Quinta feira da Sétima Semana da Páscoa. Junho caminhando para completar a sua primeira semana em tom de outono. Como se trata de uma estação de transição entre o verão e o inverno, vamos perdendo gradativamente a luz solar diária, como uma das principais características desta estação. Como podemos perceber, no outono, aos poucos, os dias vão ficando cada vez mais curtos em relação às noites, até a chegada do inverno. Em decorrência da queda da temperatura e, consequentemente a diminuição da umidade do ar, ocorre também a queda das folhagens das árvores, como forma de adaptação à baixa incidência de luz e à mudança no clima, como posso perceber aqui no meu quintal, com as folhas se espalhando pelo chão. A natureza, sábia que é, tem mecanismos próprios para enfrentar os mistérios do universo.
Nós humanos é que não sabemos ainda como lidar de forma respeitosa com a Mãe Natureza. Em razão disto, estamos comemorando nesta data o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Esse dia foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, e tem como principal objetivo chamar a atenção de toda a humanidade, sensibilizando-a para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados inesgotáveis. Dentre os problemas que afetam o meio ambiente, destaca-se o descarte inadequado de lixo, consumo exagerado de recursos naturais, desmatamento, queimadas, uso de combustíveis fósseis, desperdício de água e esgotamento do solo. O tema escolhido para este ano, trata-se da “poluição plástica”, que já atinge níveis alarmantes: cerca de 11 milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente nos ecossistemas aquáticos do mundo.
Cuidar da Casa Comum é cuidar da vida do Planeta e da vida de todos nós! Se não há vida no Planeta, não há vida para ninguém, já que estamos todos interligados! No dia em comemoramos esta importante data, lembramo-nos de um personagem ilustre da economia mundial. No dia de hoje, nascia no Reino Unido o filósofo e economista escocês Adam Smith (1723-1790). Considerado o “pai da economia moderna, viveu enfrentando os desafios do século das luzes (XVIII). Orientou o pensamento de muitos economistas, através de sua ideia revolucionaria acerca da economia. É dele uma das frases que mostra este seu pensamento, apontando a desigualdade decorrente da concentração: “Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de muitos”.
Jesus também se preocupou com as injustiças e contradições da sociedade em que viveu, se contrapondo a forma como a tradição judaica, usava da religião para manter o sistema de opressão e desigualdade naquela sociedade. Tanto que orientou os seus discípulos a fugirem e não trafegarem por aquele caminho percorrido pelos fariseus: “Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam”. (Mt 23,3) Uma crítica feroz feita por Jesus aos intelectuais e aos líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Para os seus seguidores e seguidoras não dever ser esta a atitude, já que todos são irmãos e irmãs, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir. “Quando a injustiça se torna a lei, a resistência passa a ser um dever”, afirmou acertadamente Thomas Jefferson (1743-1826)
A liturgia desta quinta feira nos coloca num contexto em que Jesus está fazendo a sua oração em forma de despedida. “Pai santo, eu não te rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela sua palavra”. (Jo 17,20) Jesus pensando não somente em seus discípulos, mas em todos aqueles e aquelas que iriam conhecer e viver a palavra, através do testemunho fiel de seus discípulos e discípulas. O tom é de despedida, mas é também de encorajamento e motivação, para que os seus, levem adiante a proposta do Reino. Desta forma o evangelista São João vai assim concluindo o “Discurso de Despedida” de Jesus, apontando para a direção de Pentecostes, quando então o Espirito virá e consolidará a missão dos discípulos e também a nossa missão de sermos continuadores da Boa Nova do Reino.
É preciso que fique claro para nós que não estamos sozinhos nesta tarefa de testemunhar o Ressuscitado. De mãos dadas com os irmãos e irmãs da caminhada, vamos desbravando as contradições e injustiças de nossa sociedade. Não repetir nos dias de hoje o mesmo esquema das autoridades religiosas do tempo de Jesus, já é o nosso maior desafio. Para tanto, precisamos ser estas testemunhas fiéis, anunciando e construindo o Reino no aqui e agora de nossa história. Não basta dizer que temos fé em Jesus, mas é necessário conhecê-lo a fundo, através da sua palavra: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o tornarei conhecido ainda mais, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles”. (Jo 17,26) Na unidade com esta amorosidade de Deus, nos tornaremos sacramentos vivos desta presença atuante de Jesus, lembrando continuamente o próprio Jesus, que é o dom que o Pai concedeu a todos nós. Recordando ainda do filósofo economista: “A ambição universal do homem é colher o que nunca plantou”. (Adam Smith)
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