Sábado da Décima Quarta Semana do Tempo Comum. Lembrando que o Tempo Comum na liturgia da Igreja Católica é aquele período que abrange a maior parte do ano litúrgico. Está dividido em duas partes: a primeira parte começa após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira antes da Quaresma; a segunda parte inicia após a Festa de Pentecostes e termina antes do Advento. Apesar da denominação “comum”, este período litúrgico não é momento de descanso ou falta de importância. Ele é um tempo para celebrar a vida pública de Jesus, suas ações libertadoras e ensinamentos, ajudando a manter-nos firmes na fé, no cotidiano de nossas vidas. É um tempo para refletir sobre a vida cristã e buscar o seguimento de Jesus de forma coerente na fidelidade das nossas ações. Tanto que a cor litúrgica do Tempo Comum é o verde, que simboliza a esperança e o crescimento na fé.

12 de julho. Uma data importante para a escola publica. No dia de hoje nascia em Caetité, na Bahia, o “Patrono da Escola Pública”: Anísio Teixeira (1900-1971). Anísio Spínola Teixeira, jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro, foi um dos criadores da escola pública no Brasil e defensor da democratização do ensino e da transformação social por meio da educação. Em sua ação militante, sempre defendeu a criação de uma rede de ensino que atendesse a todos e todas, desde os primeiros anos nas escolas até a formação universitária. O que seria da educação pública brasileira sem este grande educador? Trazia consigo este lema muito significativo: “Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”.

Meu sábado começou com um destino que dou a minha vida, ao menos uma vez na semana: rezar na companhia de Pedro. Estando ali diante de seu túmulo, sinto passar um filme em minha memória. Já me perguntaram algumas vezes, se eu não me canso de estar ali, ao que respondo: a energia que emana daquele lugar, revigora a minha esperança de lutar pelas causas da vida. Chego sempre com as minhas angústias, diante de um mundo revirado, e saio reconstruído e disposto a continuar remando contra a maré. Particularmente hoje, revisei na memória, um de seus poemas que tento declinar no meu dia a dia: “Nunca te canses do Reino. Nunca te canses de falar do Reino. Nunca te canses de fazer o Reino. Nunca te canses de “semear” o Reino. Nunca te canses de esperar o Reino”. Como sempre faço, pedi a intercessão de Pedro, por todos aqueles e aquelas que lutam por um mundo mais justo, fraterno e igual para todos.

Depois de alguns instantes ali bebendo da mística dos mártires da caminhada, fiz o meu retorno para casa, já com o sol mostrando a sua cara. Todavia, fiquei deverasmente entristecido com a cena que avistei pelo cais da cidade. Uma centena de pessoas voltando da noite na praia, completamente alcoolizadas. O que mais entristecia o meu olhar, é que aquele público era composto de meninos e meninas ainda muito jovens. Meninas seminuas, abraçadas com jovens pronunciando palavras desconexas. Fiquei comigo pensando: tudo bem que estejam se divertindo, mas tem mesmo a necessidade deste alto consumo de bebidas alcoólicas e dos seus derivados? Na nossa juventude, éramos diferentes: acreditávamos em todas as utopias possíveis e éramos movidos pelos nossos sonhos de outro mundo possível. Talvez o saudosismo tenha sobressaído nesta minha análise.

Talvez nos falte à coragem de ser diferentes e sonhar novos sonhos de realidade. Coragem que precisa ser escrita no livro de nossas vidas, como aparece no texto litúrgico deste sábado. Jesus encorajando os seus discípulos, para que eles possam dar testemunho da verdade, diante de uma sociedade que tem se especializado em produzir a ante vida: “Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido”. (MT 10,26) Coragem! Não tenhais medo! Segundo os estudiosos, a palavra “coragem”, aparece ao menos 82 vezes na Bíblia, sempre em contextos que envolvem uma ordem ou incentivo de Deus. Sem contar que a expressão “sede fortes e corajosos” é repetida 366 vezes, sempre oferecendo encorajamento e força para enfrentarmos desafios que estão escritos em nossa história de vida.

Não tenhais medo! Os discípulos e nós, não devemos ter medo, porque a missão de seguir os passos de Jesus se baseia na verdade, que põe a descoberto, toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Eles podem até matar o corpo dos discípulos, dos seguidores e seguidoras de Jesus (Irmã Dorothy, Josimo, Exequiel Ramin, Adelaide, Santo Dias), mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discipulado está na promessa; quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus: “todo aquele e aquela que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele e dela diante do meu Pai que está nos céus”. (Mt 10,32)