Sábado da 28ª Semana do Tempo Comum. Um sábado de festa para a comunidade católica. Celebramos no dia de hoje a Festa de São Lucas, Evangelista. Para esta liturgia, se utiliza a cor vermelha, porque ela simboliza o martírio e o sangue derramado por Jesus e pelos santos. Recordando que o vermelho também representa o fogo do Espírito Santo, sendo utilizado em Pentecostes e para celebrar mártires, apóstolos e evangelistas. São Lucas Evangelista, que, segundo a tradição, nasceu em Antioquia, filho de uma família pagã, era médico de profissão. Convertido à fé de Jesus, foi o fiel companheiro do apóstolo Paulo até a confissão (martírio) deste.
Lucas é considerado o “Evangelista da Misericórdia”. Sua característica como evangelista é bastante original nos seus escritos. Ao longo de seu texto, ele nos traz seis milagres e dezoito parábolas, que não encontramos nos demais Evangelhos. Uma de suas características também importantes, é que ele dedica uma atenção especial e particular aos pobres e às vítimas das injustiças, aos pecadores arrependidos, acolhidos pelo perdão e a misericórdia de Deus. Tinha uma relação particular com Maria. É por meio dele que podemos perceber que Maria lhe fez revelações importantes tais como a Anunciação, a Visita a Isabel e do Magnificat. É também pelo intermédio deste evangelista que sabemos os particulares da Apresentação de Jesus ao Templo e a angústia de seus pais, Maria e José, por não poder encontrar seu filho de doze anos no Templo. Possivelmente, graças a esta sua sensibilidade narrativa e descritiva, que nasce a tradição de ser o primeiro iconógrafo, aquela pessoa que se dedica à arte de produzir ou estudar ícones, imagens, ilustrações ou representações visuais.
Um sábado que me fez recordar dos meus primeiros anos de estudos, quando ingressei na escola para aprender as primeiras letras. Na semana que vai se encerrando, e que tivemos a oportunidade de comemorar o “Dia do Professor, da Professora”, hoje voltei ao passado, e recordei daquela que me iniciou na arte de ler, colocando em minhas mãos o primeiro livro que li: “As Primaveras”. Obra de poesia, escrita por Casimiro de Abreu e publicada originalmente em 7 de setembro de 1859. Lembrei-me deste poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta brasileiro, identificado com a segunda geração do romantismo no Brasil, porque foi no dia 18 de outubro de 1860, que este poeta mais popular do Brasil, partiu do meio de nós, realizando a sua páscoa. “A primavera é a estação dos risos”, me recordo, com saudades, desta frase escrita numa das páginas deste seu livro.
Mas voltemos a São Lucas, o Evangelista específico deste Período Litúrgico do Ano C. Nunca é demais lembrar, que o Ano C é reservado para o Evangelho de São Lucas, porque este tem como temas centrais a misericórdia de Deus, a salvação universal e o cuidado com os marginalizados, como a parábola do Pai Amoroso, que costumamos chamar de Filho Pródigo. Neste sábado, somos desafiados a refletir com os pés fincados no chão da nossa história, com o capitulo 10 do Evangelista do dia. Neste escrito de hoje vamos ver Jesus escolhendo setenta e dois discípulos, e os enviando dois a dois em missão. Porque setenta e dois? Dentro do contexto bíblico, o número 70 ou 72 era o número tradicional que representava as nações pagãs que existiam sobre a terra, conforme a narrativa do livro do Gênesis. Também este número lembrava os assessores de Moisés conforme o livro dos Números (Cf. Nm 11,16-30). Todavia, no texto lucano de hoje, podemos perceber que Jesus estava enviando missionários a todas as nações pagãs do mundo da época.
Para esta missão é necessário que os enviados estejam livres e desapagados, para darem continuidade à mesma missão de Jesus. Na missão não cabe o medo. Os discípulos sendo organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos de libertação que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lc 10,2) Há uma grande necessidade de levar adiante a mensagem do Evangelho. A messe do Senhor precisa de muitos trabalhadores. Como o seu Mestre e Senhor, os discípulos devem ir, em missão, como continuadores da missão de Jesus.
Todos e todas fazemos parte desta missão, como enviados por Jesus. Fazemos parte destes 72 enviados por Jesus, já que o significado mais importante dele, é a universalidade da sua missão à todas as nações. “Ide por todo o mundo, anunciai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16,15; Mt 28,19). Ordem dada por Jesus aos discípulos e a nós, como um mandato missionário. Esta missão se constitui como uma prática da Palavra que devemos ter em nossas vidas no dia a dia, e não decorar os versículos bíblicos e sair por aí vomitando-os, como demonstração de que conhecemos o texto bíblico. A Boa Nova da Palavra se concretiza no Reino de Deus que somos chamados a construir entre nós, com relações mais humanas, fraternas, visando à edificação de uma nova sociedade justa, onde a igualdade seja o princípio básico desta nossa irmandade de filhos e filhas de Deus que somos.


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