Segunda feira da 32ª Semana do Tempo Comum. A cor litúrgica é branca, porque celebramos no dia de hoje, a Memória de São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja. Leão I, conhecido como São Leão Magno, foi o 45º Papa da Igreja Católica, de 29 de setembro de 440 até sua morte, 21 anos depois. O título “Magno” é concedido pela Igreja a alguns Papas e santos que demonstraram uma grandeza notável, principalmente em sua liderança, sabedoria e santidade. São Leão Magno, foi o primeiro a receber este título. “Magno” significa “o grande”, dado àqueles que se destacaram de maneira significativa para a história da Igreja. Seu Pontificado, um dos mais longevos, durou vinte e um anos. Sua morte ocorreu em 10 de novembro de 461. É considerado um dos maiores pontífices da história da Igreja, por ter inspirado o Concílio Ecumênico de Calcedônia (451 d.C.), famoso por definir a natureza de Cristo como tendo duas naturezas, humana e divina, unidas em uma única Pessoa.

Falando em história, estamos iniciando hoje, um marco histórico importante para a humanidade. Inicia-se hoje, em Belém (PA) a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. Evento que vai até o dia 21 de novembro, onde o Brasil vai reforçar o seu papel na agenda climática ao apresentar para o mundo, as qualidades naturais e de geração de energia renovável. Muitas lideranças mundiais estarão presentes neste evento. Pena que os maiores poluidores mundiais não se farão presentes, casos da China, EUA e Índia. Ao se referir a este evento, o Papa Leão XIV pediu que as lideranças mundiais abraçassem a “Conversão Ecológica”. A COP30 deve representar um novo pacto entre a humanidade e a natureza, senão não trará as consequências desejadas.

Converter é preciso! O Papa Francisco insistiu muito na necessidade de converter-nos para o cuidado da “Casa Comum”. Na sua concepção, a “conversão ecológica” é um chamado para uma mudança profunda de atitudes, que abrange tanto a nível pessoal quanto comunitário e global, visando este cuidado com a “Casa Comum”. Conversão esta que envolve essencialmente uma mudança de corações e mentes, deixando o consumismo e o egoísmo de lado para adotar um estilo de vida mais simples, sóbrio e sustentável, que reconhece a interconexão entre as crises social e ambiental para o bem de toda a humanidade. Conversão que acontece a partir dos pequenos gestos nossos, em relação ao outro e ao meio em que vivemos.

Um dos meus filósofos preferidos, falava a seu modo sobre a conversão. Assim dizia o alemão Immanuel Kant (1724-1804): “Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço”. Esforço que devemos fazer para converter-nos aos ensinamentos de Jesus, que temos a ocasião de acessar pelo texto do evangelista São Lucas, que a liturgia nos oportuniza refletir no dia de hoje. Jesus “ensinante”, através de suas sentenças, reunidas neste evangelho lucano. Ensinamentos estes que enfatizam o amor, a compaixão, o perdão, a entrega e o serviço ao próximo. Ensinamentos que não são meras divagações teóricas, mas Jesus fala a partir de sua prática e de sua pedagogia libertadora, a serviço dos pobres e marginalizados.

“Se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe”. (Lc 17,3) Não há limite para o perdão. Perdoar sempre, faz parte da pedagogia de Jesus. O texto cita o número sete como se este fosse um paradigma para o limite do perdão: “até sete vezes?” o número “sete está associado a perfeição, a totalidade como promessa de plenitude. O que Jesus quis manifestar através deste seu ensinamento é que não há limite para o ato de perdoar, desde que aquele que errou, tenha a humildade suficiente para reconhecer o seu erro e voltar atrás, pedindo o seu perdão. Deus perdoa sempre! Está sempre pronto a exercer o seu perdão. Perdoar é um ato/gesto de amor profundo, de quem se abre à infinitude de Deus, já que somos a sua imagem e semelhança como foi descrito na criação: “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo a nossa semelhança”. (Gn 1,26).

Lucas é o evangelista que reúne no capitulo 17 os ensinamentos em forma de sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar, gratuita e desinteressadamente à serviço de Deus, na pessoa dos irmãos, sobretudo dos que sofrem. São atitudes fundamentais e essenciais, para a vida do discipulado. Isto se faz pela força e poder da fé, que vai nos estruturando no caminho do seguimento de Jesus de Nazaré. Fé que nos transforma, desde que abracemos as causas d’Ele e, com Ele vamos caminhando. Pelo menos é assim que Ele nos confidencia: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: Arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria”. (Lc 17, 6) A fé é a força que nos impulsiona a seguir em frente, mesmo diante das dificuldades, e sem enxergar o amanhã que virá, mas virá! Como sabiamente disse Santo Agostinho (354 d. C.-430 d.C.): “Ter fé é acreditar naquilo que você não vê; a recompensa por essa fé é ver aquilo em que você acredita”.