narrativas dos Evangelhos. Para que as entendamos bem, as “Bem-aventuranças” significa estado de felicidade plena. Esta terminologia ficou bastante conhecida, através dos ensinamentos de Jesus no “Sermão da Montanha”, onde Ele descreve as características daqueles e daquelas que são abençoados/as e a recompensa por possuírem tais qualidades de caráter. Essas qualidades incluem ser pobre de espírito, buscar a justiça, ter misericórdia, entre outras, que conduzem à felicidade verdadeira e ao Reino de Deus.

Maria é a maior de todas as Bem-Aventuranças da história da salvação humana: “bem-aventurada Aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,45) Entretanto, Jesus rebate a afirmação daquela mulher anônima, colocando em primeiro plano, aqueles e aquelas que são capazes de fazer de modo diferente diante da palavra: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. (Lc 1,28) Ou seja, acolher a palavra de Jesus, através da escuta atenta, é dom maior e que está acima do que o simples fato de ser mãe dele. Em outro momento Jesus também afirmara que: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”. (Lc 8,21) Ser “Bem-Aventurado” é ser um praticante da palavra, que corresponde em viver os ensinamentos das escrituras sagradas, não apenas a lê-las ou ouvi-las, mas assumir ações no dia a dia, com amor, perdão, serviço e fidelidade, para alcançar as transformações necessárias. Traduzindo isto em outras palavras, Jesus instaura novas relações entre as pessoas, que começam a existir quando colocamos em prática a palavra do Evangelho, dando assim continuidade à mesma missão d’Ele.