Às vezes puxo uma cadeira na sacada do apartamento e olho o mundo ao redor!
Meu mundo, na casa em que morei 53 anos ,era mais restrito: o muro alto impedia uma visão larga.
Mas a cada passante eu ouvia : ” bom dia, boa tarde,professor! Tudo bem”…
Às vezes sequer sabia quem me cumprimentava.
Mas eu me regozijava com o cumprimento.
Talvez o reconhecimento de uma vida dedicada à educação!
Aqui virei ” seu Antônio “!
Também sou tratado com carinho e, até, alguma deferência:
A idade,as cãs…
Aqui, do último andar, vejo mais longe…
Lá em baixo a estação do metrô…pra cima um grande hipermercado !
Do lado esquerdo, o paliteiro que virou o Tatuapé!
Pontualmente, às dezessete horas, o bando de maritacas vaza os ares…
Passam o dia no Parque do Tietê e vão dormir na Ortulandia…
Alguma, atrevida, pousa numa das palmeiras do Jardim do prédio.
Com certeza cata algum coquinho, depois parte!
Ali,em seguida ao prédio, o CAS,com muitas dores!
Vejo as de longe!
Não as sinto.
Ninguém as divide.
Buscam,literalmente, remédios que as aliviem!
Mas isso é outra história!
Agora vou à varanda, ver e ouvir as maritacas!
Boa tarde/noite gente amiga querida, dia melancólico, bom pra canja e merlot sem graça!
Que as bênçãos sejam abundantes e permanentes…