Segunda feira da Quinta Semana da Páscoa. Seguimos avançando rumo à Pentecostes. Jesus cuida de preparar os seus seguidores e seguidoras para o dia da chegada d’Ele, o Espírito Santo de Deus. O Espírito que é a memória de Jesus, fortalecendo os seus na caminhada, ajudando-os no discernimento, para não desviarem da rota. Espírito este que é chamado biblicamente por várias denominações, como “Paráclito”, “Consolador”, “Advogado”, “Espírito de Cristo”, “Espírito de Deus”, entre outros. Persona da Santíssima Trindade que nos leva ao bom caminho, na perspectiva do projeto libertador de Deus.

Cronologicamente, a Estação do Outono vai dando as suas coordenadas. Estamos no último dia da Lua Cheia, já que amanhã, às 08h58min, entraremos na Lua Minguante. O nome “outono” vem do latim e significa “amadurecer” ou “época de colheita”. O outono é considerado uma estação de transição que sucede o verão e antecede o inverno. Gradativamente, as árvores vão se desprendendo de sua folhagem, como forma de adaptarem-se ao frio mais intenso, interrompendo temporariamente o fornecimento de água e nutrientes para as folhas.

Mais uma segunda feira diferente para o meu ritmo quase sempre corrido. Depois de 10 dias de recolhimento, para recuperar-me da cirurgia de catarata, alguns outros dias mais, ainda serão necessários, para alcançar o êxito cirúrgico. Dada a claridade excessiva, ainda não estou enfrentando a tela do computador. De celular em punho, vou aqui driblando o malfadado corretor, tendo o cuidado de descansar, por vezes, a visão. Não vejo a hora de botar o pé na estrada! Os alunos universitários indígenas, é que estão sentindo a minha falta, no ofício de orientá-los no seu acompanhamento acadêmico.

Recolhimento que tem me ajudado a exercer, momentos de uma espiritualidade mais orante e circunspecta. Rezar o texto bíblico, a partir de uma hermenêutica do contexto de época em que o mesmo fora escrito, sem esquecer de pisar no chão batido da história, que estamos vivendo. Nestas horas, lembro-me sempre de meu bom professor de Cristologia, João Resende Costa: “texto fora do contexto, é mero pretexto para justificar as nossas intenções”.

Rezei escutando Jesus com seu “querigma”, ou seja, o anúncio ou proclamação da mensagem central da fé cristã. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”. (Jo 14,23) Na ótica cristã, quem ama, traz em si a presença transcendental de Deus. Experimentar seguir Jesus é sentir em nós a ação de Deus, revolucionando o nosso jeito de ser, agir e pensar, tendo como nosso maior aliado, a força descomunal do Espírito Santo de Deus. Esta é a garantia que Jesus está passando à seus seguidores e seguidoras no dia de hoje.

Não estamos sós e nem jogados à mercê da própria sorte, do cada um pra si. Fazemos parte de uma grande família, cujo Deus que muito nos ama, não está nas alturas e distante, mas através de seu Filho, Ele se faz um de nós, presente em nossa realidade, dando-nos a força que vem do Espírito. Portanto, não nos cabe ficar olhando para os céus, procurando Aquele que está no meio de nós; devemos sim, olharmos nos olhos daqueles com os quais convivemos, vendo neles a presença viva de Deus e construirmos no aqui agora o Reino de Deus. O grande achado do texto Joanino de hoje é saber que o Espírito nos ajudará a discernir os acontecimentos para continuarmos o processo de libertação, distinguindo o que é vida e o que é morte, e realizando novos atos de Jesus na história, já que discípulos e discípulas d’Ele, nós queremos ser.