Quarta feira da Vigésima Terceira Semana do Tempo Comum. A primeira dezena de setembro acontecendo em nosso calendário gregoriano, apontando numa direção muito importante para a nossa reflexão e tomada de decisões. A nossa sociedade civil, traz presente para nós, nesta data de hoje, “O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”, comemorado todos os anos no dia 10 de setembro. Essa data tem objetivo de reforçar a importância do cuidado com a saúde mental e da prevenção ao suicídio. Saúde mental é coisa séria e não “frescura”, como alguns chegam a pensar. A data foi organizada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP), contando com o apoio direto da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Se precisar, peça ajuda!” Este é o lema para este ano do Setembro Amarelo, deste ano de 2025.

É dever de todos nós, atuar ativamente na sensibilização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. Ao falar deste assunto tão importante, devemos ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis e de crise, e busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha. A vida é o nosso bem maior! Todos queremos viver, na intensidade como Deus nos Criou! Quando alguém atenta contra a própria vida significa que esta pessoa está precisando de ajuda. É o sofrimento emocional impondo sobre estas pessoas uma atitude drástica de por fim a vida que a pessoa tanto ama viver. A confiança em si mesmo é o primeiro passo que a pessoa dá, no sentido de buscar as suas realizações pessoais. O equilíbrio vem quando não permitimos que os nossos medos, tomem decisões no nosso lugar.

Como recebi a visita de um amigo querido, que há muito não via, este quis que rezássemos no túmulo do profeta nesta manhã. Acordamos primeiro que o Sol, e lá nos fizemos presentes. Na simplicidade daquele lugar, apropriei de uma das orações de Davi para manifestar o nosso momento orante diante dos restos mortais de nosso bispo Pedro: “Eu clamo a ti, ó Deus, pois tu me respondes; inclina para mim os teus ouvidos e ouve a minha oração”. (Sl 17,6) Nestes dias de adversidades, é sempre bom expressar a nossa confiança em Deus, pedindo que Ele ouça o nosso clamor, e nos faça mais fortes diante dos desafios que a vida nos impõe. A vida é feita de desafios, e a nossa missão de cada dia, é superá-los de cabeça erguida, mas sabendo que podemos contar com o nosso Deus Criador, que em Jesus fez nascer a esperança sobre nós.

Jesus, que no dia de hoje, faz revelações cheias de esperança para a comunidade dos pobres. O Evangelho de Lucas, escolhido pela liturgia para o dia de hoje, nos traz as “Bem-Aventuranças”. As bem-aventuranças são ensinamentos de Jesus que mostram como viver de forma verdadeira, em sintonia com os valores de Deus, buscando justiça, amor e humildade em todas as situações da vida. Em vez de buscarmos a felicidade nas “coisas do mundo”, as Bem-Aventuranças nos convidam a vivermos com propósito, confiando em Deus e construindo um relacionamento com Ele que leva à verdadeira alegria, felicidade e paz. Na verdade, as Bem-Aventuranças ensinam um caminho para a felicidade e a plenitude que difere dos valores presentes neste mundo, focando na humildade, na dependência de Deus, na misericórdia, na compaixão, na partilha e na busca pela justiça de uma vida igual para todos.

Enquanto Mateus apresenta oito Bem-Aventuranças em seu Evangelho (Mt 5,3-10), Lucas fala apenas de quatro (Lc 6,20-26). Lucas resume em quatro as declarações de felicidade (“Bem-aventurados vós…”) que se referem aos pobres, aos que têm fome, aos que choram e aos que são perseguidos, contrastando com os quatro “ais” (“Ai de vós…”) dirigidos aos ricos, aos fartos, aos que riem e aos que são elogiados por todos. Enquanto Mateus se identifica com o pensamento judaico da época, as Bem-Aventuranças lucanas identificam a humanidade com os pobres. Lucas, sendo fiel no relato de Jesus, mostra que antes de proclamar estas Bem-Aventuranças, Jesus vive intensamente cada uma delas, sendo o “Bem-Aventurado”, personificando em si tais atitudes. Ele é o pobre, que se comoveu diante da dor e misérias humanas, que expressa uma fome e sede de justiça, plenitude e humanização, que é incompreendido e perseguido por causa dos seus sonhos do Reino.

Jesus faz nascer a esperança na vida dos que buscam fome e sede de justiça! Não é à toa que os pobres, doentes, rejeitados, excluídos e marginalizados vão atrás dele. No texto de hoje, vemos que o povão vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma vida melhor, uma sociedade nova, libertada da alienação, da desigualdade e dos males que afligem as pessoas. Uma sociedade nova em que a justiça é a força na medida certa, e a igualdade e fraternidade, renascem de novas relações humanizadas. Sendo assim, as Bem-Aventuranças prenunciam e proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus tronos e privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico opressor, para libertá-lo da riqueza que gera a pobreza.