Foto de Gisele B. Alfaia

Foto de Gisele B. Alfaia

FELIZ DIA DOS PAIS!!!

A pessoa que passo a escrever sobre suas aventuras e culinárias têm uma relação estreita com uma espécie de orquídea classificada no gênero da Cattleya. Eu completo o sobrenome com destaque aos significados variados em culturas diferentes. Eu concordo que, preferencialmente, ela é conhecida como a “Rainha das Orquídeas”, associada à beleza, ao amor e à alegria de viver, a  pureza de sentimentos e a fraternidade nos serviços que presta atualmente.

 

Pois bem, essa pessoa de zelosa índole viveu, casou, trabalhou e começou a criar seus filhos pelas bandas amazônicas do município de Tapauá. Por lá, floresceu, viveu intensamente, sofreu, mas saboreou comidas da cultura local, no tempo em que a agricultura familiar era sem agrotóxicos, sobretudo nas plantações de feijão.

 

A semente da melancia das praias já foi sequestrada e foi imposta uma outra que depende da compra da semente modificada. A nossa semente tradicional não existe mais. Que não ocorra a mesma tragédia com as sementes de feijão de praia!

 
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Você sabia que um dos significados do nome  “tapauá” é “palmeira” de coquinhos. Agora posso escrever sobre duas alimentações criativas e, talvez, para muitos de nós, exóticas, mas que fazem parte de sua jovialidade interiorana, antes de vir a Manaus e trabalhar numa empresa de serviços condominiais.

 

Encontro-a todos os dias sempre ocupada, animada e sorridente, junto com sua colega, a fazer habitável e prazeroso o seu campo de trabalho, limpando e embelezando com sua simpatia, cordialidade e sabedoria. Falou-me das nutritivas e saudáveis comidas que a tornaram forte e disposta ao trabalho e às novas amizades.

 

Das iguarias inesquecíveis, destacou o gongo ou tapuru das palmeiras, encontrado nos coquinhos. Nada mais gostoso do que esta larva de vagalume, de alto teor de proteínas e de inestimável procura entre seus apreciadores. Mas também relatou-me da mais popular e sadia comida que lembra o acarajé da Bahia, embora este seja frito. Passou-me este prato para meu livro de receitas.

 
Sabor e saber nativo de Tapauá, AM

Sabor e saber nativo de Tapauá, AM

Acontece que, na temporada de seca do rio Tapauá, Am, joga-se semente de “feijão de praia” nas areias após a vazante e espera-se uns 70 dias. Os ribeirinhos não perdem tempo e nem passam fome. Apreciam cozinhar um bocado deste feijão com apenas água e sal. Depois amassam as quantidades nos pratos e moldam pequenos montes, temperados com azeite ou gordura de porco. Muitos de nós conhecemos este modo de comer em bolinhos, que nesse caso é de comer à “capitão”.

 

No fim da conversa , ela contou-me algo surpreendente em sua vida:

 
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“Minha história foi sempre desafiada por mil fatos tristes, pois, para conservar o sorriso, a alegria e chegar aonde e como estou hoje, superei perdas, frustrações e sofrimentos ferozes, inclusive fome com meus filhos, quando cheguei a Manaus.

 

Nunca esqueci que Deus me pediu e deu forças para ter alegria estampada no rosto e viver fielmente de forma inteligente e com respeito por onde trabalhei. Sinto muita gratidão eterna.”

 

TUDO MUDOU COM FÉ, ESPERANÇA E AMOR !

 

Nelson Peixoto, em 10 de agosto de 2025.