Sexto Domingo da Páscoa. O tempo litúrgico pascal está caminhando para o seu fim. Domingo próximo, já é a Solenidade da Ascensão do Senhor. No seguinte, chegaremos a Pentecostes. Portanto, estamos a duas semanas, em que o calendário litúrgico católico fará a memória da Vinda do Espirito Santos sobre os Apóstolos, fechando assim o ciclo pascal. O Senhor está mais vivo do que nunca e está presente no meio de nós. A experiência de uma fé verdadeira e fiel, nos faz acreditar que a cada dia que vivemos, devemos ter esta certeza de que Ele é um conosco nas vicissitudes da vida: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18,20).
A Igreja Católica que esteve órfã tem o seu pastor, que segue tentando dar as suas coordenadas na condução de uma Igreja em Saída que queremos ser. Ainda é cedo para definir o seu pastoreio, embora desejarmos que o legado de Francisco continue com uma Igreja que esteja antenada à modernidade, mas também voltada para os descartados, sem se esquecer do Evangelho. A proposta de Jesus segue viva e precisa de pessoas que estejam dispostas a levar adiante as “Bem-Aventuranças”, inspirados nas palavras revolucionarias de Maria em seu Magnificat. Mais do que um defensor da “Sã Doutrina”, precisamos de um Papa a lá Francisco, que responda aos desafios através do dialogo, da empatia e da valorização dos pobres e marginalizados. Um Papa que se converta por primeiro à Ecologia Integral, para que continuemos na defesa e cuidado com a Casa Comum.
Lá fora, a Estação é do Outono. Aqui para nós, seguimos ainda no verão, com temperaturas acima da média para este período do ano. Apenas as árvores despindo de suas folhagens, aponta que estamos no Outono. Neste 145º dia do ano, temos a oportunidade de enaltecer a vida do trabalhador e da trabalhadora rural, com a sua suma importância para a vida de todos nós. É que nesta data, comemoramos o Dia do Trabalhador Rural. Uma data que procura homenagear a classe trabalhadora rural e a sua contribuição na alimentação de centenas de milhares de brasileiros, já que 70% do alimento que chega a nossa mesa advêm da agricultura familiar. Tal comemoração do Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural foi instituída pelo Decreto de Lei nº 4.338, de 1 de junho de 1964, sendo que em 1971 foi instituído o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, com a Lei Complementar nº 11. Estes profissionais trazem a força da terra em seu coração.
Nossa morada é o lar sagrado, aonde vamos construindo o nosso jeito de ser, pensar e agir diante do mundo. Onde nós pisamos cotidianamente, define quem somos, e quais valores trazemos em nossa personalidade. Pisar no chão da vida significa ter uma postura crítica pensante, frente aos desafios que o cotidiano nos reserva. Olhar o mundo sob a perspectiva de um esperançar sonhador, onde vamos construindo as nossas utopias, é o desafio maior para que possamos construir entre nós outro mundo possível, que esteja embasado na igualdade, fraternidade e justiça, possibilitando que todos e todas, possamos viver com dignidade e oportunidades iguais. Tarefa nem sempre fácil, sobretudo para aqueles que se escondem atrás de seus comodismos e indiferenças, características que não condizem com quem afirma ter fé no Deus de Jesus de Nazaré.
Buscar estar presente com Ele é a temática que a liturgia deste domingo nos traz, através do Evangelho de João: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”. (Jo 14,23) Garantir esta morada de Deus em nós é o desafio maior do ser cristão neste mundo, tão eivado de valores e contra valores diversos. Guardar a palavra não significa decorar na ponta da língua os versículos da Bíblia, mas procurar viver com intensidade cada vírgula que o texto bíblico nos apresenta como valor intrínseco à nossa vida. Com a Palavra de Deus, saberemos por onde andar, uma vez que ela é luz e verdade, para o nosso caminho clarear. Fazer morada em Deus e estar aberto para que Ele faça sua morada em nós, é aceitar caminhar pelo mesmo caminho de Jesus, pois Ele mesmo afirmara: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!. (Jo 14,6).
Jesus assegura que o caminho do amor e do dom da vida vai ao encontro do Pai. Para tanto, é preciso acreditar que também podemos fazer este mesmo caminho que Ele percorreu. Evidente que esta opção por seguir nesta direção, requer uma decisão firme e coerente, de quem aceita fazer da vida doação pelas causas do Reino. Estar em comunhão com Jesus é receber d’Ele a força para doar a vida a cada dia. Sem Jesus, este caminho se torna mais difícil, e corremos o risco de nos perdermos nas nossas divagações, uma vez que múltiplos caminhos aparecerão à nossa frente. Ter a presença de Deus em nós é fazer escolhas; não àquelas que satisfazem os nossos interesses egoístas individualistas, mas de saber pensar na coletividade de irmãos e irmãs que fazem conosco esta mesma caminhada. Neste sentido, a atitude de escuta da palavra é fundamental, para que assim possamos discernir o que Deus tem a nos dizer, sobretudo pelos sinais dos tempos.
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