Foto de Gisele B. Alfaia
Foto de Gisele B. Alfaia

“Pois onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração”

Mateus 6:21:

É impactante esta afirmação, que vem da boca de Jesus enquanto peregrino dos caminhos de terra e de navegação nos lagos da Galileia. Fato que impacta cada um de nós que amamos a CRIAÇÃO.

Era uma tarde na qual soprava o vento vindo da pequena floresta remanescente, integrada a grande área onde se situa a ILPI da Fundação Municipal do Idoso de Manaus. O vento trazia folhas miúdas e fazia sacos de plástico rolarem sobre o asfalto.
Diante da crítica que eu fazia do descarte desses sacos rastejantes pelo chão, aparece perto dos meus olhos, entrando na minha varanda, uma plumagem carregando uma pequeníssima semente, quase invisivel, porém cheia de magia e de potência indescritível aos moradores das cidades de pedra.
Cuidadosamente, segurei entre os dedos, beijei a plumagem, soltei-a na corrente de ar, após ter arrancado a sementinha para realizar um sonho que tive, em certa vez, nas beiradas de um rio, num estirão em linha reta entre curvas e remansos. Os ribeirinhos chamavam aquele lugar de Estirão da Santa Cruz.
Aqui está o segredo do meu sonho que ia se realizar e aquecer meu coração como se estivesse encontrando e cultivando um tesouro. Naquele estirão, bem antes da longínqua curva do rio que contemplava, estava plantada e crescida uma samaumeira gigante, com dois braços (galhos) estendidos, formando uma cruz.
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A visão que eu tinha e sentia era como um abraço acolhedor e redentor que recebia, à medida em que me aproximava dela. Passaram-se os anos, e nunca se afastara de mim aquela imagem do Estirão da Santa Cruz. Mas, eis que agora, diante de mim, a semente que acolhia na minha varanda, plantada e regada, crescia mimosamente aos meus olhos e os de minha netinha Lívia. Ela, encantada, contava as folhas novas e fazia silêncio. Eu via seus olhos de encantamento e admiração. Fiquei pensando que a mesma sensação tivera quando me senti atraído e abraçado pela Samaumeira do Estirão da Santa Cruz.

A partir deste dia, a espécie nativa passou a representar o cuidado com o verde das florestas quando longe das políticas de devastação. Para quem não sabe, “a samaumeira é uma árvore encontrada na Amazônia, sendo também conhecida como ‘rainha das matas’ e ‘árvore da vida’, designação mais do que justa à grandeza de uma das plantas simbólicas da região amazônica. Ela pode atingir até 60 metros de altura e três metros de diâmetro de caule.”
Assim sendo, o coracão da floresta bate forte e é cantada no folclore de Parintins, Am, na batida dos pés dançantes dos pajés e das faceiras cunhã-porangas. A floresta é tesouro para se cuidar e venerar. Caminho e Vida, sinal verde por onde se dará a passagem do tempo para a admiração das gerações futuras.
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O Reino de Deus, em Marcos 4:30-32, descreve como uma pequena semente que, quando semeada, cresce e se torna uma árvore grande, onde as aves do céu podem fazer ninhos. Essa imagem nos mostra que o Reino de Deus, mesmo começando pequeno em nossas vidas, tem o potencial de crescer e se expandir, alcançando muitas pessoas, PORQUE COPIOSA É A REDENÇÃO, tal como nos inspiramos como redentoristas de Santo Afonso de Liguori. 
À sombra das samaumeiras e dos seus galhos viçosos, penduraremos nossos tambores e flautas, se nossa floresta for queimada!
 

Porém, cantaremos com o ruído das águas, o farfalhar das folhagens e os cantos dos passarinhos, se a natureza e a humanidade professarem: SOMOS TODOS IRMÃOS (outubro de 2020) NESSA CASA COMUM (junho de 2015) E NA NOSSA QUERIDA AMAZÔNIA (fevereiro de 2020, (Papa Francisco).

Nelson Peixoto, 1º de Agosto de 2025.